Antes de começar, permita-me compartilhar uma história com vocês. Havia
dois garotos que foram criados em casas muito diferentes. O primeiro cresceu
numa casa de regime ditatorial, onde ele tinha de seguir as regras do pai que o
tratava de maneira dura e ríspida. Recebia poucos atos de afeto do pai, desta
forma, sua individualidade e aceitação estavam ligadas a sua capacidade de
viver de acordo com as rígidas expectativas do pai. Ele era sempre avaliado por
seu pai, e por mais que tentasse nunca conseguia superar suas expectativas que
sempre pareciam altas demais. O garoto, então, cresceu e se tornou
emocionalmente negativo e muito crítico em relação a si mesmo.O segundo foi criado num ambiente totalmente diferente. Seu pai sempre
demonstrava e afirmava seu amor pelo filho por meio de abraços e palavras
positivas, que permitiam que o menino soubesse que seu valor estava baseado em
quem ele era e não no que fazia ou deixava de fazer. O pai tinha claras
expectativas em relação ao filho e o incentivava a buscar sempre o melhor. Este
menino cresceu de forma bastante positiva e com um profundo desejo de agradar o
pai. Obviamente o primeiro filho detestava sua casa, sua família e não via a
hora de sair dali, enquanto o segundo amava sua casa e achava que era o melhor
lugar para se estar.
Os resultados das experiências desses dois
filhos representam a diferença entre as igrejas que vivem debaixo da lei e as
que vivem debaixo da graça. Quando o ministério da igreja local está baseado no
cumprimento de regras e leis, muitas vezes duras de lidar, o crescimento
espiritual é paralisado e a igreja torna-se um lugar desagradável de se viver.
Mas quando a igreja ministra a graça de Deus em todas as suas formas, o
ambiente se torna estimulante e revigorante e o crescimento espiritual é
alimentado. Não podemos esquecer que o que torna o Cristianismo diferente de
qualquer religião no mundo é o que conhecemos como Graça de Deus – favor imerecido. Qualquer outra religião na terra é
baseada no que as pessoas precisam fazer para serem aceitas por Deus – é o que
chamamos de salvação pelas obras. Nessas religiões a divindade só responde
quando o adorador faz sacrifícios apropriados ou oferece, ou executa
sacrifícios que lhes são aceitáveis.
Mas, a verdadeira fé em Cristo é edificada no fato de que, em Cristo,
Deus tomou a iniciativa de nos salvar (Rm 5.1; Ef 2.1,5-9) Deus nos salvou não
apenas sem a nossa ajuda, mas apesar de nosso pecado e rebelião contra Ele. (O
exemplo de Israel – profeta Oséias – Os 11.1-4)
A definição básica de graça é, ela é tudo que Deus tem liberdade para
fazer por nós baseado na obra de Cristo. O que torna a graça inacreditável
é que jamais poderíamos obtê-la por nossos esforços, não poderíamos pagar por
ela, e definitivamente não a merecemos. Não porque seja cara, mas apenas porque
não custou nada para nós. A graça é e a demonstração da bondade de Deus e ela
nunca termina, ela nos salva e continua a nos sustentar. (Rm 2.4; 2Pe 3.9) A
igreja tem uma grande ministério e uma grande mensagem para entregar.
A manifestação
da Graça (Rm 5.10): a graça de Deus já existia na eternidade, Deus sempre foi o Deus da
graça. O próprio A.T. está cheio de histórias sobre a manifestação de sua graça
sobre a humanidade: na criação do mundo, na queda do homem, na vida dos
patriarcas (Abraão, Isaque, Jacó e José), na libertação do povo do Egito, na
condução do povo no deserto, na conquista da Terra Prometida, na história do
povo de Israel. O que acontece, é que antes da vinda de Cristo e do pecado ser
tratado na cruz, sua graça estava como que escondida em mistério (Ef 3.1-9). A
graça estava presente, mas não era visível. Em Cristo, Deus manifestou e
revelou toda sua graça (Jo 1.14; Rm 5.15) A graça está incorporada na pessoa de
Cristo, e a graça que Jesus trouxe na cruz leva salvação a todos os homens.
Isso, no entanto, não significa que todos irão para o céu. A ideia é que Cristo
pagou pelos pecados de toda humanidade, principalmente pela condenação que nos
foi dada por meio de Adão. (Rm 5.12,14,17-20) A corrupção da humanidade gerada
em Adão foi tratada em Cristo, de modo que, se alguém vai para o inferno, irá
por causa de seu pecado e de sua recusa em aceitar o sacrifício de Cristo. As
pessoas não se beneficiam do sacrifício de Jesus, porque rejeitam a sua
salvação, e não porque sua obra é ineficaz. (Rm 2. 5-8)
Para aqueles que aceitam a graça de Deus na
pessoa de Jesus, Deus abre um cofre espiritual, tornando disponíveis todos os
recursos necessários para que possamos viver a nova vida que Ele nos dá. (2 Co
5.17; Ef 2.4-7; 2Pe 1.3,4) Devemos dar graças a Deus, que hoje já não vivemos
sobre o regime da lei. A lei veio para instruir e ensinar as pessoas como
deveriam viver para agradar a Deus, mas ela não providenciava o poder
necessário para que que se pudesse cumpri-la, e existia penalidades gravíssimas
para os que a desobedecessem. Assim, pela lei estávamos condenados, não porque
ela seja ruim, mas sim porque nós somos profanos. (Rm 5.13,14; 7.13,14). A lei
tinha uma norma: obedeça e você viverá, desobedeça e você morrerá. Agora, porém,
em Cristo, podemos desfrutar da promessa feita a Abraão de sermos abençoados
como povo, como filhos de Deus, por causa da graça que há sobre todo aquele que
deposita sua fé em Jesus. (Rm 5.20,21; Rm 8.1) A graça não apenas nos redime,
mas ela também nos transforma, ela nos ensina a dizer não para o pecado e sim
para a justiça de Deus. Não podemos comprar a graça, ela é gratuita, mas isso
não significa também que agora posso viver da maneira que quiser, a graça nos
motiva a servir a Deus como resposta de sua grande salvação sobre nossas vidas.
(Rm 6.19; Gl 5.1) Precisamos compreender a graça de Deus, ela não somente nos
livra da lei e do pecado, mas traz em si a capacitação e o poder para que
possamos preencher os padrões justos e perfeitos de Deus, ou seja, a graça faz
com que as expectativas de Deus nos sejam possíveis. Enquanto a lei foi escrita em tábuas de pedra e trazia em si a
condenação, a graça é escrita no coração e traz em si a redenção.
O mundo está acostumado a viver de regras,
mas as regras sozinhas não podem transformar o coração. Se o seu coração está
doente e sem cura, nenhum tipo de regra do tipo faça isso, ou faça aquilo irá
ajudá-lo. Mas se você receber um novo coração, ninguém vai precisar dizer a
você como manter este coração funcionando em seu corpo. Você agirá com gratidão
pelo novo coração que recebeu como dádiva de alguém que o providenciou. Sua
resposta a este relacionamento envolverá mais do que discursos ou regras, mas
uma vida que fará tudo o que for necessário para agradar aquele que te chamou,
perdoou, resgatou e salvou. Se você
renunciar a esta graça você continuará a viver uma vida cristã derrotada,
tentando lutar com suas próprias forças, mas se você se entregar e permitir que
Deus faça a obra, você viverá uma vida cheia de lutas, dificuldades e desafios,
mas na certeza de que Deus já te deu a vitória. A lei lhe diz o que fazer e
lhe dá a penalidade se você não cumprir, condenando-o a morte. A graça diz que
Deus o deixará livre para aceitar seus comandos de amor para o que Ele já fez
por você e lhe dará poder para vencer. Por qual padrão você vai querer viver¿
Extraído do livro (Igreja Gloriosa - Tony Evans)