Vivemos
numa época de transtorno e mudanças. As tradições familiares estão perdendo seu
valor. Os conceitos tradicionais provindo de raízes judaico-cristãs sobre a
família estão sendo rejeitadas. O aumento da imoralidade, das ideologias
humanas e o crescente número de divórcio tem mostrado que a instituição
familiar está deixando de existir. A influência de uma cultura em que seus
valores são contrários a Palavra de Deus tem mudado a concepção de família que
as pessoas costumavam ter. O que estamos vendo hoje é a dissolução da família.
E, infelizmente, na igreja existem sinais alarmantes de que a pressão pela qual
a sociedade está passando tem afetado também a família cristã. Precisamos
reafirmar os princípios bíblicos que devem governar o lar da família cristã. Um
dos pressupostos cristãos é que foi Deus que instituiu a família (Gn 2.18-25 em
especial o verso 24). A família como Deus a criou é uma representação do
relacionamento de unidade e harmonia que existe na Tri-Unidade de Deus. A
família fala ao mundo a respeito da natureza de Deus e seus planos para a
humanidade. Á medida que a família falha em espelhar o modelo original de
relacionamento com Deus, comprometem-se todos os relacionamentos que o
indivíduo desenvolverá na sociedade.
Diante
disso a pergunta que se faz é como a família poderá resistir às crises de uma
sociedade corrompida e indiferente para com Deus?
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A família cristã é uma representação do Reino de Deus e
por meio dela o mundo é abençoado (Js 24.3-4 – compare com Gn 12.1-3): o que Deus pode fazer pelo homem é testemunhado na
família que invoca a Deus como Senhor. Na condição de célula que faz parte de
uma sociedade (um conjunto de células que formam um corpo), a família guarda em
si a natureza e o propósito da convivência entre as pessoas. É nela que se
reproduzem de forma simplificada os padrões de relacionamento, de perdão, de
sucesso, de autoridade, de submissão, de liderança que caracteriza o sistema
maior chamado Reino de Deus – a igreja é a família de Deus, portanto a família
é o conjunto de famílias reunidas debaixo de um mesmo propósito. Ao falhar em
reproduzir essa dimensão maior, o mundo fica sem um modelo, um referencial, uma
amostra do que seja o ideal pretendido por Deus para todas as pessoas. Não há
ideologias que possa superar a família estabelecida por Deus onde o amor de
Deus se torne visível e concreto. Enquanto houver o referencial do Reino de
Deus no mundo, haverá o juízo de Deus sobre a humanidade, porque todos deverão
seguir o modelo que por Deus foi estabelecido. Enquanto houver amostra do amor
de Deus nas famílias, haverá esperança e acima de tudo a afirmação de que o
Senhor reina.
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Na família cristã vivencia-se a redenção e o Senhorio de
Deus (Js 24.14-15): Deus escolheu uma
família para dela fazer uma nação, Ele escolheu uma família para por meio dela
trazer a salvação. Dentro da estrutura da família cristã são mantidas e
reproduzidas as condições a que Deus nos relevou na pessoa de Jesus: dignidade,
igualdade e unidade (Ef 2.11-22). Todas as vezes que surgem na família
estruturas de relacionamentos que dão abrigo a opressão, a violência, a falta
de amor, o desprezo gerando assim, o desânimo, o ódio e a amargura, isto revela
a ineficiência da sabedoria humana em buscar a redenção dos erros cometidos
pelos que fazem parte dela. Existe um padrão de relacionamento proposto para
nós que emana da própria personalidade de Deus; um relacionamento que se apoia
e se sustenta em bases consideradas frágeis pela sociedade moderna: o amor e a
capacidade de doar-se aos outros, tendo em vistas o aprimoramento de nossas
fraquezas. Enquanto a força subjuga, o amor conquista. A busca pelo poder é
egocêntrica, o amor é altruísta. A força destrói, o amor constrói. O orgulho
condena, o amor perdoa e busca a restauração do outro. O amor resgata o
verdadeiro valor das pessoas criando relacionamentos saudáveis, em que há
crescimento e edificação da família.
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Na família cristã vivencia-se o padrão de submissão e
autoridade (Js 24.19-25): conhecendo e
entendendo, mesmo que de maneira superficial o ambiente em que se insere e se
desenvolve a família, talvez seja possível pensar na questão da submissão e
autoridade. Como vimos, a família está inserida dentro de um contexto em que
ela representa algo maior (Reino de Deus). Ela é parte de uma razão que
ultrapassa a sua razão de existir, uma célula que faz parte de um corpo que foi
resgatada com um propósito: glorificar a Deus. A autoridade reconhecida de Deus
na família dá a ela o papel de buscar desenvolver entre os seus integrantes a
busca pela maturidade, o que implica plenitude e realização enquanto ser
humano, tendo como padrão o próprio Jesus. Maturidade, aqui, significa
colocar-se, com tal inteireza e capacidade do lado de Deus, excluindo, assim,
toda e qualquer expressão humana do que se acredita ser família. A autoridade
da família está em submeter-se as diretrizes estabelecidas por Deus na sua
Palavra ajustando sua conduta as normas por ela determinadas (2Tm 3.16-17). A
relação de submissão da família e na família é aquela que foi dada por Deus
(1Co 11.3; Ef 5.22-33).
a.
A submissão na família se dá num ambiente de amor: o princípio que rege as relações do homem com Deus, é o
mesmo que rege a relação que deve haver entre os familiares: amor, voluntário,
verdadeiro e espontâneo.
b.
A submissão na família se dá num ambiente de lealdade: lealdade está intimamente ligada a fidelidade. Quando
não existe o compromisso de uns para com os outros, o clima que se cria é de
desconfiança e traição. O verdadeiro amor cria vínculos de exclusividade no
relacionamento entre os familiares.
c.
A submissão na família se dá num ambiente de serviço e
renúncia: se você não está disposto a
investir no relacionamento entre seus familiares; se você não se dá ao trabalho
de investir na sua família, então, ela logo será destruída pelas influências de
uma sociedade corrompida, pelas adversidades de um mundo caído.
A
regra do amor bíblico é Deus acima de tudo e a busca do crescimento do próximo
acima de si mesmo (Mt 22.37-40). Um amor inteligente e maduro que assume o
compromisso de cuidar, edificar e servir. A família é a base da sociedade, ela
foi criada por Deus para representar a missão do Reino: resgatar e restaurar
vidas perdidas, mediante a aplicação da redenção em Cristo Jesus. Uma família
que começa estabelecendo o compromisso de servir a Deus e abandonar as
influências de uma sociedade e suas ideologias humanas. Que tem a Palavra de
Deus como seu guia para lhe dar as diretrizes necessárias do que fazer ou não
fazer diante das crises que irão surgir. Que entende que não importa o que
aconteça “o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, o amor nunca
falha..”