terça-feira, 2 de novembro de 2021

A Morte é um dia que vale a pena viver - Filipenses 1.21


Desde que foi decretado a Pandemia em 11 de março de 2020 um fato muito comum passou a ser vivido pela maioria das pessoas de forma mais intensa –
A MORTE. Como lidar com ela, como superar a dor de uma perda diante de algo que para muitos ainda é desconhecido?  
Neste dia muitos vão aos cemitérios para prestar suas homenagens aqueles que partiram, e depois de um período como esse, o número deverá ser ainda maior.  Mesmo para aqueles que tem esperança diante do inevitável, a morte ainda é algo difícil para se lidar.

 Ana Claudia Quintana Arantes, formada em medicina, sócia-fundadora e vice-presidente da Associação Casa do Cuidar, Prática e Ensino em Cuidados Paliativos e ministra aulas nos cursos de formação multiprofissional e em Congressos Brasileiros. Autora de um dos livros mais recomendados na atualidade “A Morte é um dia que vale a pena viver”, participou da conferência internacional TEDx, em que falou sobre os desafios de aliviar a dor e o sofrimento de doentes e familiares diante do inevitável.

Para ela é preciso desejar ver a vida de outra forma, seguir outro caminho, pois a vida é breve e precisa de valor, sentido e significado. E a morte é um excelente motivo para buscar um novo olhar para a vida, na verdade a morte é uma ponte para a vida. Bem, neste sentido o autor de Eclesiastes tinha razão quando disse: “Melhor é ir à casa onde há luto, pois ali se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração.”

Na Bíblia, na Carta de Paulo aos Filipenses, esse apóstolo diante da expectativa de sua morte, expressa o fato de que o significado de sua vida estava em Cristo e na mensagem que ele proclamava (Fp 1.18,20). Mas, como pode alguém dizer que na morte existe algum benefício?

Se olharmos apenas para o momento da partida não iremos desfrutar a chegada. Para o apóstolo, a morte era apenas o início de uma vida que não teria mais fim. Há um desejo no coração humano de perpetuar a vida, de encontrar sentido para a sua existência – este sentido, essa razão só podem ser encontrados em Cristo. A eternidade é o resultado final para aqueles que tem sua esperança firmada em Cristo. Apesar da sua convicção de saber para onde iria depois de sua morte, o apóstolo tinha o desejo de ficar, mas não porque tinha algo a mais para conquistar nessa vida, ou pelo medo do que viria do outro lado. Porém, o desejo de viver não por si mesmo, mas por aqueles aos que, vivendo, pode continuar ajudando e servindo (Fp 1.24). Parte da grandeza espiritual é conhecer a Cristo intima e pessoalmente para estar com ele. Mas grandeza espiritual também inclui ser totalmente comprometido com o avanço do Reino e servir a Cristo na terra.

A morte para os que estão em Cristo é lucro (Fp 1.21). No entanto, ainda temos um trabalho a fazer aqui (Fp 1.22). Estamos no mundo como embaixadores de Deus, como ministros da reconciliação, como cooperadores de Deus. Andar com Deus e fazer a Sua obra é a razão de ainda continuarmos neste mundo. O verdadeiro cristão sabe que na vida, Cristo está com ele; na morte, ele está com Cristo. Na vida, ele realiza a obra de Cristo; na morte, Deus finaliza sua obra em Cristo (Fp 1.6).

A esperança do crente é estar com Cristo por toda a eternidade, e partir para estar com Ele é onde começa nossa experiência de ser glorificado. Ao partirmos não andaremos mais pela fé, mas pela visão. Passaremos a conhecer Deus, assim como nós somos conhecidos dEle (1Co 13.12). Todos nós esperamos chegar ao fim de nossa vida e ter encontrado significado em tudo que fizemos, ou pelo menos ter o prazer de olhar e ver que deixamos um legado, uma marca neste mundo. Porém, nenhum de nós está realmente preparado para este momento, sempre vai faltar alguma coisa, sempre vai ter alguma pendência que deixamos. Se continuarmos a olhar para a morte apenas como o fim da vida, sempre existirá a expectativa de algo que ficou faltando fazer. Mas, se compreendermos que a morte não é o fim, mas o início de uma nova vida, então, saberemos lidar melhor com ela quando chegar.

Saber chegar ao fim da vida e ter vivido uma vida feliz, e felicidade aqui, não tem a ver com ter tido uma boa vida, mas em saber que você viveu para o propósito pelo qual Deus te criou. Muitos pensam que felicidade envolve apenas alegria e prazer, mas a verdade é que o estado pleno de felicidade é alcançado quando mesmo nas situações mais difíceis da vida, os momentos tensos que passamos, as dores que enfrentamos, as cicatrizes que carregamos, nos fizeram mais fortes. Mas, não porque há força em nós, mas sim, porque entendemos que a nossa força vem de Deus, a razão da nossa existência encontra-se nEle, o propósito pelo qual fomos criados está nEle (Rm 11.33).