quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

As Escrituras e as promessas

 

Na Pessoa e na Obra realizada por Jesus Cristo, Deus estabeleceu provisão para a salvação plena e suficiente do Seu povo. E para que seu povo tivesse conhecimento desta provisão, Ele a apresentou nas grandes e preciosas promessa que se acham em toda a Bíblia. É por meio dessas promessas que tomamos conhecimento da vontade de Deus em Cristo Jesus. Assim, podemos desfrutar da comunhão autêntica com Deus independente das condições e circunstâncias que estejamos passando. As promessas divinas são declarações de que Deus nos dará algum bem ou irá retirar algum mal, como demonstração do seu amor divino por nós.

Deus tem o propósito íntimo de exercer este amor e executá-lo segundo as promessas que fez de acordo com o Seu propósito, nos revelando os benefícios advindos dessas promessas sobre nossa vida. Deus nos revela seu amor mostrando-nos os benefícios para que descansemos nEle, confiando em sua Palavra. Quando Deus fala conosco a respeito de sua Pessoa, ele não poupa palavras para revelar o seu caráter. A mente humana pode perceber a grandeza desse Deus, mas somente um coração regenerado é que pode experimentar e sentir a grandeza de Deus e de suas promessas para o Seu povo.

As promessas foram colocadas inteiramente à disposição daqueles que estão em Cristo. Somente através de Cristo é que se pode viver as promessas de um Deus Grande e Santo. O pecador impenitente não pode receber e ter essas promessas sobre sua vida, pois elas estão reservadas somente para os que reconhecem e aceitam a oferta de amor que Deus fez através de seu Filho. As promessas e as benção nos são dadas por meio de Cristo, pois é nele que as famílias da terra são abençoadas. Quem não está em Cristo não desfruta do favor de Deus, na verdade, está debaixo de condenação e da justa indignação do Senhor. Sobre este pesa a ira divina e não suas promessas. Somente os filhos de Deus é que são filhos da promessa. A verdade precisa ser aceita e recebida, caso contrário, você não irá fazer parte das promessas que Deus tem para o Seu povo.

Infelizmente, são muitos que apesar de serem parte do povo de Deus não desfrutam das promessas. Estes ainda não se apropriaram das promessas, pois têm negligenciado a Deus e sua Palavra. Devemos ser diligentes em nossa busca pela Palavra e sua aplicação em nossas vidas, familiarizando-nos com as coisas que o Espírito tem revelado para nós na Palavra de Deus. Precisamos examinar as Escrituras para não somente tomar conhecimento do que nos foi dado, mas para meditar e pedir ao Senhor que nos dê entendimento na compreensão de sua vontade revelada na Bíblia. O crente não obtém qualquer consolo nem qualquer força espiritual das promessas de Deus, se sua fé não se apropria delas, e elas não penetram em seu coração. Jesus mesmo disse: "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna." (Jo 6.27). Isso significa que é necessário esforço e disciplina em conhecer a Palavra e viver as promessas de Deus. Quando a Palavra está sendo enraizada no coração, o Espírito Santo traz a nossa memória, as promessas de Deus, quando elas nos são necessárias (Jo 14.26).

Muitos tem ainda uma mentalidade terrena, e para estes as promessas de Deus parecem mais um produto da imaginação piedosa de uma realidade não palpável. Creem em Deus e acreditam nas coisas espirituais, mas andam totalmente esquecidos de que a verdadeira piedade tem a promessa da vida que agora é e da que há de vir. Por não viverem a Palavra nas pequenas adversidades da vida, não conseguem vive-las, quando passam por tempestades e tribulações. Saiba que se você está andando em retidão e na dependência do Senhor, Ele não lhe sonegará o que você precisa, pois segundo a Sua riqueza em glória, Ele supre todas as nossas necessidades em Cristo Jesus. Independente da situação que esteja passando, aproprie-se das promessas de Deus, não permita que o diabo lhe roube com suas mentiras a porção da Palavra do Pai.

Apesar do fato de que as promessas de Deus se derivam de sua pura graça, não devemos nunca nos esquecer que a graça reina pela justiça. Se ignorarmos os preceitos de Deus e andarmos em rebeldia, não deve nos surpreender que as promessas não estejam se cumprindo em nossa vida. Se ignorarmos as leis naturais estipuladas pelo Senhor, teremos de arcar com as consequências advindas dessa negligência. Se formos displicentes e ignorarmos os preceitos divinos, teremos de arcar com a responsabilidade de nossa própria culpa de não recebermos o cumprimento de muitas promessas do Senhor. Não suponha você que por causa das promessas, Deus é obrigado a ignorar as exigências de sua santidade, Deus não vai contra o seu próprio caráter perfeito e justo. É muito fácil para nós nos apegarmos apenas as promessas e esquecermos o vínculo que elas têm com a aliança estabelecida por Deus para o Seu povo. Se você não está vivendo em comunhão com Deus e obedecendo seus mandamentos, não pense que irá ser abençoado com isso.

Deus nos deu suas promessas para nos mostrar o seu amor e cuidado por nós e consolar nosso coração desenvolvendo nossa fé. Deus nos chama a olhar sempre para o alto, isto é, para as realidades espirituais e eternas. A fé olha para a Palavra que fez a promessa e aguarda com esperança a concretização da promessa. As promessas de Deus devem ser um lugar de descanso para o nosso coração. Por isso, o exercício da paciência é fundamental no exercício da fé, que é a demonstração da confiança em Deus e sua Palavra, ainda que nos pareça tardia em se cumprir. Entre a semeadura e a colheita há um processo sendo trabalhado por Deus em nossa vida que nos leva a esperar e descansar nEle. Lembremos que para os que tem a eternidade à sua disposição não precisa ter pressa. Deus nos faz esperar para que a paciência seja aperfeiçoada, e para que tenhamos a confiança de que seus propósitos não falham e nada pode frustrar seus planos. Várias finalidades são alcançadas por Deus quando Ele nos faz aguardar e esperar o cumprimento de suas promessas. Não somente a nossa fé é submetida a teste para que transpareça com mais clareza e seja genuína, mas também para  desenvolver em nós a constância e a esperança, bem como a submissão a Sua vontade.

As promessas de Deus formam não apenas a base de nossa fé, mas também de nossas súplicas a Deus. Nossas petições devem ser feitas de acordo com a vontade de Deus, e sua vontade está nas promessas que Ele revelou para nós em sua Palavra. E também quando vivemos na expectativa dessas promessas buscamos ter uma vida que esteja de acordo com seus mandamentos e que reflita seu caráter. Este é o efeito que as promessas devem produzir em nós. Quando o Evangelho e suas preciosas promessas que nos são dadas graciosamente e aplicadas com poder, elas exercem influência profunda em nossa vida, nos levando a negar a impiedade e os desejos mundanos para vivermos de forma sóbria, justa e piedosa.  


Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A. W. Pink

Editora Fiel

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

As Escrituras e o mundo

A verdadeira natureza do mundo é definida com clareza pela Bíblia e somos advertidos solenemente sobre os perigos que ele nos apresenta. A Bíblia é a luz em meio as trevas que ilumina nosso entendimento na compreensão do mundo em que vivemos, expondo-o em toda a sua essência. O mundo está claramente em inimizade contra Deus. Por essa razão, os filhos de Deus são proibidos de deixarem se conformar ou fixar nele os seus afetos.

A Bíblia nos exorta a buscarmos a Palavra de Deus com todo nosso ser, pois é por meio dela que nos é dado o crescimento para a salvação (1Pe 2.2). Devemos constantemente examinarmos a nós mesmos a Luz da revelação divina. Não para aumentar nosso conhecimento intelectual sobre a Bíblia, mas buscar o desenvolvimento prático que nos leve a conformar-se com a imagem de Cristo. E uma das questões que nos leva a isso é: meu estudo da Bíblia tem me tornado mais parecido com Cristo e menos com o mundo?

A Palavra de Deus abre nossos olhos para discernir o verdadeiro caráter do mundo. A Bíblia diz que o mundo jaz no maligno (1Jo 5.19). Somente o coração iluminado pelo Espírito Santo é que se torna capaz de perceber que o que é elevado aos olhos do mundo é na realidade abominação diante de Deus. No entanto, ao falarmos sobre o mundo, estamos falando de um sistema que vai contra Deus e seus valores estabelecidos. Quem quiser ser do mundo precisa adaptar-se a esse sistema, acomodando-se a ele. O mundo consiste da natureza decaída que se manifesta moldando a estrutura da sociedade em conformidade com as suas próprias tendências. É voltado apenas para as coisas terrenas e não celestiais (1Jo 2.16). Portanto, o mundanismo é o mundo sem Deus.

O mundo é um inimigo que precisamos vencer. Da mesma forma que existe a Trindade Santa, existe a Trindade satânica que é composta pela carne com suas fraquezas, o mundo com suas influências e o diabo com suas artimanhas, que usa das influências do mundo para alimentar ainda mais a fraqueza de nossa carne. O filho de Deus é chamado a travar uma batalha mortal contra essa trindade maléfica. O mundo é um inimigo mortífero, e se não o vencermos em nosso coração, isso revela que não somos filhos de Deus, pois está escrito: “Todo o que nascido de Deus vence o mundo.” (1Jo 5.4). Tudo que há no mundo tende a desviar nossa atenção, afastando de Deus os afetos de nossa alma. As coisas visíveis desviam nossa atenção daquilo que é invisível, colocam nossos olhos naquilo que é temporal e logo irá perecer. Por essa razão é que o mundo não conheceu quando Cristo, o Salvador veio ao mundo, pois ele veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. As preocupações que o mundo no traz, leva-nos a dirigir nossas afeições para as coisas desta terra, gerando ainda mais ansiedade em nosso coração. Devemos vigiar constantemente para não sermos levados pelas prioridades que não sejam do Reino de Deus (Mt 6.33).

O meio pelo qual vencemos o mundo é a nossa fé (1Jo 5.4). Á medida que nosso coração se ocupa com as realidades invisíveis e eternas, somos libertos da influência corruptora dos objetos mundanos. Os olhos da fé são capazes de discernir as verdadeiras cores das coisas terrenas, e percebe que elas são vazias e indignas em comparação com os objetos da eternidade (2Co 4.18-19). A glória de Deus não se compara com o que o mundo quer nos apresentar. Quem tem seus olhos iluminados por Deus, tem em seu coração o desejo da Presença de Deus. Quando se tira do homem mundano aquilo em que ele se deleita, ele sente-se miserável. Contudo, nada pode tirar o brilho da glória de Deus na vida daquele que se submete a Deus e vive em obediência a sua Palavra e desejoso de fazer a Sua vontade. A alegria de quem pertence a Deus jamais lhe será tirada e nem a sua satisfação. Analise seu coração e veja se você está desejando mais as coisas desta terra ou as coisas do céu. Se sua alegria é eterna ou apenas passageira.

Há muito mais proveito para aquele que sabe que Cristo morreu para livrá-lo deste mundo perverso. Jesus veio para cumprir a Lei, destruir as obras do diabo e livra-nos da ira vindoura, salvando-nos de nossos pecados e nos libertando da escravidão deste mundo. Assim como Deus libertou a Israel da escravidão no Egito, em Cristo, ele nos libertou da escravidão do pecado interrompendo o poder que o mundo tem de nos atrair. Cristo se deu como sacrifício pelos pecados de seu povo, para que, em consequência disso, eles sejam libertos do poder condenatório e das influências dominadoras de todos os males que existem neste mundo (Rm 8.1). O Espírito Santo, por habitar a vida dos que creram em Jesus coopera nesta obra bendita desviando nossos pensamentos para longe das coisas terrenas e nos fazendo fixar nossos olhos nas realidades espirituais. Deste modo, os crentes deixam de ter prazer nas coisas terrenas buscando libertar-se deste mundo perverso.

A advertência bíblica diz que não devemos amar o mundo e nem as coisas que há um mundo, pois o mundo passa, assim como os desejos da carne, mas o que faz a vontade de Deus permanece para sempre. O coração precisa ser purificado das corrupções deste mundo, caso contrário, os ouvidos ainda continuaram surdos para a Palavra de Deus. Enquanto tivermos nossa mente nesta terra, não iremos ter prazer em obedecer a Deus. O mundo rejeitou a Cristo, e mesmo que muitos digam professar o seu Nome, no fundo não querem nada com Ele. A busca dessas pessoas é apenas para a satisfação do seu ego, e “usam” Deus apenas como um meio para conseguir o que querem. Como filhos de Deus temos de vigiar nosso coração, pois ainda vivemos neste mundo caído e corrompido, embora nosso espírito deseje o céu. Somos proibidos, de amar o mundo, pois a nossa porção é eterna. O mundo se mostra atraente com tudo o que tem para oferecer, coisas que atraem nossa atenção e cria um desejo e amor por essas coisas, exercendo assim, uma influência fatal sobre nossas vidas. As coisas deste mundo, no entanto, só promovem a felicidade nesta vida e são feitas para isso. Mas, somos ensinados de que devemos afastar nossos olhos e pensamentos para longe do mundo. Quem assim o faz, entende que é melhor perder nesta terra para ganhar o céu, é melhor estar com Cristo na eternidade do que com o diabo no inferno (Mc 8.36-37).

Quem quer ser amigo do mundo se torna inimigo de Deus. Não podemos ter prazer nas coisas que Deus condena e num mundo que rejeita nosso Salvador. Se tiver prazer nisso, então, meu coração não pertence ao Senhor. Como está escrito: ‘Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele.” (1Jo 2.15). O que nos separa dos incrédulos é a nossa fé e o coração regenerado por Deus. Não tem como ter comunhão com este mundo, pois não há harmonia entre a luz e as trevas. O conhecimento e amor pela Palavra desperta em nós o ódio contra o mundo e tudo que é contra a vontade de Deus. Muitos são os que, presos em sua religiosidade, pensam estar agradando a Deus, porém, são hipócritas, pois seus corações estão longe do Senhor. As pessoas mundanas são escravas de seus hábitos e estilos de vida pecaminosos. Mas aquele que amam a Deus, a sua principal preocupação é conformar-se a Imagem de Jesus. Estes têm suas mentes voltadas para o alto, pensam nas coisas do alto (Cl 3.1-3).

Precisamos constantemente examinar nosso coração, guardar nossos pensamentos e verificar nossas prioridades. Precisamos ver o que nos dá mais prazer, o que nos deixa realmente motivados ou preocupados. Pois essas coisas irão revelar se estamos em Deus ou se ainda continuamos no mundo.

Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A. W. Pink

Editora Fiel

 

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

As Escrituras e a obediência

 

Todos os que trazem o nome de Cristo têm o dever de honrá-Lo e glorificá-Lo (1Co 10.31). Porém, muitos não sabem o que fazer e nem como devem fazê-lo. Muitos pensam que, só por serem membros de uma igreja, fazerem sua leitura da Bíblia (quando fazem), ter um tempo de oração (quando tem), praticar as boas obras, dar o dízimo, ofertar para Missões entre outras coisas, estão com isso honrando a Cristo. Verdade é, que até mesmo incrédulos podem fazer todas essas coisas e nem por isso Cristo está sendo glorificado. A religiosidade não significa intimidade com Deus, apenas que você está fazendo nada mais que sua obrigação, se verdadeiramente é um discípulo de Jesus. Cristo é honrado e glorificado quando vivemos em santidade em sujeição a Sua vontade. Esta foi a Palavra que Deus por meio de Samuel dirigiu a Saul quando este, por sua religiosidade e vaidade, dizia estar fazendo o seu melhor para Deus: “O obedecer é melhor do que sacrificar, e o atender melhor que a gordura de carneiros.” (1Sm 15.22). Foi essa a oração de Davi, quando confrontado com o seu pecado, em arrependimento orou: “Tu não desejas sacrifícios, do contrário eu os ofereceria; também não queres holocaustos. O sacrifício que desejas é um espírito quebrantado; não rejeitarás um coração humilde e arrependido.” (Salmos 51:16,17).

Não somos verdadeiramente discípulos de Jesus se não nos rendermos totalmente a Ele, e não o recebermos como Senhor de nossa vida, e não apenas como Salvador. Muitos são que enganados pelas mentiras do diabo e levados pelo seu próprio orgulho, pensam ter a salvação de sua alma, mas continuam vivendo como se Cristo fosse apenas mais um na vida deles, o ego continua a governar suas vidas. Veja o que o apóstolo João diz em sua carta: “Se alguém diz: "Eu o conheço", mas não obedece a seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele. Mas quem obedece à palavra de Deus mostra que o amor que vem dele está se aperfeiçoando em sua vida. Desse modo, sabemos que estamos nele. Quem afirma que permanece nele deve viver como ele viveu.” (1 João 2:4-6).

Há uma séria advertência nessa palavra de Cristo: “Porque vocês me chamam ‘Senhor! Senhor!’, se não fazem o que eu digo? Eu lhes mostrarei como é aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica.” (Lucas 6:46,47). A obediência tem a ver com praticar a Palavra e não apenas conhecê-la intelectualmente.” Isso é o que Cristo exige. Isso é o que a Palavra nos exorta: “Não se limitem, porém, a ouvir a palavra; ponham-na em prática. Do contrário, só enganarão a si mesmos.” (Tiago 1:22). Certa vez ouvi algo que ficou gravado em meu coração: “Os praticantes da Palavra são os melhores ouvintes.” Infelizmente, existem muitos ouvintes da Palavra nos dias de hoje, mas poucos que são praticantes. Supõem que, por terem conceitos claros sobre a salvação somente pela graça, estão salvos. Confundem a Graça de Deus, a qual teve um alto preço a ser pago, com a ideia de gratuidade comercial que temos no dia a dia. A salvação é pela Graça, mas não foi de graça. Muitos são os que tem conhecimento bíblico a ponto de dar inveja nos outros. Pensam que o simples ouvir a mensagem pregada a cada domingo estarão alimentadas por toda semana. Como eu sempre digo, marmitex de domingo também azeda. Você precisa saber preparar o seu alimento. Nos alimentamos da Palavra quando nos apropriamos dela pessoalmente, quando ouvimos, lemos e assimilamos à nossa vida. A Palavra que não é vivida, é apena informação obtida e acrescenta mais condenação a nossa alma.

Hoje temos muitos recursos para conhecer a Palavra: pregações, seminários, vídeos, palestras, estudos bíblicos, porém, muitos jamais chegam a um conhecimento vital e prático da verdade, de tal modo que em sua alma fique gravado o poder e a eficácia da verdade. “...estão sempre em busca de novos ensinos, mas jamais conseguem entender a verdade.” (2 Timóteo 3:7). A verdadeira fé dos filhos de Deus consiste no pleno conhecimento da verdade segundo a piedade. Deus nos deu sua Palavra não apenas para nos guiar, mas para que tenhamos o conhecimento claro e definido do que devemos fazer.

Somos beneficiados da Palavra quando nela descobrimos as exigências de Deus e quando reconhecemos o quanto temos deixado de satisfazê-las. Quando verdadeiramente percebemos quais são as exigências que Deus nos faz e chegamos a admitir que temos deixado completa e constantemente de cumpri-las, podemos ver o quão longe estamos Dele. Deus em sua infinita graça já providenciou todos os meios para que o seu povo cumpra suas exigências. É verdade que Cristo cumpriu a Lei e satisfez a justiça que era exigida pelo Pai, mas ele também nos assegurou que satisfaríamos essas exigências, e para isso enviou o Espírito Santo para nos auxiliar, o Espírito opera em nós o que Cristo já cumpriu por nós. Por meio do Espírito somos regenerados, nosso entendimento é iluminado, nosso coração é transformado e nossa vontade é renovada. Em Cristo somos novas criaturas, por isso, deixemos que o Espírito renove nossos pensamentos e atitudes e revistamo-nos de sua nova natureza, criada para ser verdadeiramente justa e santa como Deus (Efésios 4:23,24). É transmitida ao nosso coração uma disposição que corresponde às exigências da lei, um desejo sincero de cumpri-la. Em Cristo fomos justificados para viver a santidade. Não podemos separar a justificação da santificação.

Deus reconhece uma pessoa que o ama, se essa pessoa guarda a sua Palavra (Veja João 14.15; 1João 5.3). O amor a Deus é mais do que a expressão de meras emoções, é um princípio em ação, que se expressa em atitude de obediência e devoção. Ninguém pode dizer que ama a Deus, se não tem o sincero desejo de obedecer a sua Palavra. A obediência vai muito além do que meros comportamentos que mostram sua religiosidade. A obediência a Deus consiste em render-se a Ele e submeter-se a Sua vontade. Quem obedece por medo, o faz simplesmente para não receber o castigo. A obediência verdadeira é feita com alegria, é a reação espontânea de um coração agradecido pela consideração e o amor desmerecido de Deus pelo pecador (veja 1João 4.19). Bem-aventurado é aquele que tem o seu prazer na Lei do Senhor.  

A verdadeira prova de nosso amor a Deus é o quanto realmente damos valor a sua Palavra. Se alguém diz amar a Deus, mas não ama sua Palavra, engana-se a si mesma. Muitos são os que dizem amar a Deus, mas não tem um tempo sequer para ler e meditar na Bíblia. Quem ama a Palavra de Deus se submete a sua Vontade e seus mandamentos. A verdadeira obediência a Deus é imparcial. O coração renovado não seleciona e nem escolhe que mandamentos irá obedecer. Se você não deseja agradar a Deus em todas as coisas, então não deseja realmente agradá-lo em qualquer coisa. Jesus mesmo disse: “Vocês serão meus amigos se fizerem o que eu ordeno.” (João 15:14). Quem não é amigo, é com certeza inimigo. Quando o Espírito Santo opera a regeneração, Ele nos transmite uma natureza que se inclina à obediência em harmonia com a Palavra de Deus. O desejo do verdadeiro discípulo de Jesus é obedecer a Deus em todas as coisas e conformar-se inteiramente a imagem de Cristo. A graça da salvação transmite ao coração uma disposição habitual em direção Deus e sua Palavra. É por intermédio da obediência à Palavra que purificamos nossa própria alma e somos levados a “refletir a glória do Senhor, e o Senhor, que é o Espírito, nos transforma gradativamente à sua imagem gloriosa, deixando-nos cada vez mais parecidos com ele.” (2 Coríntios 3:18).

Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A. W. Pink

Editora Fiel