Certa vez, enquanto Jesus orava em um determinado lugar, os
discípulos, vendo o empenho e o fervor com que orava, sentiram necessidade de
pedir: "Senhor, ensina-nos a orar". Os discípulos haviam estado com
Cristo e viram-no orar. Haviam aprendido a perceber uma ligação íntima entre
sua extraordinária vida pública e sua vida secreta de oração. Haviam aprendido
a crer n'Ele como o Mestre na arte da oração, pois ninguém podia orar como Ele.
Tudo isso justifica o pedido: "Senhor, ensina-nos a orar".
À medida que crescemos na vida cristã, o pensamento e a fé na
incessante e infalível intercessão do Amado Mestre tornam a oração algo ainda
mais precioso, e a esperança de interceder como Cristo ganha um atrativo totalmente
novo para nós. E conforme O vemos orar, e reconhecemos que ninguém pode orar nem
ensinar como Ele, sentimos a mesma necessidade que os discípulos sentiram de
pedir:
·
"Senhor, ensina-nos a orar". E enquanto
pensamos em tudo que Ele é e tem, em quanto necessitamos d'Ele e em como Ele
mesmo é nossa vida, sentimos segurança de que basta pedir e Ele terá imenso
prazer em nos levar a uma comunhão mais íntima com Ele e nos ensinará a orar
como Ele ora.
·
"Senhor, ensina-nos a orar." Embora, a
princípio, oração pareça ser algo tão simples que até a mais débil criança pode
fazer, também é, ao mesmo tempo, o trabalho mais sublime e santo que o homem
pode realizar. Ela é comunhão com o Deus Invisível e Santíssimo. É pela oração
que as promessas esperam por seu cumprimento, o reino por sua vinda e a glória
de Deus por sua plena revelação. E como temos sido indolentes e inadequados
para realizar esse abençoado trabalho! Somente o Espírito de Deus pode nos
capacitar a fazer isso de forma correta.
·
"Senhor, ensina-nos a orar." Sim, a
nós, Senhor. Temos lido em Tua Palavra as orações poderosas que Teus servos do
passado fizeram e as grandes maravilhas que Tu operaste em resposta às suas
petições. E se isso ocorreu na Antiga Aliança, no tempo de preparação, quanto
mais agora, nos dias de cumprimento, Tu não darás a Teu povo a segurança plena
de Tua presença em nosso meio.
·
"Senhor, ensina-nos a orar." Nada
parece, no início, tão simples e depois tão difícil, a ponto de sermos coagidos
a confessar: não sabemos orar como convém. É verdade que temos a Palavra de
Deus, com suas firmes e claras promessas; mas o pecado tem obscurecido tanto
nossa mente que raramente sabemos como aplicar a Palavra. A oração deve ser
para a glória de Deus, em total rendição à Sua vontade, em plena certeza de fé,
no nome de Jesus. Só se aprende a divina arte da oração eficaz em meio à
dolorosa consciência de nossa ignorância e falta de merecimento e em meio ao
conflito entre crer ou duvidar.
·
"Senhor, ensina-nos a orar." Ninguém pode
superar Jesus na arte de ensinar; por isso roguemos a Ele. Ele sabe ensinar!
Seja pela urgência da necessidade, seja pela confiança jubilosa. Seja pelo
ensino da Palavra, ou pelo testemunho de outro crente que sabe o que é ter
orações respondidas. Por meio do Espírito Santo Ele penetra nosso coração e nos
ensina a orar revelando-nos o pecado que impede nossa oração, ou nos dá a
garantia de que nossa oração foi aceita por Deus.
Meu amado irmão
(ã), reflita! Separe tempo não apenas para meditar, mas para orar e permanecer
diante do trono, para ser treinado no trabalho de intercessão. Estejamos certos
de que em meio a nossos tropeços e temores Ele realizará Sua obra em nós de
forma esplêndida. Ele soprará Sua própria vida, que é toda oração, dentro de
nós. À medida que nos tornarmos participantes de Sua justiça e de Sua vida, Ele
também intercederá por meio de nós. Como membros de Seu corpo e como sacerdócio
santo, faremos parte da obra sacerdotal de rogar e prevalecer com Deus em favor
dos homens. Sim, por mais ignorantes e débeis que sejamos, vamos pedir com
muito gozo: "Senhor, ensina-nos a orar".
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