Todos os que trazem o nome de
Cristo têm o dever de honrá-Lo e glorificá-Lo (1Co 10.31). Porém, muitos não
sabem o que fazer e nem como devem fazê-lo. Muitos pensam que, só por serem
membros de uma igreja, fazerem sua leitura da Bíblia (quando fazem), ter um
tempo de oração (quando tem), praticar as boas obras, dar o dízimo, ofertar
para Missões entre outras coisas, estão com isso honrando a Cristo. Verdade é, que até mesmo incrédulos podem fazer todas essas coisas e nem por isso Cristo
está sendo glorificado. A religiosidade não significa intimidade com Deus,
apenas que você está fazendo nada mais que sua obrigação, se verdadeiramente é
um discípulo de Jesus. Cristo é honrado e glorificado quando vivemos em
santidade em sujeição a Sua vontade. Esta foi a Palavra que Deus por meio de
Samuel dirigiu a Saul quando este, por sua religiosidade e vaidade, dizia estar
fazendo o seu melhor para Deus: “O obedecer é melhor do que sacrificar, e o atender
melhor que a gordura de carneiros.” (1Sm 15.22). Foi essa a oração de Davi,
quando confrontado com o seu pecado, em arrependimento orou: “Tu não desejas
sacrifícios, do contrário eu os ofereceria; também não queres holocaustos. O
sacrifício que desejas é um espírito quebrantado; não rejeitarás um coração
humilde e arrependido.” (Salmos 51:16,17).
Não somos verdadeiramente
discípulos de Jesus se não nos rendermos totalmente a Ele, e não o recebermos
como Senhor de nossa vida, e não apenas como Salvador. Muitos são que enganados
pelas mentiras do diabo e levados pelo seu próprio orgulho, pensam ter a
salvação de sua alma, mas continuam vivendo como se Cristo fosse apenas mais um
na vida deles, o ego continua a governar suas vidas. Veja o que o apóstolo João
diz em sua carta: “Se alguém diz: "Eu o conheço", mas não obedece a
seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele. Mas quem obedece à
palavra de Deus mostra que o amor que vem dele está se aperfeiçoando em sua
vida. Desse modo, sabemos que estamos nele. Quem afirma que permanece nele deve
viver como ele viveu.” (1 João 2:4-6).
Há uma séria advertência nessa
palavra de Cristo: “Porque vocês me chamam ‘Senhor! Senhor!’, se não fazem o
que eu digo? Eu lhes mostrarei como é aquele que vem a mim, ouve as minhas
palavras e as pratica.” (Lucas 6:46,47). A obediência tem a ver com praticar a
Palavra e não apenas conhecê-la intelectualmente.” Isso é o que Cristo exige.
Isso é o que a Palavra nos exorta: “Não se limitem, porém, a ouvir a palavra;
ponham-na em prática. Do contrário, só enganarão a si mesmos.” (Tiago 1:22).
Certa vez ouvi algo que ficou gravado em meu coração: “Os praticantes da
Palavra são os melhores ouvintes.” Infelizmente, existem muitos ouvintes da
Palavra nos dias de hoje, mas poucos que são praticantes. Supõem que, por terem
conceitos claros sobre a salvação somente pela graça, estão salvos. Confundem a
Graça de Deus, a qual teve um alto preço a ser pago, com a ideia de gratuidade comercial
que temos no dia a dia. A salvação é pela Graça, mas não foi de graça. Muitos
são os que tem conhecimento bíblico a ponto de dar inveja nos outros. Pensam
que o simples ouvir a mensagem pregada a cada domingo estarão alimentadas por
toda semana. Como eu sempre digo, marmitex de domingo também azeda. Você
precisa saber preparar o seu alimento. Nos alimentamos da Palavra quando nos
apropriamos dela pessoalmente, quando ouvimos, lemos e assimilamos à nossa
vida. A Palavra que não é vivida, é apena informação obtida e acrescenta mais
condenação a nossa alma.
Hoje temos muitos recursos
para conhecer a Palavra: pregações, seminários, vídeos, palestras, estudos
bíblicos, porém, muitos jamais chegam a um conhecimento vital e prático da verdade, de
tal modo que em sua alma fique gravado o poder e a eficácia da verdade. “...estão
sempre em busca de novos ensinos, mas jamais conseguem entender a verdade.” (2
Timóteo 3:7). A verdadeira fé dos filhos de Deus consiste no pleno conhecimento
da verdade segundo a piedade. Deus nos deu sua Palavra não apenas para nos
guiar, mas para que tenhamos o conhecimento claro e definido do que devemos
fazer.
Somos beneficiados da Palavra
quando nela descobrimos as exigências de Deus e quando reconhecemos o quanto
temos deixado de satisfazê-las. Quando verdadeiramente percebemos quais são as
exigências que Deus nos faz e chegamos a admitir que temos deixado completa e
constantemente de cumpri-las, podemos ver o quão longe estamos Dele. Deus em
sua infinita graça já providenciou todos os meios para que o seu povo cumpra
suas exigências. É verdade que Cristo cumpriu a Lei e satisfez a justiça que
era exigida pelo Pai, mas ele também nos assegurou que satisfaríamos essas
exigências, e para isso enviou o Espírito Santo para nos auxiliar, o Espírito opera
em nós o que Cristo já cumpriu por nós. Por meio do Espírito somos regenerados,
nosso entendimento é iluminado, nosso coração é transformado e nossa vontade é
renovada. Em Cristo somos novas criaturas, por isso, deixemos que o Espírito
renove nossos pensamentos e atitudes e revistamo-nos de sua nova natureza,
criada para ser verdadeiramente justa e santa como Deus (Efésios 4:23,24). É
transmitida ao nosso coração uma disposição que corresponde às exigências da
lei, um desejo sincero de cumpri-la. Em Cristo fomos justificados para viver a
santidade. Não podemos separar a justificação da santificação.
Deus reconhece uma pessoa que
o ama, se essa pessoa guarda a sua Palavra (Veja João 14.15; 1João 5.3). O amor
a Deus é mais do que a expressão de meras emoções, é um princípio em ação, que
se expressa em atitude de obediência e devoção. Ninguém pode dizer que ama a
Deus, se não tem o sincero desejo de obedecer a sua Palavra. A obediência vai
muito além do que meros comportamentos que mostram sua religiosidade. A
obediência a Deus consiste em render-se a Ele e submeter-se a Sua vontade. Quem
obedece por medo, o faz simplesmente para não receber o castigo. A obediência verdadeira
é feita com alegria, é a reação espontânea de um coração agradecido pela
consideração e o amor desmerecido de Deus pelo pecador (veja 1João 4.19). Bem-aventurado
é aquele que tem o seu prazer na Lei do Senhor.
A verdadeira prova de nosso
amor a Deus é o quanto realmente damos valor a sua Palavra. Se alguém diz amar
a Deus, mas não ama sua Palavra, engana-se a si mesma. Muitos são os que dizem
amar a Deus, mas não tem um tempo sequer para ler e meditar na Bíblia. Quem ama
a Palavra de Deus se submete a sua Vontade e seus mandamentos. A verdadeira
obediência a Deus é imparcial. O coração renovado não seleciona e nem escolhe
que mandamentos irá obedecer. Se você não deseja agradar a Deus em todas as
coisas, então não deseja realmente agradá-lo em qualquer coisa. Jesus mesmo
disse: “Vocês serão meus amigos se fizerem o que eu ordeno.” (João 15:14). Quem
não é amigo, é com certeza inimigo. Quando o Espírito Santo opera a
regeneração, Ele nos transmite uma natureza que se inclina à obediência em
harmonia com a Palavra de Deus. O desejo do verdadeiro discípulo de Jesus é obedecer
a Deus em todas as coisas e conformar-se inteiramente a imagem de Cristo. A
graça da salvação transmite ao coração uma disposição habitual em direção Deus
e sua Palavra. É por intermédio da obediência à Palavra que purificamos nossa própria
alma e somos levados a “refletir a glória do Senhor, e o Senhor, que é o
Espírito, nos transforma gradativamente à sua imagem gloriosa, deixando-nos
cada vez mais parecidos com ele.” (2 Coríntios 3:18).
Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia
Autor: A. W. Pink
Editora Fiel
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