segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O Evangelho e a chegada do Novo Reino (Rm 6.1-14)


Sendo o chamado ao arrependimento e a fé a necessidade absoluta quando proclamamos o evangelho, é preciso compreender a natureza da nova vida que é concedida em Cristo fruto de uma genuína conversão. São características que devem estar presentes e que precisam continuar crescendo e sendo aprofundadas durante a nova vida do convertido. Não há dúvida de que ser um discípulo de Jesus tem um alto custo.  Veja Lc 14.25-33:
Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.” (v. 26) 
Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.” (v. 27)
“Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.” (v.33)
Mas, também é verdade que existem muitos benefícios de ser um discípulo de Jesus tais como: perdão dos pecados, ser adotado na família de Deus, ter um novo relacionamento com Deus, desfrutar da presença do Espírito Santo, ser livre da escravidão do pecado, ter comunhão com a igreja – o Corpo de Cristo, participar da ressurreição de Cristo e ter um corpo glorificado livre da presença do pecado, passar a eternidade na presença de Deus. O evangelho não assegura apenas estar livre do julgamento da ira de Deus, mas sim, ter um relacionamento com o Senhor e desfrutar de sua presença constante em nossa vida. A vida cristã é ganhar o que não podemos perder, ou seja, tornar-se um cidadão do reino eterno de Deus. No momento em que você entrega sua vida a Cristo, ela muda para sempre. Mesmo que aparentemente tudo pareça como antes, ainda assim, a verdade é que Ele nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado...” (Cl 1.13).
O significado do Reino de Deus
O Reino de Deus é um tema importante no Novo Testamento. Jesus iniciou seu ministério anunciando a chegada do reino: “... e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus.” (Mc 1.15ª). Veja como é descrito o ministério de Paulo: E morou dois anos inteiros na casa que alugara, e recebia a todos os que o visitavam,  pregando o reino de Deus e ensinando as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade, sem impedimento algum” (At 28.30.31). O livro de apocalipse mostra os céus glorificando a chegada do Reino de Deus: Então, ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e o poder, e o reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo...” (Ap 12.10ª). Mas, o que é exatamente o Reino de Deus, onde ele se encontra, é algo para ser desfrutado aqui agora ou somente para o futuro? Não estamos todos debaixo do governo de Deus, então porque ainda haverá o estabelecimento de seu reinado? Para responder estas perguntas precisamos observar algumas coisas que a Bíblia nos ensina sobre o Reino de Deus:
  • O Reino Redentor: quando pensamos num reino, pensamos em uma área específica de terra que tem um conjunto de leis e limites bem definidos. Nesta perspectiva o reino é definido pela sua posição geográfica. Porém, quando a Bíblia fala de Reino, ele é mais bem entendido como um reinado – o Reino de Deus é, portanto, o governo, o domínio e a autoridade de Deus.

“O teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura por todas as gerações.” (Sl 145.13)
O Reino de Deus não é somente governo, autoridade e domínio. Ele é um governo redentor, estabelecido por uma autoridade soberana exercida sobre o domínio de um Deus amoroso. Ninguém escapa do domínio e da autoridade estabelecida por Deus. Mas, quando usa a expressão Reino de Deus, a Bíblia se refere de modo bem específico ao governo de Deus sobre o seu povo, sobre os que foram salvos pela fé em Cristo Jesus. Assim, podemos dizer que o reino de Deus é o governo, a autoridade e o domínio redentor de Deus sobre aqueles que ele redimiu em Jesus.
  • A chegada do reino: o reino de Deus está aqui (Lc 17.21). Os judeus estavam esperando o dia em que o governo de Deus seria estabelecido na terra e seu povo seria, finalmente, libertado do governo e domínio terreno de outros povos. Jesus chega anunciando que o reino chegou, ele estava ali entre eles. Sendo Jesus o rei prometido que viria a assumir o trono de Davi e reinar para sempre sobre a Casa de Deus, ele declarou que o reino de Deus tinha sido inaugurado nEle. A encarnação de Jesus era mais do que apenas uma visita do Criador aterra que criou. Era o início da ofensiva plena e final de Deus contra o pecado, a morte e a destruição que eles trouxeram ao mundo. Ao olhar para o ministério de Jesus podemos ver o Reino de Deus acontecendo: sua luta contra o diabo e suas tentações demonstrando a derrota do inimigo, a cura de enfermos demonstrando seu poder sobre as doenças e a ressurreição de mortos mostrando que Ele é o Senhor da vida. E por fim, o pecado é vencido quando na cruz Ele clama: “Está consumado!” (Jo 19.30). Passo a passo Jesus vence os efeitos da queda e da entrada do pecado no mundo. O legítimo Rei chegara e tudo o que se opunha ao seu reinado foi decisivamente vencido: pecado, morte, Satanás entre outras coisas. Isto significa que agora, para os que estão em Cristo eles podem desfrutar de todas as bênçãos concernentes ao Reino de Deus.

O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus; e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.” (Rm 8.16-17)
Entretanto, há algo mais, igualmente importante para entendermos.
Um Reino ainda não completo – o Já ainda Não
Apesar de Jesus ter estabelecido seu Reinado sobre toda a terra declarando seu governo, domínio e autoridade sobre ela, seu Reino só estará completo quando o mesmo voltar para buscar o seu povo – aqueles que pela fé passaram a viver como cidadãos do Reino. O diabo foi amarrado, mas não destruído. O mal foi vencido, mas não aniquilado, o Reino foi inaugurado, mas não completamente estabelecido. A Bíblia fala sobre o dia quando tudo estará completado:
Então virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés”. (1Co 15.24-25) 
A grande esperança dos cristãos, aquilo pelo qual mais anelamos e para a qual olhamos a fim de obter força e coragem é o dia em que o Rei abrirá os céus e retornará para firmar o seu reinado glorioso, completo e para sempre; em que tudo será corrigido e a justiça finalmente será feita. Deus planeja criar para seu povo um novo mundo, livre do pecado da morte e das doenças, um mundo em que Ele habitará para sempre no meio de seu povo, um mundo em que: “o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” (Ap 21.3-4)

O que dizer em resposta a tudo isto: “Maranata, ora vem Senhor Jesus”!


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O Evangelho e a necessidade da fé e do arrependimento (Rm 2.4; 4; Rm 5.1,18)


Agora que entendemos que o Evangelho são as boas notícias por trás das más notícias que revelam a Boa Nova da Salvação; que pela Graça e misericórdia de Deus somos resgatados do pecado para uma vida gloriosa em Deus por causa da morte e ressurreição de Jesus. O que devemos fazer, qual deve ser a nossa resposta à manifestação de tão grande amor que nos alcança e nos salva apesar de não merecermos? Para compreender o evangelho de forma plena, precisamos olhar para a largura, altura e profundidade do amor de Deus exibido no calvário, estabelecido desde antes da fundação do mundo. O reino soberano do Senhor foi rejeitado pelo homem no Jardim do Éden quando este resolveu rebelar-se contra o domínio e a autoridade de Deus, e desde então, qualquer ser humano, neste mundo caído vem se rebelando contra Deus vivendo conforme suas próprias vontades. Em Cristo, Deus derramou toda a sua ira contra o pecado proporcionando a todo aquele que crê uma nova vida, uma vida de santidade e temor ao Senhor, como Rei e Soberano sobre todas as coisas. Jesus serviu como sacrifício perfeito, satisfazendo a ira justa de Deus, ao mesmo tempo em que revelou o amor redentor de Deus, restaurando nosso relacionamento com o Senhor.
A resposta do homem ao evangelho – fé e arrependimento
Quando Jesus iniciou seu ministério, ele o fez chamando os homens ao arrependimento: “... arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15b). Estas ordens – arrependei-vos e crede – são o que Deus exige de nós em resposta às boas novas da salvação. Em todo o Novo Testamento, as pessoas são chamadas ao arrependimento (Mt 3.1-2; 4.17; At 2.37-38; 3.19; 20.20-21). Fé e arrependimento são o que caracteriza aqueles que são salvos em Jesus, isto é, uma pessoa que se converte de seu pecado e confia em Deus e nada mais para salvá-lo da ira e do julgamento que está por vir.
Uma questão de confiança: fé é dependência total e completa em Deus.
Como crentes somos chamados a viver pela fé (Gl 2.20) e nos arrepender continuamente diante das batalhas implacáveis que assolam nosso coração. Fé é muito mais do que acreditar, fé é confiar de tal maneira que você se entrega de corpo e alma ao objeto de sua crença. Muitas pessoas dizem que a fé é acreditar em algo tais como Papai Noel, Coelho da Páscoa, poder místico dos cristais, das pedras, da natureza. Mas, a fé é muito mais do que uma crença, ela é uma atitude que nos leva a agir baseado numa confiança e dependência de algo ou alguém (Hb 11.1). Ao ler a Bíblia, vemos que a fé não é crer em algo que você não pode provar. Fé é dependência, confiança firme e inabalável, alicerçada na verdade e fundamentada na promessa de Jesus ressuscitado de nos salvar do pecado.
A natureza da Fé (Rm 4.18-21): existe uma ligação inseparável entre a fé e o arrependimento. O arrependimento é necessário em nossa falta de fé e a fé é necessária para o nosso arrependimento. Apesar das contradições da vida e dos dilemas que enfrentamos em nossa alma, precisamos confiar e descansar em Deus e nas suas promessas, pois Ele é fiel para cumpri-las. A fé nos leva ao arrependimento e o arrependimento nos leva a ter fé na justiça de Deus para nos livrar da morte e do juízo vindouro. A Bíblia ensina que a maior necessidade do homem é ser considerado justo diante de Deus. Quando o julgamento vier o veredicto que esperamos ouvir é inocente e não culpado. Mas, como obtemos esse veredicto? A Bíblia diz que não é por nossas obras que somos justificados diante de Deus, a nossa ficha está suja, estamos todos condenados. Mas, se colocarmos nossa fé em Jesus, dependendo dEle para ser nosso substituto, tanto em vida perfeita como na morte que pagou pela penalidade do pecado, seremos justificados.  Jesus morreu a nossa morte para que pudéssemos viver a sua vida. Em Cristo, Deus olha para nós e vê a justiça perfeita de Jesus, seu sacrifício como aprazível diante dEle. Nenhum de nós pode satisfazer o padrão de santidade estabelecido por Deus. Deus nos salva por pura graça, não porque tenhamos algo para lhe oferecer.
Salvos pela Graça, justificados pela Fé
Quando compreendemos o quanto somos dependentes de Jesus para a nossa salvação – sua morte por nosso pecado, sua vida por nossa justiça – vamos entender porque a salvação é somente pela fé. Não há outra maneira, não há outro salvador, não há ninguém mais em quem podemos confiar e descansar para nos salvar. Todas as outras religiões inserem a necessidade de esforço próprio para a salvação, sejam elas por boas obras ou por uma vida moralmente correta, ou por tentar equilibrar as duas coisas. Isso mostra o quanto somos orgulhosos e arrogantes em não aceitar que não há mérito algum de nossa parte que possa nos justificar diante de Deus. Colocar a sua fé em Cristo significa renunciar totalmente qualquer outra esperança de ser considerado justo pelo seu próprio esforço. Você confia nas suas boas obras? A fé diz que elas são insuficientes. Você confia no seu coração? A fé significa reconhecer que ele é enganoso e está totalmente corrompido. Ter fé significa aceitar o convite para atravessar o abismo, mesmo sabendo que não é você quem está no controle da situação.
A Resposta da fé – o arrependimento: se a fé é confiar plenamente na salvação dada por Deus na pessoa de Cristo, o arrependimento é o reconhecimento de que você precisa afastar-se do pecado e decidir aceitar o convite de Deus. O arrependimento é crucial para ser salvo e para distinguir quem realmente é salvo. Se você entende corretamente o que é o arrependimento, então, vai perceber que não pode apenas aceita-lo como Salvador e não tê-lo como Senhor de sua vida. A fé em Jesus traz consigo uma renúncia de uma vida de pecado e sujeição ao Reino das trevas. Se não houver esta renúncia, então não houve verdadeiro arrependimento. Embora o arrependimento não signifique que você não terá de lutar mais contra o pecado, mas ele o levará a uma guerra mortal contra ele, em que você irá buscar viver uma vida que agrade a Deus, não importa qual o custo que terá de pagar para isso. O arrependimento verdadeiro é mais uma questão de atitude do coração para com o pecado do que uma simples mudança de comportamento.
Uma escolha a fazer (Mt 6.24): quando uma pessoa verdadeiramente se arrepende e aceita o convite feito por Jesus, sua vida começa a mudar – ela começa a dar frutos. Verdadeiros convertidos praticarão obras dignas de arrependimento. Quando a pessoa recebe nova vida em Cristo, ela passa a agir como Jesus demonstrando em seu caráter o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.
Quando você estiver diante de Deus no dia do julgamento o que você dirá a Ele? Apresentará suas atitudes piedosas, o fato de você nunca ter faltado a um culto na igreja, seu exemplo cristão na família, o fato de nunca ter feito algo realmente deplorável aos olhos da sociedade? Tudo isto é apenas resultado de uma vida transformada, de alguém que soube reconhecer seu estado pecaminoso e pediu que Deus o ajudasse. A única resposta que realmente podemos dar é está: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pois sou pecador!” (Lc 18.13b)