Esta carta revela as glórias do nosso Salvador. Escrita provavelmente para judeus convertidos ao cristianismo, mas que por causa da perseguição estavam vacilando na fé e retornando ao antigo sistema religioso ao qual estavam acostumados. Por causa dos escárnios e zombarias, prisões e perdas, eles pensavam que haviam perdido tudo por causa de sua fé em Cristo. Mas o autor da carta vai lhes mostrar através de sérias advertências a superioridade de Cristo em relação a Antiga Aliança; que, o que eles tinham anteriormente, eram apenas sombras das coisas futuras, mas que foi lhes apresentando a verdadeira realidade de sua fé, a concretização das promessas do Antigo Testamento. Eles estavam deixando de olhar a verdadeira essência de quem era o Messias e correndo o perigo até mesmo de abandonar o caminho da verdade. O escritor vai conduzi-los de um conhecimento elementar para uma compreensão mais madura sobre quem é Jesus Cristo. Para isso, ele começa mostrando a superioridade de Cristo em relação a várias coisas concernentes ao Antigo Pacto e a necessidade de que conservem firme a fé e a esperança no Evangelho. A Carta é uma séria advertência para muitos hoje, que não buscam o seu crescimento espiritual em Cristo abandonando-o pelas futilidades do mundo. O escritor fala de tudo que temos em Cristo. Para isso, ele começa fazendo declarações da superioridade de Cristo em relação aos profetas (revelação), aos anjos (autoridade), a Moisés (a Lei), a Josué (a conquista da Terra Prometida) e a Arão (sacerdócio). Todas essas coisas formavam a estrutura de culto e fé no Antigo Pacto, mas agora estava diante deles algo melhor e superior, do qual eles deveriam transferir sua fé e lealdade para esse algo melhor e superior. Essa visão sobre a supremacia e suficiência absolutas de Cristo domina o pensamento da carta inteira. Cristo é superior e ultrapassa todos os outros mediadores entre Deus e os homens (Jo 1.17; At 4.12; 1Tm 2.5). A primeira revelação preparou o terreno para a segunda; a segunda consumou a primeira. A revelação final de Deus é dada não somente na encarnação de Cristo, mas no fato dele ser o cumpridor de Lei e da obra de expiação pelo pecado (Mt 5.17; Rm 10.4; Gl 3.24-25). O Cristo que foi crucificado, está agora entronizado e é capaz de salvar todos os que nele depositam sua fé. Nos versos 2-4, há declarações revelando a Deidade genuína e absoluta de Cristo ao estabelecer a pessoa de Cristo como a revelação final de Deus e, em sua essência, sendo o próprio Deus, Criador e sustentador de todas as coisas que está assentado em seu trono de Glória. Na qualidade de Deus-Homem, ele obteve, por virtude de herança, uma posição acima de todos.
Uma vez que o tema de Hebreus é a
superioridade de Cristo e a salvação que ele oferece em relação à Antiga
Aliança, o autor discorre amplamente sobre os seres angelicais. Na Antiga
Aliança os anjos tiveram papel fundamental na revelação de Deus. Por isso, para
mostrar a superioridade de Cristo como a própria revelação de Deus, o escritor
passa fazer referência ao papel de Cristo em relação ao papel que os seres
angelicais tinham. O escritor mostra a superioridade de Cristo em relação ao:
- Título que recebe (v.5): O Filho é superior aos
anjos, primeiramente, por causa do que Ele é eternamente como Deus; em segundo
lugar, por causa do que Ele se tornou como o exaltado Deus-Homem. Nenhum
individuo exceto Jesus é chamado e designado como o Messias, o prometido que
viria para assumir o Trono e ser o Rei, tendo o governo eterno. Por isso, o
Título Filho de Deus aqui, deve ser entendido com relação a sua realeza. Jesus
é o Filho de Deus dotado com poder e autoridade superior, os quais até os anjos
lhe devem adoração.
- A adoração que lhe é
devida (v.6):
Jesus Cristo não é apenas maior do que os anjos, porque Ele é o Filho de Deus,
mas também porque Ele é adorado. A palavra primogênito qualifica a Palavra
Filho, no sentido de primazia e não de criação. O
Filho é o criador dos anjos, e Deus ordena a essas criaturas que honrem o seu
Filho.
- Sua natureza superior (v.7-9): O
contraste entre o Filho de Deus e os anjos é evidente para o escritor. Em
nenhum lugar na Escritura os anjos recebem o título que indica que eles são
iguais ao Filho. Ao contrário, como criaturas eles são servos de Deus e ficam
prontos a cumprir seu desejo. As palavras do verso 7 apontam para
o Criador que fez todas as coisas e quem, por implicação, relega os anjos à
posição de seres criados. O segundo contraste é expresso nas características do
rei e seu reinado, revelando a estabilidade do trono do rei - isto é, o trono
do Filho. A realeza divina não poderia ser assumida por qualquer monarca
israelita; somente o Filho de Davi, Jesus Cristo, cujo ministério terreno
demonstrou a retidão de sua natureza (2Sm 7.13). Jesus ama a retidão e deseja
que o povo em seu reino também ame a retidão e odeie a iniquidade. A retidão é
a base de seu reino. A aplicação de sua justiça enche-o com alegria e
felicidade, e constitui sua unção (Jo 15.11).
- A sua existência eterna (v.10-12): Nessa
citação do Salmo 102 o Espírito Santo revela que Cristo existe eternamente e
que sua natureza não muda (Hb 13.8). O escritor
apresenta a doutrina da eternidade e imutabilidade do Filho, por quem tudo foi
criado e por quem todas as coisas são sustentadas. Embora os céus e a terra
tenham sido criados pelo Filho que é eterno, eles não compartilham de sua
eternidade (Mt 24.35). A citação do Salmo 102 ensina o caráter distinto do
Filho: Ele é o criador, poderoso, imutável e eterno.
- Pelo seu fim glorioso
(v.13-14):
O destino de Jesus Cristo é que, finalmente, tudo no universo estará sujeito a
Ele (Fp 2.9-11). Por nomeação divina Ele deverá
continuar a ocupar o trono na expectativa inabalável de triunfo completo (1Co
15.24-25). Os anjos, em contraste com isso, são enviados da parte do trono para
cumprir o ministério a favor daqueles que compartilharão dessa gloriosa
consumação da plena salvação do homem.
Conclusão
A figura central no capítulo 1 é o Filho de
Deus, que é apresentado não pelo nome, mas antes como criador do universo,
redentor de seu povo e rei que governa à mão direita de Deus. O escritor de
Hebreus formula temas que ele desenvolve no restante de sua epístola. Ao contrastar o Filho com os anjos, o escritor de Hebreus começa e
termina seu conjunto de sete citações com questões retóricas que aguardam uma
resposta negativa, sendo apenas a última com uma resposta positiva. O Filho
recebeu o lugar de maior honra, que é estar sentado próximo de Deus, o Pai. O
trono de Deus é o trono de Jesus, que reina até que todos os seus inimigos
sejam destruídos.
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