quarta-feira, 5 de maio de 2021

Uma Palavra de esperança em meio ao caos

 Tem dias que dá vontade de jogar tudo pro ar. Dias em que ao olhar ao redor o mundo parece desabar sobre sua cabeça. Muitas vezes fico pensando no que o apóstolo Paulo disse ao declarar que partir e estar com o Senhor é incomparavelmente melhor. Esse mundo jaz no maligno e tudo o que acontece só vem para comprovar isso. Dias em que a gente tenta admirar a beleza das coisas criadas e recebemos notícias tão assustadoras e aterrorizantes que parece que nada mais tem beleza. O cantar dos pássaros, a beleza das flores e o iluminar do sol  perdem todo o encanto diante de tamanha crueldade, maldade e sofrimento. É tanta pobreza, fome, desgraça, desamor e morte que até assusta – Deus que mundo é este?

A tortura daqueles que são incapazes de se defender. A imponência diante de tanta corrupção e violência. Sinto como se minhas as mãos estivessem atadas diante do mal agindo. Quando caímos, não dá nem vontade de levantar. A vontade, aliás, é de fechar os olhos e muitas vezes ignorar, conforme diz o escritor bíblico: quanto mais sabemos, mais triste somos (Eclesiastes 1.18).

Em meus pensamentos grito: ATÉ QUANDO? Até quando Senhor … Estou como Habacuque. Grito ao Senhor “violência!”, mas Ele parece surdo. Parece que Deus não ouve mais minhas orações. Quanto mais eu oro, mais aumenta o caos, a dor e o sofrimento. Quando a dor é causada por mim, compreendo. É minha culpa, minha responsabilidade em consertar e buscar perdão. Mas, quando não vem de mim. Quando eu não tive culpa, quando não tive sequer conhecimento, e então? Até que ponto eu posso ajudar, Senhor? Sinceramente, eu não sei o que fazer.

Assim, me fecho em meus sentimentos de lamúria e indignação. Isso até me ajuda a ver melhor, pois, enquanto eu olho ao redor eu me assusto e vejo toda essa escuridão que consome alguns – não todos. Mas, quando olho para dentro, vejo que a escuridão também faz parte de mim, vejo um vazio profundo que tenta entender este mundo. Percebo que em mim há também muita sujeira. Meu pecado pode não refletir como o de outros. Eu posso não ter ferido a ninguém fisicamente. Não acho que teria coragem de matar. Mas, já apunhalei com palavras. Já senti o calor do ódio no coração. Já tive vontade de gritar, de abominar, de ferir com berros.

O pecado existe em mim e se manifesta de outras formas… Mas, descubro que está lá. Aterrorizante e profundo e tão condenável quanto o de qualquer outro. E o meu fim, bem não será muito diferente deles (Eclesiastes 2.16-17). Com todas as minhas malícias, dores e pecados, só existe um destino - à condenação eterna, ao fogo que nunca diz basta.

Porém, no fim de tudo isso vejo uma luz. Vejo a Luz (João 8.12). Se não fosse por essa Luz que ao mesmo tempo nos cega, mas logo nos faz ver uma nova realidade, eu já teria desistido. Com um olhar pessimista não conseguiria ir em frente, se não fosse essa Mão tão poderosa que continua regendo tudo. Do Seu trono Ele vê tudo. E Ele julga.

Como o profeta Habacuque, recebo uma resposta: Ele vem. Em meio à tristeza, em meio à angústia, Ele vem. Ainda que pareça demorar e pareça atrasado, Ele vem, Ele considera e Ele vem. Vem com paz, vem com alegria, vem com beleza. Quando tudo cai, Ele traz bálsamo que cura. Ele é o próprio bálsamo que cura.

Tá doendo? Sim. Ainda confuso? Sim. Mas, o desespero vai embora. O medo vai embora. A vontade de desistir vai embora. Diante de tudo só posso me prostrar, me humilhar e confessar: “Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia.” (Habacuque 3:2)

Bem, esse texto revela o que e como está meu coração. Espero que edifique sua vida e você possa descobrir, mesmo em meio a esse turbilhão de coisas acontecendo: morte, desgraça, violência, corrupção  o que nos mantém de pé e nos ajuda a caminhar com esperança, e assim fazer está oração:

Ainda que a figueira não floresça e não haja frutos nas videiras, ainda que a colheita de azeitonas não dê em nada e os campos fiquem vazios e improdutivos, ainda que os rebanhos morram nos campos e os currais fiquem vazios, mesmo assim me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus de minha salvação! O Senhor Soberano é minha força! Ele torna meus pés firmes como os da corça, para que eu possa andar em lugares altos. (Habacuque 3:17-19)

Extraído e adaptado