segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O Evangelho e a chegada do Novo Reino (Rm 6.1-14)


Sendo o chamado ao arrependimento e a fé a necessidade absoluta quando proclamamos o evangelho, é preciso compreender a natureza da nova vida que é concedida em Cristo fruto de uma genuína conversão. São características que devem estar presentes e que precisam continuar crescendo e sendo aprofundadas durante a nova vida do convertido. Não há dúvida de que ser um discípulo de Jesus tem um alto custo.  Veja Lc 14.25-33:
Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.” (v. 26) 
Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.” (v. 27)
“Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.” (v.33)
Mas, também é verdade que existem muitos benefícios de ser um discípulo de Jesus tais como: perdão dos pecados, ser adotado na família de Deus, ter um novo relacionamento com Deus, desfrutar da presença do Espírito Santo, ser livre da escravidão do pecado, ter comunhão com a igreja – o Corpo de Cristo, participar da ressurreição de Cristo e ter um corpo glorificado livre da presença do pecado, passar a eternidade na presença de Deus. O evangelho não assegura apenas estar livre do julgamento da ira de Deus, mas sim, ter um relacionamento com o Senhor e desfrutar de sua presença constante em nossa vida. A vida cristã é ganhar o que não podemos perder, ou seja, tornar-se um cidadão do reino eterno de Deus. No momento em que você entrega sua vida a Cristo, ela muda para sempre. Mesmo que aparentemente tudo pareça como antes, ainda assim, a verdade é que Ele nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado...” (Cl 1.13).
O significado do Reino de Deus
O Reino de Deus é um tema importante no Novo Testamento. Jesus iniciou seu ministério anunciando a chegada do reino: “... e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus.” (Mc 1.15ª). Veja como é descrito o ministério de Paulo: E morou dois anos inteiros na casa que alugara, e recebia a todos os que o visitavam,  pregando o reino de Deus e ensinando as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade, sem impedimento algum” (At 28.30.31). O livro de apocalipse mostra os céus glorificando a chegada do Reino de Deus: Então, ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e o poder, e o reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo...” (Ap 12.10ª). Mas, o que é exatamente o Reino de Deus, onde ele se encontra, é algo para ser desfrutado aqui agora ou somente para o futuro? Não estamos todos debaixo do governo de Deus, então porque ainda haverá o estabelecimento de seu reinado? Para responder estas perguntas precisamos observar algumas coisas que a Bíblia nos ensina sobre o Reino de Deus:
  • O Reino Redentor: quando pensamos num reino, pensamos em uma área específica de terra que tem um conjunto de leis e limites bem definidos. Nesta perspectiva o reino é definido pela sua posição geográfica. Porém, quando a Bíblia fala de Reino, ele é mais bem entendido como um reinado – o Reino de Deus é, portanto, o governo, o domínio e a autoridade de Deus.

“O teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura por todas as gerações.” (Sl 145.13)
O Reino de Deus não é somente governo, autoridade e domínio. Ele é um governo redentor, estabelecido por uma autoridade soberana exercida sobre o domínio de um Deus amoroso. Ninguém escapa do domínio e da autoridade estabelecida por Deus. Mas, quando usa a expressão Reino de Deus, a Bíblia se refere de modo bem específico ao governo de Deus sobre o seu povo, sobre os que foram salvos pela fé em Cristo Jesus. Assim, podemos dizer que o reino de Deus é o governo, a autoridade e o domínio redentor de Deus sobre aqueles que ele redimiu em Jesus.
  • A chegada do reino: o reino de Deus está aqui (Lc 17.21). Os judeus estavam esperando o dia em que o governo de Deus seria estabelecido na terra e seu povo seria, finalmente, libertado do governo e domínio terreno de outros povos. Jesus chega anunciando que o reino chegou, ele estava ali entre eles. Sendo Jesus o rei prometido que viria a assumir o trono de Davi e reinar para sempre sobre a Casa de Deus, ele declarou que o reino de Deus tinha sido inaugurado nEle. A encarnação de Jesus era mais do que apenas uma visita do Criador aterra que criou. Era o início da ofensiva plena e final de Deus contra o pecado, a morte e a destruição que eles trouxeram ao mundo. Ao olhar para o ministério de Jesus podemos ver o Reino de Deus acontecendo: sua luta contra o diabo e suas tentações demonstrando a derrota do inimigo, a cura de enfermos demonstrando seu poder sobre as doenças e a ressurreição de mortos mostrando que Ele é o Senhor da vida. E por fim, o pecado é vencido quando na cruz Ele clama: “Está consumado!” (Jo 19.30). Passo a passo Jesus vence os efeitos da queda e da entrada do pecado no mundo. O legítimo Rei chegara e tudo o que se opunha ao seu reinado foi decisivamente vencido: pecado, morte, Satanás entre outras coisas. Isto significa que agora, para os que estão em Cristo eles podem desfrutar de todas as bênçãos concernentes ao Reino de Deus.

O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus; e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.” (Rm 8.16-17)
Entretanto, há algo mais, igualmente importante para entendermos.
Um Reino ainda não completo – o Já ainda Não
Apesar de Jesus ter estabelecido seu Reinado sobre toda a terra declarando seu governo, domínio e autoridade sobre ela, seu Reino só estará completo quando o mesmo voltar para buscar o seu povo – aqueles que pela fé passaram a viver como cidadãos do Reino. O diabo foi amarrado, mas não destruído. O mal foi vencido, mas não aniquilado, o Reino foi inaugurado, mas não completamente estabelecido. A Bíblia fala sobre o dia quando tudo estará completado:
Então virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés”. (1Co 15.24-25) 
A grande esperança dos cristãos, aquilo pelo qual mais anelamos e para a qual olhamos a fim de obter força e coragem é o dia em que o Rei abrirá os céus e retornará para firmar o seu reinado glorioso, completo e para sempre; em que tudo será corrigido e a justiça finalmente será feita. Deus planeja criar para seu povo um novo mundo, livre do pecado da morte e das doenças, um mundo em que Ele habitará para sempre no meio de seu povo, um mundo em que: “o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” (Ap 21.3-4)

O que dizer em resposta a tudo isto: “Maranata, ora vem Senhor Jesus”!


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O Evangelho e a necessidade da fé e do arrependimento (Rm 2.4; 4; Rm 5.1,18)


Agora que entendemos que o Evangelho são as boas notícias por trás das más notícias que revelam a Boa Nova da Salvação; que pela Graça e misericórdia de Deus somos resgatados do pecado para uma vida gloriosa em Deus por causa da morte e ressurreição de Jesus. O que devemos fazer, qual deve ser a nossa resposta à manifestação de tão grande amor que nos alcança e nos salva apesar de não merecermos? Para compreender o evangelho de forma plena, precisamos olhar para a largura, altura e profundidade do amor de Deus exibido no calvário, estabelecido desde antes da fundação do mundo. O reino soberano do Senhor foi rejeitado pelo homem no Jardim do Éden quando este resolveu rebelar-se contra o domínio e a autoridade de Deus, e desde então, qualquer ser humano, neste mundo caído vem se rebelando contra Deus vivendo conforme suas próprias vontades. Em Cristo, Deus derramou toda a sua ira contra o pecado proporcionando a todo aquele que crê uma nova vida, uma vida de santidade e temor ao Senhor, como Rei e Soberano sobre todas as coisas. Jesus serviu como sacrifício perfeito, satisfazendo a ira justa de Deus, ao mesmo tempo em que revelou o amor redentor de Deus, restaurando nosso relacionamento com o Senhor.
A resposta do homem ao evangelho – fé e arrependimento
Quando Jesus iniciou seu ministério, ele o fez chamando os homens ao arrependimento: “... arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15b). Estas ordens – arrependei-vos e crede – são o que Deus exige de nós em resposta às boas novas da salvação. Em todo o Novo Testamento, as pessoas são chamadas ao arrependimento (Mt 3.1-2; 4.17; At 2.37-38; 3.19; 20.20-21). Fé e arrependimento são o que caracteriza aqueles que são salvos em Jesus, isto é, uma pessoa que se converte de seu pecado e confia em Deus e nada mais para salvá-lo da ira e do julgamento que está por vir.
Uma questão de confiança: fé é dependência total e completa em Deus.
Como crentes somos chamados a viver pela fé (Gl 2.20) e nos arrepender continuamente diante das batalhas implacáveis que assolam nosso coração. Fé é muito mais do que acreditar, fé é confiar de tal maneira que você se entrega de corpo e alma ao objeto de sua crença. Muitas pessoas dizem que a fé é acreditar em algo tais como Papai Noel, Coelho da Páscoa, poder místico dos cristais, das pedras, da natureza. Mas, a fé é muito mais do que uma crença, ela é uma atitude que nos leva a agir baseado numa confiança e dependência de algo ou alguém (Hb 11.1). Ao ler a Bíblia, vemos que a fé não é crer em algo que você não pode provar. Fé é dependência, confiança firme e inabalável, alicerçada na verdade e fundamentada na promessa de Jesus ressuscitado de nos salvar do pecado.
A natureza da Fé (Rm 4.18-21): existe uma ligação inseparável entre a fé e o arrependimento. O arrependimento é necessário em nossa falta de fé e a fé é necessária para o nosso arrependimento. Apesar das contradições da vida e dos dilemas que enfrentamos em nossa alma, precisamos confiar e descansar em Deus e nas suas promessas, pois Ele é fiel para cumpri-las. A fé nos leva ao arrependimento e o arrependimento nos leva a ter fé na justiça de Deus para nos livrar da morte e do juízo vindouro. A Bíblia ensina que a maior necessidade do homem é ser considerado justo diante de Deus. Quando o julgamento vier o veredicto que esperamos ouvir é inocente e não culpado. Mas, como obtemos esse veredicto? A Bíblia diz que não é por nossas obras que somos justificados diante de Deus, a nossa ficha está suja, estamos todos condenados. Mas, se colocarmos nossa fé em Jesus, dependendo dEle para ser nosso substituto, tanto em vida perfeita como na morte que pagou pela penalidade do pecado, seremos justificados.  Jesus morreu a nossa morte para que pudéssemos viver a sua vida. Em Cristo, Deus olha para nós e vê a justiça perfeita de Jesus, seu sacrifício como aprazível diante dEle. Nenhum de nós pode satisfazer o padrão de santidade estabelecido por Deus. Deus nos salva por pura graça, não porque tenhamos algo para lhe oferecer.
Salvos pela Graça, justificados pela Fé
Quando compreendemos o quanto somos dependentes de Jesus para a nossa salvação – sua morte por nosso pecado, sua vida por nossa justiça – vamos entender porque a salvação é somente pela fé. Não há outra maneira, não há outro salvador, não há ninguém mais em quem podemos confiar e descansar para nos salvar. Todas as outras religiões inserem a necessidade de esforço próprio para a salvação, sejam elas por boas obras ou por uma vida moralmente correta, ou por tentar equilibrar as duas coisas. Isso mostra o quanto somos orgulhosos e arrogantes em não aceitar que não há mérito algum de nossa parte que possa nos justificar diante de Deus. Colocar a sua fé em Cristo significa renunciar totalmente qualquer outra esperança de ser considerado justo pelo seu próprio esforço. Você confia nas suas boas obras? A fé diz que elas são insuficientes. Você confia no seu coração? A fé significa reconhecer que ele é enganoso e está totalmente corrompido. Ter fé significa aceitar o convite para atravessar o abismo, mesmo sabendo que não é você quem está no controle da situação.
A Resposta da fé – o arrependimento: se a fé é confiar plenamente na salvação dada por Deus na pessoa de Cristo, o arrependimento é o reconhecimento de que você precisa afastar-se do pecado e decidir aceitar o convite de Deus. O arrependimento é crucial para ser salvo e para distinguir quem realmente é salvo. Se você entende corretamente o que é o arrependimento, então, vai perceber que não pode apenas aceita-lo como Salvador e não tê-lo como Senhor de sua vida. A fé em Jesus traz consigo uma renúncia de uma vida de pecado e sujeição ao Reino das trevas. Se não houver esta renúncia, então não houve verdadeiro arrependimento. Embora o arrependimento não signifique que você não terá de lutar mais contra o pecado, mas ele o levará a uma guerra mortal contra ele, em que você irá buscar viver uma vida que agrade a Deus, não importa qual o custo que terá de pagar para isso. O arrependimento verdadeiro é mais uma questão de atitude do coração para com o pecado do que uma simples mudança de comportamento.
Uma escolha a fazer (Mt 6.24): quando uma pessoa verdadeiramente se arrepende e aceita o convite feito por Jesus, sua vida começa a mudar – ela começa a dar frutos. Verdadeiros convertidos praticarão obras dignas de arrependimento. Quando a pessoa recebe nova vida em Cristo, ela passa a agir como Jesus demonstrando em seu caráter o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.
Quando você estiver diante de Deus no dia do julgamento o que você dirá a Ele? Apresentará suas atitudes piedosas, o fato de você nunca ter faltado a um culto na igreja, seu exemplo cristão na família, o fato de nunca ter feito algo realmente deplorável aos olhos da sociedade? Tudo isto é apenas resultado de uma vida transformada, de alguém que soube reconhecer seu estado pecaminoso e pediu que Deus o ajudasse. A única resposta que realmente podemos dar é está: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pois sou pecador!” (Lc 18.13b)

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Um sinal de esperança (Pv 13.12; Jó 19.23-26)

Esperar não é algo fácil para nós...ainda mais no mundo em que vivemos hoje, em que tudo é muito urgente - "tempo é dinheiro" é o que alguns dizem. Na verdade corremos, tropeçamos e caímos devido a pressa que temos em conseguir as coisas. Muitas vezes corremos e nem ao menos sabemos onde queremos chegar, pois não temos tempo para refletir sobre o caminho que estamos tomando. Tentamos reter as horas  em nossas mãos, mas elas se escoam como a areia que cai na ampulheta. 
"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu" (Ec 3.1)
É preciso tempo para absorver cada momento, assimilar as informações, ver os filhos crescerem, a idade passar. Necessário é aproveitar cada oportunidade que nos é dada por Deus, pois ela é única - senão nos atentarmos a isso lamentaremos o tempo que se foi e que não volta mais.
"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus." (Ef 5.15-16)
Ver o tempo passar e perceber que nada construímos nos causa ansiedade e angústia. Neste mundo somos pressionados; não podemos ser passados para trás, somos pressionados a constantemente a avançar. Definitivamente não sabemos esperar. A Bíblia nos mostra que tudo tem seu tempo apropriado para acontecer, o fruto demora para amadurecer e cada dia é um preparo para o próximo que virá. 
"Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal." (Mt  6.34)
Deus trabalha com processos, é preciso tempo para aprender, crescer e amadurecer. Algumas coisas demoram uma vida inteira para acontecer. E quando elas vierem precisamos estar preparados para recebê-las. Muitos dizem esperar no Senhor, mas poucos são os que realmente esperam. Muitos esperam por falta de alternativas, não porque decidiram esperar. Os que assim o fazem passam a murmurar, ficam tristes e ansiosos, se sentindo presos e sufocados pela espera. E por não suportar a demora, agem precipitadamente e jogam fora todo o tempo que gastaram esperando algo que não tinham firme convicção de alcançar. Esperar requer fé, principalmente se vivemos em meio à situações que dizem o contrário. 
"Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa,." (Hb 11.39).
Esperar requer amor: "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1Co 13.7) e até mesmo a dor de ver  o tempo passar e nada  do que se deseja acontecer. Por isso, enquanto espera ore, adore e seja grato pelo que  você tem e não pelo que você não possui. Deposite sua confiança em Deus que tudo faz no seu devido tempo.
Aprender a esperar em Deus aperfeiçoa nossa confiança nEle. 

Extraído e adaptado

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O Evangelho e a centralidade da Cruz (Rm 3.23-25; 5.1-2)


“Tenho boas e más notícias qual delas você vai querer saber primeiro?” – provavelmente você já deve ter feito está pergunta para alguém ou alguém a fez para você. Até agora, nesta série de mensagens sobre o evangelho tenho falado sobre as más notícias que estão por trás das boas notícias. Ninguém gosta de receber más notícias, por isso, hoje quero lhes trazer as boas notícias da salvação. Devemos ser gratos a Deus pelo fato de que as más notícias do pecado humano e do julgamento de Deus não são o fim da história. Se a Bíblia terminasse com a sentença de Deus de que “não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda, não há ninguém que busque a Deus... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”, não haveria esperança nenhuma para nós. Haveria somente o desespero, mas agradeça a Deus pela sua graça e misericórdia. Você é um pecador destinado à condenação, mas Deus agiu para salvar os pecadores. Mesmo que nunca entendamos totalmente o poder infinito e a beleza da Redenção e o evangelho que nos foi apresentado por Jesus. Nunca devemos parar de buscar o conhecimento sublime de Cristo e de ser encontrado nEle. A vida só faz sentido e seu propósito somente é compreendido em Cristo e no relacionamento que temos com Deus por meio dEle (Jo 3.16; 14.6).
Uma mensagem de esperança (Gn 3.15; Gl 4.4-5)
Os evangelhos foram escritos para nos revelar que a vinda de Jesus Cristo era as boas notícias de Deus para um mundo destruído e morto aos pés do pecado. Com a entrada do pecado no mundo, entrou com ele a maldição – a morte e as terríveis consequências do pecado: vergonha, culpa, medo, dor, sofrimento, fadiga, desespero e a falta de Deus para preencher o vazio que ficou no coração humano. A vinda do Salvador viria a mudar tudo isso. Mesmo diante da condenação por causa do pecado, Deus queria que Adão e Eva (e também nós), soubessem que embora rebeldes, a história não havia acabado. A Bíblia toda foi escrita para mostrar como essa história que começou com uma pequena semente germinou, brotou e cresceu (Is 7.14; 9.6; Lc 2.9-11). A Bíblia conta a história de como Deus lidou com o problema do pecado.
Homem Deus e Deus Homem (Jo 1.1,14)
Os evangelhos mostram a história de Jesus e que ele não era um homem comum: ele foi chamado de Filho de Deus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós. Em poucas palavras, a Bíblia nos ensina que Jesus é totalmente Deus e totalmente homem. Isso é crucial para entender o plano da redenção que nos livraria da escravidão do pecado. Se Jesus fosse apenas mais um homem, como nós, em todos os aspectos, incluindo o pecado, seria incapaz de nos salvar. Mas, sendo Deus, sem pecado e igual ao Pai na sua essência, perfeito, Ele pode vencer a morte e nos salvar do pecado. Contudo, ele também era humano, pois só assim poderia nos representar diante de Deus e compadecer-se das nossas fraquezas (Hb 4.15).
O Messias-Rei chegou: durante séculos, por meio da lei e dos profetas, Deus havia prometido um tempo que acabaria de uma vez por todas com o mal no mundo e resgataria seu povo dos pecados deles. Deus estabeleceria o seu reinado e seu governo sobre toda a terra. Deus prometera que da linhagem de Davi, um de seus filhos reinaria para sempre (2Sm 7.12-13,16). Os escritores do Novo Testamento insistem em que esse Rei davídico não é outro senão Jesus (Lc 1.31-33). Mateus começa com a genealogia que traça  a ascendência de Jesus até o rei Davi (a quem Deus prometeu o herdeiro do trono eterno) e vai até Abraão (a quem Deus prometeu abençoar todas as famílias da terra).
As Boas Novas tão esperadas: quando uma criança está por nascer há uma grande expectativa por parte dos pais. Em Jesus, estás expectativas não eram apenas de Maria e José, mas de toda uma nação, ou melhor, de todo o universo. Porém, o reino que Jesus inaugurou não parecia, de modo algum, com o que os judeus esperavam ou desejavam. Eles queriam um Messias que viesse libertá-los da opressão do inimigo (que na época era representado por Roma) e lhes desse novamente a liberdade na terra prometida por Deus quando eles saíram do Egito. No entanto, veio Jesus pregando, ensinando, curando enfermos, expulsando demônios, perdoando pecados, ressuscitando mortos e dizendo: “o meu reino não é deste mundo” (Jo 18.36). Por causa da desobediência e rebelião contra Deus, estamos separados e destinados à punição eterna. Eis aqui, as Boas Novas – Jesus veio não somente para inaugurar o reino de Deus, mas para levar os pecadores ao arrependimento e a confissão de seus erros reconhecendo seu Reinado em toda a Terra. Em Cristo, somos feito participantes do reino e herdeiros da glória dos céus (Rm 8.17).
O Rei na figura de um cordeiro: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!” Estas foram às palavras de João Batista quando viu Jesus. O mesmo fazia referência à páscoa celebrada pelos judeus como lembrança da libertação no Egito. O livramento dos israelitas da escravidão no Egito deu-se com a morte dos primogênitos, somente àqueles que estavam cobertos pelo sangue do cordeiro é que escapariam de tão terrível julgamento. Desde então, esta festa tem sido celebrada como um símbolo da liberdade conseguida pela morte do cordeiro e do primogênito para pagar pelos pecados cometidos. A substituição penal – a ideia de que a penalidade de morte pelo pecado de alguém poderia ser paga pela morte de outra pessoa (Gn 3.21) é o alicerce de todo o Antigo Testamento. Levou algum tempo, mas os discípulos de Jesus entenderam que Jesus não veio apenas inaugurar o Reino de Deus, mas que ele deveria morrer pelos pecados de seu povo. Jesus não era apenas Rei, ele também era o cordeiro (1Pe 2.24-25). Por amor, Jesus deu espontaneamente sua vida; o Cordeiro de Deus morreu para que fôssemos perdoados (2Co 5.21). Jesus não morreu por ter cometido pecados, mas Ele foi feito pecado por nós. Ele sofreu a punição devida a cada um de nós. Toda rebelião, toda desobediência, todo pecado caiu sobre ele e a maldição que Deus havia pronunciada no Éden foi executada. Por isso, Jesus clamou em agonia: “se possível, passa de mim este cálice”, pois sobre ele recairia toda a ira de Deus. Trevas encobriram os céus por quase 3 horas, enquanto Jesus esteve pendurado na cruz. Era as trevas do julgamento de Deus, o peso da ira caindo sobre ele enquanto ele carregava o nosso pecado: “Deus meu, Deus meu porque me desamparaste”. Veja o que o profeta Isaías disse a esse respeito:
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (53.4-5)
Este texto revela que as transgressões pelas qual Jesus sofreu eram nossas, mas os sofrimentos foram dEle. O pecado era nosso, mas a agonia quem passou foi Ele. Sua punição nos deu a paz, suas feridas nos trouxe cura, sua tristeza nos deu alegria, sua morte nos trouxe a vida.
A centralidade do Evangelho
A doutrina da substituição penal é o âmago do evangelho. Toda a revelação do Antigo Testamento aponta para isto. Os sacrifícios, as ofertas, o derramamento de sangue, tudo isto apontava para a cruz, para a morte de Jesus. Deus instituiu que “sem derramamento de sangue não a remissão para os pecados” (Hb 9.22b). Deus pode agora justificar o pecador porque na morte de Jesus a misericórdia e a justiça dele foram satisfeitas. A maldição foi executada com justiça, mas nós fomos salvos pela graça. A garantia de que o sacrifício foi aceito não está no fato de que Jesus foi crucificado, mas de que ele está vivo, Ele ressuscitou e venceu a morte – o aguilhão do pecado. Se Jesus não tivesse ressuscitado, ainda estaríamos condenados, sua morte teria sido como a de qualquer outro homem, mas Ele é Deus, o Criador e Autor da vida. Devemos nos alegrar pela sua ressurreição e para o que ela significa para nós – vida e vida eterna. Se você ainda não desfruta desta vida, Deus lhe faz o convite para que reconheça seu estado pecaminoso e aceite o presente da salvação concedida por Ele, mesmo que você não mereça.
    

terça-feira, 20 de novembro de 2018

O Homem e o Evangelho: um problema a ser resolvido (Rm 3.9-20,23)


Já vimos que o evangelho teve sua origem em Deus e que o mesmo vem como as boas notícias para a humanidade. No entanto, para compreender esta boa notícia é preciso primeiro compreender as más notícias que estão por trás das boas notícias. O evangelho no revela que precisamos da salvação, mas a pergunta a se fazer é: ser salvo de quê? Vimos que, com a entrada do pecado no mundo veio também à maldição: “certamente morrerás.” (Gn 2.17) e “maldita é a terra por tua causa... Tus és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.17,19). Com isso, todo ser humano se encontra debaixo da ira de Deus. Deus não tolera o pecado e todo aquele que vive na prática dele está debaixo desta ira (Jo 3.36). O pecado na Bíblia é descrito como a transgressão da Lei (1Jo 3.4). Certa vez recebi uma multa por ultrapassar o limite de velocidade e outro dia por estacionar em local proibido. Perante a lei sou culpado desta transgressão, porém, apesar do peso que isto trouxe ao meu bolso, não me senti terrivelmente culpado e nem perdi o sono por ter desobedecido à lei. Não precisei pedir perdão a ninguém. Porque não me senti culpado? Provavelmente porque considerando a questão, não foi algo tão grave a ponto de me fazer ficar desesperado, a não ser pela multa que tive de pagar, mas minha consciência não foi torturada por isso. Muitas pessoas pensam no pecado, especialmente o seu, como se fosse nada mais do que uma multa de trânsito, ou quem sabe uma pequena transgressão tal como mentir, fofocar, murmurar, sonegar um imposto entre outras coisas. Talvez pelo fato de pensar que há crimes piores do que estes tais como o roubo, assassinato, corrupção, eles não o consideram  um crime tão grave. Esta é uma forma muito simplista de pensar no pecado. De acordo com a Bíblia o pecado é muito mais do que uma simples violação das leis de trânsito ou de convívio social. Pecado é a quebra de um relacionamento e, ainda mais, é uma rejeição e repúdio ao governo, cuidado e autoridade de Deus de como Criador e Soberano dar ordens àqueles a quem Ele deu a vida. Pecado é a rebelião da criatura contra o seu Criador (Sl 14.1; 53.1; Rm 1.21-23).  
Onde tudo começou: ao nos criar, Deus tinha a intenção de que vivêssemos sob seu governo perfeito e justo, em alegria completa, adorando-o e servindo-o, vivendo em plena comunhão com Ele. O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, tendo o domínio sobre toda a criação manifestando a glória de Deus ao mundo (Gn 1.26-28). O governo e autoridade do ser humano sobre a criação foi-lhes outorgada por Deus, eles estavam sob o domínio maior do Criador, que tinha todo o direito (e ainda tem) de lhes dar ordem. A árvore do conhecimento do bem do mal era uma lembrança deste fato. Ao olhar para a árvore, Adão e Eva deveriam lembrar que seu domínio e autoridade eram limitados. Eles eram criaturas e tinham a responsabilidade de administrar as obras de Deus. Ao comerem o fruto, eles não apenas violaram a Lei estabelecida por Deus (...“dela não comerás...”), mas rejeitaram a autoridade de Deus declarando-se independentes. Em todo o universo, havia somente uma coisa que Deus não dera como domínio para Adão, o próprio Deus. Mas, diante do argumento “sereis como Deus”, ele decidiu que essa situação não lhe era conveniente, por isso rebelou-se. Por causa disto, foram expulsos da presença do Senhor e se tornaram inimigos de Deus. Adão e Eva trocaram o favor de Deus pela busca do seu próprio prazer e de sua própria glória. Este foi o pecado cometido por Adão e também é o pecado cometido por todos nós. Rejeitamos as leis de Deus e queremos viver a vida do nosso jeito (e ninguém tem nada com isso). Por causa disto, as consequências do pecado foram desastrosas para eles e para todos os seus descendentes (Rm 5.12). A morte entrou no mundo e com ela toda maldição do pecado. Embora, não morressem fisicamente, na mesma hora em que comeram do fruto, eles morreram espiritualmente. Sua comunhão com Deus foi interrompida e, assim, seu coração corrompeu-se, sua mente se encheu de pensamentos egoístas, seus olhos se encheram de trevas e sua alma ficou destituída da glória de seu Criador (Rm 3.23).
O escândalo e a Loucura da pregação da Palavra da Cruz (1Co 1.18)
O Evangelho é cheio de pedras e tropeços para corações que pensam obstinadamente de si mesmo como sendo bons e autossuficientes. É revoltante para o ser humano reconhecer a sua pequenez e incapacidade diante da Verdade revelada por Deus na sua Palavra. Por isso, é tão importante entender a natureza e profundidade de nosso pecado. Se nos aproximamos do evangelho entendendo o pecado como algo de somenos valor, é sinal de que não entendemos o evangelho de Jesus Cristo.

Compreendendo o problema do pecado (Rm 3.10-12)
·         Não confunda o pecado com os efeitos do pecado: é comum apresentarmos o evangelho como a solução para a falta de significado, propósito e sentido na vida. Mas, o problema fundamental da humanidade vai muito além disto. Isto são apenas sintomas de uma doença mais grave incrustada no coração (Jr 17.9). Precisamos entender que a triste situação em que nos encontramos é resultado de algo que nós mesmos produzimos. Nós temos desobedecido a Palavra de Deus ignorando os seus mandamentos. Nós temos pecado contra Deus (Sl 51.4). Falar sobre o comportamento como sendo o problema do pecado, faz com que as pessoas se coloquem como vítimas (que culpa tenho eu se Adão pecou?) e, assim nunca encarem o fato de que elas são pecadoras e, portanto, merecedoras de condenação (Ez 18.20a).
·         Reduzir o pecado a um relacionamento quebrado: muitos falam sobre o pecado como se este fosse apenas uma contenda relacional entre Deus e o homem, e o que precisamos é pedir e aceitar o perdão de Deus. O ensino da Bíblia é que o pecado é realmente uma quebra do relacionamento com Deus, mas essa quebra consiste numa rejeição de Deus como Rei e Soberano sobre todas as coisas. Se reduzirmos o pecado à mera quebra de um relacionamento, nunca vamos entender porque a morte de Jesus foi exigida para resolver o problema.
·         Confundir pecado com pensamento negativo: “você foi criado para ser cabeça e não cauda”, “você é filho de Deus, por isso não pense pequeno, pense grande”. Estas são mensagens estimulantes para aumentar ainda mais o nosso orgulho. Apenas diga o que as pessoas querem ouvir e você terá muitos seguidores, igrejas lotadas e cheias de pessoas em busca de riquezas, prosperidade e felicidade. Prometa-lhes prosperidade material e uma vida sem doenças e logo você terá uma megaigreja. A Bíblia nos ensina que já pensamos de maneira muito elevada sobre nós mesmos. Lembre-se da promessa da serpente: “você precisam ampliar sua visão, chegar ao seu pleno potencial, ser como Deus, vocês precisam pensar grande!” Qual foi o resultado de se buscar isso?
·         Confundir o pecado com pecados: não temos dificuldades em admitir os nossos pecados (mentira, fofocas, traição, roubo, desonestidade), pois os vemos como pequenos erros que todos cometem (até justificamos dizendo: aquele que não tem pecado que atire a primeira pedra), com alguns já nos acostumamos.  O que é chocante é ter de encarar a sujeira que permeia o nosso coração, as impurezas e corrupção que existe no mais íntimo de nosso ser. Algo que está em nós, é nosso e não está apenas sobre nós. Pensamos no pecado apenas como uma sujeira num vidro que precisa ser limpo e que basta um bom produto para deixá-lo totalmente transparente. A natureza humana não é tão bela assim, a sujeira não está do lado de fora, pelo contrário, está impregnada em nós (Mt 15.19). Somos escravos do pecado, condenados a passar a eternidade longe de Deus.
Não basta dizer que Jesus nos perdoa de nossos pecados. Somente quando compreendemos a nossa própria natureza, que estamos ‘mortos em nossos delitos e pecados’, é que veremos quão boas são as novas de que há um meio de sermos salvos.
O julgamento de Deus contra o pecado (Rm 3.19-20)
A Bíblia diz que toda a humanidade está debaixo do pecado e, portanto, sujeitos à ira e condenação de Deus. A Bíblia é muita clara, como vimos, a respeito da verdade de que Deus é o Criador, justo e santo e, por isso, não aceitará desculpas pelo pecado. Romanos 6.23 diz que “o salário do pecado é a morte”, este é o pagamento que devemos dar a Deus. Não significa morrer apenas fisicamente, mas espiritualmente (estar para sempre separado de Deus e de sua presença gloriosa). O julgamento de Deus contra o pecado será terrível, o destino final dos pecadores impenitentes e incrédulos é um lugar de tormento consciente e eterno (Ap 20.10,14-15). As figuras utilizadas pela Bíblia para falar sobre o julgamento de Deus contra o pecado são terríveis. Embora, para muitos isto seja loucura, não inventamos isso, foi criação de Deus para julgamento de todo aquele que rejeita o seu governo (Mt 24.41). Este é o veredito final da Bíblia: “não há um justo, nem um sequer”. Por isso, se você ainda não entendeu a necessidade que você tem da salvação, peço que você o faça hoje, pois chegará o dia em que toda língua confessará, todo joelho se dobrará e reconhecerá que Jesus Cristo é o Senhor.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Deus e o evangelho - Romanos 1.16-17


Uma das indagações que muitas pessoas fazem é: como podemos conciliar a pregação do evangelho que fala de amor com a apresentação de um Deus irado? Como é possível um Deus que é amor permitir que as pessoas vão para o inferno? Entender a graça divina que se manifestou em uma atitude de amor providenciando salvação a todo aquele que crê é essencial para a compreensão do evangelho. É importante que vocês tenham o conhecimento da doutrina do pecado e da salvação não apenas na sua cabeça (conhecimento intelectual/ informação), mas que elas estejam impregnadas em seus corações. Você pode ter as doutrinas bíblicas muito bem definidas em sua cabeça, mas, a não ser que elas toquem o coração e nos levem a dobrar nossos joelhos em oração, e nos motivem à prática das boas obras bíblicas, então estas doutrinas não atingiram o seu objetivo. 
Suposições sobre Deus: para muitas pessoas, mesmo para as que se dizem cristãs, Deus é uma pessoa bastante amorosa, cordial, afável que apesar de ter suas exigências, releva muita coisa por causa do seu amor. No passado até mesmo pessoas que não eram cristãs tinham um entendimento básico sobre Deus e seu caráter. Contudo, isso não é mais uma realidade, não existe uma verdade absoluta e muito menos um Deus que seja único e que exige exclusividade de adoração. Uma das razões pelas quais as pessoas têm objeções à doutrina de Deus é simplesmente uma questão de como elas tem se sentido. 
Algumas questões importantes sobre Deus:
  •  Em primeiro lugar o Deus da Bíblia é diferente das divindades pagãs, pois aquelas eram imprevisíveis e mudavam de opinião por qualquer coisa. As demonstrações de sentimentos por parte das divindades pagãs mostravam a inconstância do seu caráter. Deus, no entanto, é perfeito e puro, e nele não há mudança e nem sombra de variação (Hb 13.8);
  • Em segundo lugar o Deus da Bíblia se revela as pessoas para levá-las ao verdadeiro entendimento de Sua pessoa e de Seu caráter de maneira que elas entendam o propósito para o qual foram criadas.

Para proclamarmos o evangelho temos de começar pelo início, falando sobre o próprio Deus. É claro que você não irá dar um estudo sobre a pessoa de Deus quando estiver evangelizando, mas existem algumas verdades básicas que uma pessoa tem de compreender para que assimile as boas novas do Cristianismo. Pense nestas verdades como as boas notícias que estão por trás das más notícias que estão por trás das Boas Novas. Há duas verdades que temos de deixar bem claras quando anunciamos o evangelho.
Deus é o Criador (Gn 1.1): para se entender a história de um livro, é preciso começar pelo início. A Bíblia começa com a história de Deus criando o mundo. Tudo veio à existência por meio da Palavra e tudo veio a existir a partir do nada (Hb 11.3). A Bíblia nos mostra que Deus falou e as coisas passaram a existir. Desde então, toda criação dá testemunho da grandeza e da glória de Deus (Sl 19.1; Rm 1.20). Há algo na grandeza da criação que fala ao coração humano dizendo: “Você não é tudo que existe”. Não importa o que você pensa sobre a história da criação, as implicações de Gênesis 1 e 2 mostra – Deus criou o mundo e, em especial Deus criou você. Isto significa que tudo no mundo tem um propósito, incluindo os seres humanos. Não somos frutos do acaso, da evolução de micro-organismos ou do macaco (apesar de algumas semelhanças comportamentais). Fomos criados! Cada um de nós é o resultado de uma ideia, um plano, uma ação do próprio Deus. Isso traz significado e responsabilidade à nossa vida. Não somos seres autônomos. Entender isso é a chave para compreender o evangelho. Apesar do senso de liberdade que temos, a verdade é que fomos criados por Deus. E por nos ter criado, ele tem o direito de nos dizer como devemos viver. A ordem estabelecida no Éden mostra a nossa limitação diante de Deus (Gn 2.16-17). Isso não significa que Deus é autoritário e dá ordens movido pelo seu egoísmo e vontade de prevalecer. Não! Ele sabe o que é melhor para seu povo e lhes dá leis que preservam e aumentam a felicidade e o bem-estar. Reconhecer isso é essencial para entender o evangelho. O evangelho é a resposta de Deus ás más notícias do pecado. O pecado é a rejeição da pessoa para com os direitos que de Deus, como Criador, tem sobre ela. Deus nos criou, portanto, tem direito sobre nós.
Deus é justo e santo (Na 1.3): quando descrevemos o caráter de Deus, geralmente destacamos a sua misericórdia e o seu amor. Porém, esquecemos muitas vezes da sua justiça e santidade. Deus se revela como um Deus amoroso e compassivo, porém, ele não deixa impune o culpado. Muitos argumentam que Deus por ser amor, ignora muitas vezes o pecado. Muitos dizem que o fato de Jesus ter morrido na cruz foi justamente para que eu não receba mais a punição pelos meus erros. Isto é uma verdade, porém, precisamos entender que, a despeito dos protestos em contrário, o amor de Deus não anula sua justiça e santidade. A Bíblia declara inúmeras vezes que Deus é perfeito em sua justiça e absoluto em sua santidade (Sl 89.14; 97.2). Deus governa o universo, seu senhorio é soberano sobre a criação e está fundamentada em quem ele é, para sempre, perfeito e justo. As pessoas desejam um Deus que julgue e confronte o pecador, mas se o pecador a quem Deus vai confrontar é ele, então, este Deus se torna injusto. Quando olham para um assassino, as pessoas dizem que ela não merece o perdão, mas quando ela mata alguém com as suas palavras, pede que Deus as perdoe. No entanto, a Bíblia diz que Deus é justo e reto e que punirá todo mal que for cometido (Rm 2.6,11). Se Deus ignorasse o mal estaria negando e renunciando ao seu próprio Ser, e isso Ele não pode fazer.
Muitos não acham dificuldade em pensar em Deus como alguém amoroso e compassivo. Ao anunciar o evangelho dizem: Deus te ama e tem um plano maravilhoso para sua vida. Mas, se vamos entender quão maravilhoso é o evangelho de Jesus Cristo, devemos entender que este Deus compassivo é, também, santo e justo e está determinado a nunca esquecer, ignorar e tolerar o pecado. Incluindo o nosso próprio pecado. Bem, estas são ás más notícias. Durante os próximos domingos, vamos expor a mensagem das Boas Novas para que você compreenda o que é o evangelho e aprenda a se relacionar com Deus que é Criador, Justo e Santo.

sábado, 10 de novembro de 2018

O que é o Evangelho? (Marcos 1.14-15; Rm 1.1-7)


A mensagem pela qual Jesus iniciou o seu ministério foi apresentar o Evangelho do Reino de Deus. Mas, o que é o evangelho do Reino de Deus apresentado por Jesus Cristo e que depois de sua ascensão ao Céu ele deixou incumbida a tarefa de todo aquele que nele viesse a crer de continuar a pregá-lo? Embora, pareça uma pergunta fácil de responder, afinal, aprendemos que Evangelho é boa nova, mas a pergunta que faço é boa nova de quê? Há muitas definições dadas pelas pessoas sobre o que é o evangelho:

  • Jesus morreu por nós, e aqueles que confiam nele podem saber que sua culpa foi perdoada de uma vez por todas;
  • Deus te ama e estará sempre com a face voltada pra você, apesar do que você fez afinal você já foi justificado de seu pecado;
  • É reconhecer e proclamar o Reino de Deus na pessoa de Jesus de que ele morreu e ressuscitou para nos dar a salvação;
Apesar destas definições não estarem de todo erradas, elas não expressam a verdadeira essência do que é o Evangelho. O Evangelho é o centro do cristianismo, é sobre onde alicerçamos nossa vida e edificamos a igreja, mas ele vai muito além do fato de dizer que “Deus te ama e tem um plano maravilhoso para sua vida.” Vou procurar oferecer uma resposta à pergunta: “O que é o evangelho?” baseado no que a Bíblia ensina sobre o mesmo. Destaco aqui, alguns pontos importantes para a nossa compreensão:

  • Um evangelho debilitado e fraco leva a uma adoração debilitada e fraca. Este tipo de evangelho afasta nossos olhos de Deus e os fixa em nosso ego;
  • A má compreensão do que é o evangelho não nos permite dar um verdadeiro testemunho de quem Deus é, quem somos e o que Ele faz;
  • A importância do evangelho bíblico nos leva a uma teologia bem fundamentada que nos impede de ser levado por qualquer vento de doutrina;
  • A má compreensão do evangelho faz com que as pessoas minimizem a mensagem para torná-la mais aceitável aos olhos do mundo;
  • O verdadeiro evangelho exige de quem ouve uma resposta diante da mensagem que lhe foi exposta.
A carta aos Romanos é a mais rica e abrangente declaração de Paulo sobre o evangelho. Esta carta é também a chave para o entendimento das Escrituras, já que aqui Paulo une todos os grandes temas da Bíblia, dentre os quais o fundamento da mensagem do Evangelho: a justificação pela fé. Esta carta abre uma perspectiva para o entendimento de como todas as partes da Bíblia se ajustam de modo claro.  Nela o apóstolo trabalha sobre a justiça de Deus, sua bondade, soberania, graça, Lei, santificação entre outros temas. Após sua breve apresentação Paulo passa a apresentar o evangelho ao qual ele foi chamado a anunciar:

  1. A origem do evangelho é Deus (1.1b): Deus é a palavra mais importante na Bíblia. Ela é um livro acerca de Deus. A boa nova apresentada é o evangelho de Deus, os apóstolos não o inventaram, ele foi revelado e confiado a eles por Deus (2Pe 1.20-21).  Esta continua sendo a convicção mais básica e primordial em que se baseia todo evangelismo autêntico. O que nós temos a repartir com outros não são, nem uma miscelânea de especulações humanas, nem mais uma religião a ser adicionada ao que já existe, na verdade, nem se trata de uma religião. É o evangelho de Deus, a boa nova do próprio Deus para um mundo perdido (Jo 3.16). Sem esta convicção, a evangelização perde todo o seu conteúdo, propósito e motivação.
  2. A  autenticidade do evangelho é atestada nas Escrituras (1.2): Para Paulo, o evangelho que ele prega não é original: é uma mensagem a muito anunciada, pois Cristo foi prometido pelos profetas (1Co 15.3-4). A Bíblia como revelação de Deus é a base de autoridade da mensagem que proclamamos. Porém, nem todos concordam com está afirmação. Muitos preferem fundamentar o Evangelho baseado na opinião de homens. Outros, no entanto, acreditam encontrar a verdade na sua experiência de vida, confiando em seu próprio coração. Contudo, a fonte que devemos ir para saber o que é verdadeiro é a Bíblia. Ela nos leva a convicção de quem Deus é e onde encontramos respostas para todos os dilemas da vida (2Tm 3.16). Portanto, é a Palavra de Deus que buscamos a fim de saber o que Ele nos disse sobre seu Filho, Jesus, e sobre as boas novas do evangelho.
  3.  A essência do evangelho é Jesus Cristo (1.3-4): A boa nova de Deus é Jesus.  Calvino declarou “apartar-se de Cristo, um passo que seja, significa afastar-se do evangelho”. Todo o evangelho está contido em Jesus Cristo: ele é o coração do evangelho. O próprio Cristo teve de mostrar a dois seguidores seus essa verdade (Lc 24.25-27). Toda mensagem do Evangelho gira em torno de apresentar a pessoa de Jesus como a solução para os pecados da humanidade.
  4. O propósito do evangelho é a obediência pela fé que nos leva a honrar o nome de Jesus (1.5-6): o propósito imediato ao proclamar o evangelho é levar as pessoas à obediência pela fé (“a obediência que vem pela fé” -NVI) que conduz a pessoa a glorificar o nome de Deus. Por sua vida de obediência a Deus, dando-nos assim o exemplo para que façamos o mesmo, Jesus foi exaltado sobre todas as coisas, merecendo receber toda honra, glória e louvor (Fp 2.8-11). A salvação que Deus proveu nos alcança mediante a fé em Jesus. E, como resposta de gratidão devo procurar viver uma vida de santificação, purificando-me a cada dia, praticando as obras que demonstrem a real mudança de vida operada por Deus na morte e ressurreição de Jesus. (Ef 2.8-10; 1Jo 3.2-3).
Conclusão
Ao analisarmos os argumentos apresentados por Paulo na carta aos Romanos, podemos reconhecer que no centro da proclamação do Evangelho estão as respostas para entender a mensagem da salvação. Existem muitas outras promessas advindas da resposta que você dá ao evangelho, mas todas elas devem levá-lo a crer (confiar) na Bíblia como revelação de Deus que o leva a ter fé em Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador, e a partir daí, buscar viver uma vida que agrade a Deus glorificando o seu nome acima de tudo. O homem por si mesmo, está incapacitado de viver conforme a vontade de Deus. A única forma do mesmo alcançar a salvação e viver uma vida de santificação é reconhecer sua incapacidade e submeter-se a Deus por meio da fé na pessoa e obra de Jesus. O evangelho é boa nova, porque primeiro existe uma má notícia: somos pecadores e Deus irá julgar os nossos pecados. A boa notícia: Jesus morreu e foi ressuscitado para perdoar os pecados de todo aquele que se arrepender e nEle crer.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

A paz que excede todo entendimento (Rm 5.1/ Fp 4.7/ Cl 3.15)

No mundo conturbado que vivemos ter um momento de paz parece ser algo impossível, É necessário ir a lugares isolados de toda barulheira e tarefas que temos. No entanto, a Bíblia nos traz a ideia de que a verdadeira paz não depende das circunstâncias serem favoráveis. Pelo contrário, é possível desfrutar de paz mesmo em meio as  adversidades. Experimentar a paz permanente está diretamente relacionada a comunhão  íntima com Deus por meio da fé em Jesus.
"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;..." (Rm 5.1)
Muitos não experimentam a paz porque estão com suas vidas focadas em si mesmos e no que este mundo tem a oferecer. O apego as coisas acaba trazendo frustração, preocupação e ansiedade. 
"Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças." (Fp 4.6) 
"Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal." (Mt 6.34)
A paz se torna  passageira porque está vinculada a circunstância, pessoas ou bens materiais. A paz é uma característica do Reino de Deus e pode ser experimentada ainda que haja dificuldades ao seu redor.
"Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.'' (Jo 16.33)
Isto acontece porque a paz dada por Deus é baseada na confiança e fidelidade de Deus em cumprir com as suas promessas.
"Confia no SENHOR e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade. Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará."' (Sl 37.3-5)
Tudo quanto o mundo oferece é passageiro e de curta duração.
"Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente." (1Jo 2.17)
A verdadeira paz só pode ser desfrutada na presença de Deus e na força que Ele nos dá. Você pode ter paz permanente diante das adversidades se confiar na providência de Deus para sua vida em toda e qualquer situação.
"Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece." (Fp 4.12-13).

domingo, 19 de agosto de 2018

A Autoridade e Suficiência da Bíblia (2 Tm 3.16-17)

A Bíblia dentro do contexto cristão é considerada a revelação de Deus para a  humanidade. No entanto, há muitas controvérsias em relação a sua interpretação e aplicação. Muitas pessoas têm dúvidas em relação à Bíblia, por ser um livro escrito em uma época em que a tecnologia não estava tão avançada como nos dias de hoje. E, devido a muitas descobertas realizadas pela ciência, pela medicina, bem como a psicologia, a Bíblia tem sido tratada apenas como um livro religioso e nada mais. Seus conselhos estão de certa forma defasados pelo tempo, ela não é muito pragmática e não trata dos reais problemas que enfrentamos na nossa vida. Entender a Palavra de Deus como sendo a única autoridade no que diz respeito a levar as pessoas a conhecerem Deus e suficiente para leva-las a viver uma vida que agrade a Ele é o que fundamenta uma vida cristã de obediência e temor diante de Deus. A Palavra de Deus é mais preciosa que qualquer coisa que este mundo possa oferecer, a sua suficiência não depende do conhecimento do homem e nem de suas filosofias vãs e tolas (Sl 19.7-11). No entanto, ao se tratar da Bíblia muitos lidam com ela de forma superficial e nunca escavam as riquezas que existem na revelação dada por Deus para guiar e orientar o homem. Mas, aos que entendem a importância da Palavra em suas vidas sempre buscam de Deus receber ajuda em tempos de ansiedade, aflição, confusão ou inquietude na alma, estando certos de obterem sábios conselhos e livramentos para suas dificuldades (Sl 119.15; 165). Isto de certa forma acontece porque toda necessidade da alma humana é, em última análise, espiritual e, somente Deus é que provê os recursos para atender completamente a todas as necessidades do homem (2Pe 1.3-4). A autoridade e suficiência da Bíblia é a questão chave para quem quer viver uma vida vitoriosa contra o pecado e a luta contra o seu próprio EU. Reconhecer a Bíblia como a Palavra de Deus é o que nos ajuda a entender o poder que este livro tem, não em suas letras, mas no reconhecimento de que está revelação vêm da parte do Senhor (2Pe 1.20-21).
  • O significado da autoridade: é o direito ou poder de exigir obediência. Da perspectiva cristã, Deus tem o supremo direito e poder de exigir obediência porque Ele é o criador e Senhor de todas as coisas. Você pode até desobedecer à vontade de Deus, mas sabendo sempre que estará falhando. A sua consciência dará testemunho de que a autoridade de Deus continua em operação e terá de ser reconhecida. Uma vez que você entenda este princípio fundamental, a questão da autoridade está em descobrir a vontade de Deus em relação a qualquer assunto que diz respeito a sua vida.
  • A fonte da autoridade (”Toda Escritura é divinamente inspirada...”): a Bíblia é a revelação da vontade de Deus no que diz respeito à salvação, a santificação e uma vida gloriosa em Cristo. O único meio de conhecer Deus é quando ele se coloca espontaneamente ao alcance de nossa percepção e renova nossa compreensão decaída, e nos traz a luz da revelação de sua Palavra (Rm 10.17; 1 Co 2.10-11,14). Apesar de Deus revelar-se na consciência das pessoas por meio da criação, o conhecimento de sua vontade por parte dos homens é imperfeito devido à queda. O conhecimento da vontade de Deus só vem por meio da revelação específica que é a sua Palavra. Ela só pode ser encontrada verdadeiramente numa atitude de completa obediência e temor a Deus. A Bíblia é a base e a norma que deve reger a vida do salvo em Jesus Cristo. Nosso conhecimento de Deus é resultado da vontade dEle em se revelar e se comunicar conosco. A Palavra de Deus é imutável, e ela se aplica de forma tão poderosa e atual a todas as circunstâncias da vida, da mesma maneira como se aplicou aos primeiros que a ouviram (Hb 4.12). 
A Bíblia como Palavra de Deus é suficiente para nos orientar a viver uma vida que agrade ao Senhor. Ela é muito mais do que um livro a ser estudado, ela é um livro para ser aplicado em como devemos conduzir as nossas vidas de maneira que glorifique a Deus. O propósito principal de Deus é a aplicação de sua Palavra (Tg 1.22-25). A suficiência da Bíblia está fundamentada na autoridade que Deus por meio de seu Espírito nos ilumina a entender o seu propósito. A Palavra de Deus é verdadeiramente capaz de nos preparar para toda boa obra, isto é, a lidar com as situações desta vida que nos deixam perplexos e muitas vezes nos fazem desanimar em nossa caminhada. Qual é o papel que a Bíblia tem em nossa vida e como ela se aplica em nosso dia a dia?

O papel da Bíblia em nossa vida e como ela se aplica em nosso dia a dia:
  1. Ensino: na Palavra estão contidos os mandamentos e princípios que regem a nossa conduta de vida. A Palavra de Deus é abrangente, e envolve tudo quanto é necessário para a vida espiritual, física e emocional. A negligência para com a Palavra sempre produz confusão doutrinária e falta de poder espiritual para lidar com os problemas que surgem. A revelação de Deus tem o objetivo de nos levar ao conhecimento de sua vontade e reconhecimento da salvação por meio da fé em Jesus e, a partir daí nos dar diretrizes de como viver uma vida de santidade diante de Deus;
  2. Repreensão: a Palavra de Deus tem a capacidade de discernir quais são as verdadeiras intenções de nosso coração. O padrão estabelecido por Deus é que vivamos nossa vida de maneira a agradá-lo em tudo o que fazemos, mas por vezes desobedecemos aos seus mandamentos. Deus, então, por meio do seu Espírito Santo nos alerta para que venhamos a nos arrepender de nossos pecados e voltemos a buscar a sua presença vivendo em obediência a sua Palavra (Hb 3.7-8,15).
  3. Correção: quando você entrega sua vida a Jesus você é santificado (seus pecados são perdoados e você é separado por Deus), no entanto, este processo de purificação deve continuar visto que ainda estamos sobre a influência do pecado e habitando um corpo corrompido pelo pecado. É na Palavra que encontramos a forma e os meios de alcançarmos essa purificação que nos torna cada vez mais santos (limpos) diante de Deus por meio da obediência aos seus mandamentos. Na Palavra somos confrontados em nossos pensamentos de maneira a avaliar o caminho que estamos seguindo. Nas muitas vezes em que nos deixamos ser levado pelo nosso orgulho, Deus nos corrige a voltarmos ao caminho da santidade (Hb 12.4-6,10).
  4. Educação na justiça: os conselhos oferecidos na Palavra nos ensinam a lidar com as tentações, com o pecado, o medo, a ansiedade, a ira, a superar traumas e qualquer coisa que venha ameaçar nossa fé em Cristo. Não há substitutos para a Palavra de Deus. É nela que você descobre como amar a Deus e ao próximo e desenvolver a atitude de servo a semelhança de Jesus. A Palavra nos dá todas as diretrizes que precisamos para permanecer no aminho de Deus.
Conclusão
A autoridade e suficiência da Bíblia estão fundamentadas no fato de ela ser a Palavra de Deus. A Bíblia é o resultado da obra do Espírito Santo movendo-se sobre os escritores humanos para produzir a Palavra de Deus revelada em sua forma escrita. É através da Palavra que Deus me ensina o caminho que devo andar, me ajuda a identificar quando estou no caminho errado, mostra-me o que devo fazer para voltar ao caminho certo, e assim, permanecer no caminho sem me desviar tornando-me capaz de discernir a sua vontade nas escolhas que terei de fazer para que possa cumprir com o propósito do Senhor e ser usado por Ele para glorificar o Seu nome. Deus em sua Palavra oferece o testemunho de seu poder e da suficiência que ela tem para nos levar ao conhecimento da mensagem que irá mudar a nossa vida. Deus sempre quer o nosso bem e por isso Ele quer que aprendamos a obedecer a Sua Palavra, para que sejamos bem-sucedidos em todas as áreas: espiritual, emocional, física e material. A desobediência deu origem ao pecado. Assim, quando deixamos de obedecer aos princípios da Palavra de Deus, o pecado se estabelece em nossa vida, trazendo consequências ruins. A obediência a Palavra traz bênçãos sobre a nossa vida, além de que adquirimos sabedoria e discernimento para fazer as escolhas certas (Mt 7.24-27).

quinta-feira, 5 de julho de 2018

A morte de uma igreja (1 Coríntios 1.10)


Por que uma igreja morre? Os cristãos cometem muitos enganos nesse assunto. Muitos pensam que a igreja morre em consequência dos ataques de Satanás. Mas o inferno não tem poder para destruir a igreja. Pelo contrário; diante da igreja, são as portas do inferno que não podem prevalecer (veja Mt 16.18). O maior inimigo da igreja não são os demônios nem alguma ausência de atividade evangelística, nem alguma deficiência no ensino, nem algum tipo de problema financeiro, mas as divisões entre os crentes. Jesus afirmou que um reino dividido não pode subsistir (Marcos 3.24). Assim, se a igreja está dividida, ela não consegue sobreviver. Antes, ela morre.
O apóstolo Paulo sabia que a morte de uma igreja acontecia como consequência das divisões. Por isso mesmo, tão intensamente, ele alertou a igreja de Corinto sobre esse assunto. Em I Coríntios 1.10-17 ele escreveu sobre isso. Nas suas palavras contra a divisão, Paulo apontava para o próprio Senhor Jesus: Cristo não estava dividido e, por isso, nós, os cristãos, devemos lutar contra as divisões.
Vejamos quais são as causas da Morte de uma igreja:
·         Comunicação: uma das causas das divisões é a diferença na linguagem. Se as pessoas de uma comunidade começam a não concordar naquilo que falam, essa comunidade corre um sério risco de morrer.
·         Partidarismo: o ser humano tem uma tendência natural de se ligar aos grupos com os quais se identifica. Isso não é ruim; faz parte da nossa individualidade como seres humanos e a Bíblia não condena esse tipo de associação natural. Mas a Bíblia condena, sim, aquela associação que nasce a partir de divisões dentro de um determinado grupo. Ela condena as associações com ênfase no partidarismo, em que as pessoas valorizam o seu próprio grupo e desprezam os demais.
·         Competição: o apóstolo Paulo mostra que era um absurdo as pessoas se dividirem em partidos e competirem por pessoas. Cristo não está dividido; por isso, devemos lutar contra a competição por pessoas. Devemos entender que as pessoas que chegam à igreja não nos pertencem, mas a Cristo. Nós somos apenas os vasos usados por Deus para ministrar o Evangelho àqueles que se convertem. Ainda que devamos ser modelos para as pessoas, devemos formar seguidores – não de nós mesmos, mas de Cristo. Se cada pessoa formar seguidores dela mesma, haverá várias linguagens, vários partidos e grande divisão dentro da igreja. A igreja é feita de parcerias e não de competições.
·         Falta de visão: uma das coisas que as pessoas precisam entender é que ela não é maior do que a igreja e a igreja não é maior do que o Reino. Ambos estão inseridos dentro de um propósito maior que é a glória de Deus. Somos apenas instrumentos nas mãos de Deus que na sua graça e misericórdia aprouve usar nossas vidas para promover a exaltação de seu Nome.
Por mais que tentemos não desanimar, é muito difícil evitar que as atitudes das pessoas nos desmotivem, e até mesmo nos faça querer abandonar a igreja. Mas não podemos desistir! Apesar de todas as situações ruins a Bíblia nos encoraja e nos adverte a buscarmos a unidade do Espírito e revestirmo-nos do amor que é o vínculo da perfeição.  Todo cristão que nasceu de novo está unido com os outros irmãos no corpo de Cristo, e se lermos o Novo Testamento, veremos que a ênfase dele é a unidade.
"Uma igreja é um hospital para pecadores, não um museu para santos” (Abigail V. Ruben).
 Pr. Fernando Maciel (extraído e adaptado)