quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Um sinal de esperança (Pv 13.12; Jó 19.23-26)

Esperar não é algo fácil para nós...ainda mais no mundo em que vivemos hoje, em que tudo é muito urgente - "tempo é dinheiro" é o que alguns dizem. Na verdade corremos, tropeçamos e caímos devido a pressa que temos em conseguir as coisas. Muitas vezes corremos e nem ao menos sabemos onde queremos chegar, pois não temos tempo para refletir sobre o caminho que estamos tomando. Tentamos reter as horas  em nossas mãos, mas elas se escoam como a areia que cai na ampulheta. 
"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu" (Ec 3.1)
É preciso tempo para absorver cada momento, assimilar as informações, ver os filhos crescerem, a idade passar. Necessário é aproveitar cada oportunidade que nos é dada por Deus, pois ela é única - senão nos atentarmos a isso lamentaremos o tempo que se foi e que não volta mais.
"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus." (Ef 5.15-16)
Ver o tempo passar e perceber que nada construímos nos causa ansiedade e angústia. Neste mundo somos pressionados; não podemos ser passados para trás, somos pressionados a constantemente a avançar. Definitivamente não sabemos esperar. A Bíblia nos mostra que tudo tem seu tempo apropriado para acontecer, o fruto demora para amadurecer e cada dia é um preparo para o próximo que virá. 
"Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal." (Mt  6.34)
Deus trabalha com processos, é preciso tempo para aprender, crescer e amadurecer. Algumas coisas demoram uma vida inteira para acontecer. E quando elas vierem precisamos estar preparados para recebê-las. Muitos dizem esperar no Senhor, mas poucos são os que realmente esperam. Muitos esperam por falta de alternativas, não porque decidiram esperar. Os que assim o fazem passam a murmurar, ficam tristes e ansiosos, se sentindo presos e sufocados pela espera. E por não suportar a demora, agem precipitadamente e jogam fora todo o tempo que gastaram esperando algo que não tinham firme convicção de alcançar. Esperar requer fé, principalmente se vivemos em meio à situações que dizem o contrário. 
"Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa,." (Hb 11.39).
Esperar requer amor: "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1Co 13.7) e até mesmo a dor de ver  o tempo passar e nada  do que se deseja acontecer. Por isso, enquanto espera ore, adore e seja grato pelo que  você tem e não pelo que você não possui. Deposite sua confiança em Deus que tudo faz no seu devido tempo.
Aprender a esperar em Deus aperfeiçoa nossa confiança nEle. 

Extraído e adaptado

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O Evangelho e a centralidade da Cruz (Rm 3.23-25; 5.1-2)


“Tenho boas e más notícias qual delas você vai querer saber primeiro?” – provavelmente você já deve ter feito está pergunta para alguém ou alguém a fez para você. Até agora, nesta série de mensagens sobre o evangelho tenho falado sobre as más notícias que estão por trás das boas notícias. Ninguém gosta de receber más notícias, por isso, hoje quero lhes trazer as boas notícias da salvação. Devemos ser gratos a Deus pelo fato de que as más notícias do pecado humano e do julgamento de Deus não são o fim da história. Se a Bíblia terminasse com a sentença de Deus de que “não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda, não há ninguém que busque a Deus... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”, não haveria esperança nenhuma para nós. Haveria somente o desespero, mas agradeça a Deus pela sua graça e misericórdia. Você é um pecador destinado à condenação, mas Deus agiu para salvar os pecadores. Mesmo que nunca entendamos totalmente o poder infinito e a beleza da Redenção e o evangelho que nos foi apresentado por Jesus. Nunca devemos parar de buscar o conhecimento sublime de Cristo e de ser encontrado nEle. A vida só faz sentido e seu propósito somente é compreendido em Cristo e no relacionamento que temos com Deus por meio dEle (Jo 3.16; 14.6).
Uma mensagem de esperança (Gn 3.15; Gl 4.4-5)
Os evangelhos foram escritos para nos revelar que a vinda de Jesus Cristo era as boas notícias de Deus para um mundo destruído e morto aos pés do pecado. Com a entrada do pecado no mundo, entrou com ele a maldição – a morte e as terríveis consequências do pecado: vergonha, culpa, medo, dor, sofrimento, fadiga, desespero e a falta de Deus para preencher o vazio que ficou no coração humano. A vinda do Salvador viria a mudar tudo isso. Mesmo diante da condenação por causa do pecado, Deus queria que Adão e Eva (e também nós), soubessem que embora rebeldes, a história não havia acabado. A Bíblia toda foi escrita para mostrar como essa história que começou com uma pequena semente germinou, brotou e cresceu (Is 7.14; 9.6; Lc 2.9-11). A Bíblia conta a história de como Deus lidou com o problema do pecado.
Homem Deus e Deus Homem (Jo 1.1,14)
Os evangelhos mostram a história de Jesus e que ele não era um homem comum: ele foi chamado de Filho de Deus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós. Em poucas palavras, a Bíblia nos ensina que Jesus é totalmente Deus e totalmente homem. Isso é crucial para entender o plano da redenção que nos livraria da escravidão do pecado. Se Jesus fosse apenas mais um homem, como nós, em todos os aspectos, incluindo o pecado, seria incapaz de nos salvar. Mas, sendo Deus, sem pecado e igual ao Pai na sua essência, perfeito, Ele pode vencer a morte e nos salvar do pecado. Contudo, ele também era humano, pois só assim poderia nos representar diante de Deus e compadecer-se das nossas fraquezas (Hb 4.15).
O Messias-Rei chegou: durante séculos, por meio da lei e dos profetas, Deus havia prometido um tempo que acabaria de uma vez por todas com o mal no mundo e resgataria seu povo dos pecados deles. Deus estabeleceria o seu reinado e seu governo sobre toda a terra. Deus prometera que da linhagem de Davi, um de seus filhos reinaria para sempre (2Sm 7.12-13,16). Os escritores do Novo Testamento insistem em que esse Rei davídico não é outro senão Jesus (Lc 1.31-33). Mateus começa com a genealogia que traça  a ascendência de Jesus até o rei Davi (a quem Deus prometeu o herdeiro do trono eterno) e vai até Abraão (a quem Deus prometeu abençoar todas as famílias da terra).
As Boas Novas tão esperadas: quando uma criança está por nascer há uma grande expectativa por parte dos pais. Em Jesus, estás expectativas não eram apenas de Maria e José, mas de toda uma nação, ou melhor, de todo o universo. Porém, o reino que Jesus inaugurou não parecia, de modo algum, com o que os judeus esperavam ou desejavam. Eles queriam um Messias que viesse libertá-los da opressão do inimigo (que na época era representado por Roma) e lhes desse novamente a liberdade na terra prometida por Deus quando eles saíram do Egito. No entanto, veio Jesus pregando, ensinando, curando enfermos, expulsando demônios, perdoando pecados, ressuscitando mortos e dizendo: “o meu reino não é deste mundo” (Jo 18.36). Por causa da desobediência e rebelião contra Deus, estamos separados e destinados à punição eterna. Eis aqui, as Boas Novas – Jesus veio não somente para inaugurar o reino de Deus, mas para levar os pecadores ao arrependimento e a confissão de seus erros reconhecendo seu Reinado em toda a Terra. Em Cristo, somos feito participantes do reino e herdeiros da glória dos céus (Rm 8.17).
O Rei na figura de um cordeiro: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!” Estas foram às palavras de João Batista quando viu Jesus. O mesmo fazia referência à páscoa celebrada pelos judeus como lembrança da libertação no Egito. O livramento dos israelitas da escravidão no Egito deu-se com a morte dos primogênitos, somente àqueles que estavam cobertos pelo sangue do cordeiro é que escapariam de tão terrível julgamento. Desde então, esta festa tem sido celebrada como um símbolo da liberdade conseguida pela morte do cordeiro e do primogênito para pagar pelos pecados cometidos. A substituição penal – a ideia de que a penalidade de morte pelo pecado de alguém poderia ser paga pela morte de outra pessoa (Gn 3.21) é o alicerce de todo o Antigo Testamento. Levou algum tempo, mas os discípulos de Jesus entenderam que Jesus não veio apenas inaugurar o Reino de Deus, mas que ele deveria morrer pelos pecados de seu povo. Jesus não era apenas Rei, ele também era o cordeiro (1Pe 2.24-25). Por amor, Jesus deu espontaneamente sua vida; o Cordeiro de Deus morreu para que fôssemos perdoados (2Co 5.21). Jesus não morreu por ter cometido pecados, mas Ele foi feito pecado por nós. Ele sofreu a punição devida a cada um de nós. Toda rebelião, toda desobediência, todo pecado caiu sobre ele e a maldição que Deus havia pronunciada no Éden foi executada. Por isso, Jesus clamou em agonia: “se possível, passa de mim este cálice”, pois sobre ele recairia toda a ira de Deus. Trevas encobriram os céus por quase 3 horas, enquanto Jesus esteve pendurado na cruz. Era as trevas do julgamento de Deus, o peso da ira caindo sobre ele enquanto ele carregava o nosso pecado: “Deus meu, Deus meu porque me desamparaste”. Veja o que o profeta Isaías disse a esse respeito:
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (53.4-5)
Este texto revela que as transgressões pelas qual Jesus sofreu eram nossas, mas os sofrimentos foram dEle. O pecado era nosso, mas a agonia quem passou foi Ele. Sua punição nos deu a paz, suas feridas nos trouxe cura, sua tristeza nos deu alegria, sua morte nos trouxe a vida.
A centralidade do Evangelho
A doutrina da substituição penal é o âmago do evangelho. Toda a revelação do Antigo Testamento aponta para isto. Os sacrifícios, as ofertas, o derramamento de sangue, tudo isto apontava para a cruz, para a morte de Jesus. Deus instituiu que “sem derramamento de sangue não a remissão para os pecados” (Hb 9.22b). Deus pode agora justificar o pecador porque na morte de Jesus a misericórdia e a justiça dele foram satisfeitas. A maldição foi executada com justiça, mas nós fomos salvos pela graça. A garantia de que o sacrifício foi aceito não está no fato de que Jesus foi crucificado, mas de que ele está vivo, Ele ressuscitou e venceu a morte – o aguilhão do pecado. Se Jesus não tivesse ressuscitado, ainda estaríamos condenados, sua morte teria sido como a de qualquer outro homem, mas Ele é Deus, o Criador e Autor da vida. Devemos nos alegrar pela sua ressurreição e para o que ela significa para nós – vida e vida eterna. Se você ainda não desfruta desta vida, Deus lhe faz o convite para que reconheça seu estado pecaminoso e aceite o presente da salvação concedida por Ele, mesmo que você não mereça.
    

terça-feira, 20 de novembro de 2018

O Homem e o Evangelho: um problema a ser resolvido (Rm 3.9-20,23)


Já vimos que o evangelho teve sua origem em Deus e que o mesmo vem como as boas notícias para a humanidade. No entanto, para compreender esta boa notícia é preciso primeiro compreender as más notícias que estão por trás das boas notícias. O evangelho no revela que precisamos da salvação, mas a pergunta a se fazer é: ser salvo de quê? Vimos que, com a entrada do pecado no mundo veio também à maldição: “certamente morrerás.” (Gn 2.17) e “maldita é a terra por tua causa... Tus és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.17,19). Com isso, todo ser humano se encontra debaixo da ira de Deus. Deus não tolera o pecado e todo aquele que vive na prática dele está debaixo desta ira (Jo 3.36). O pecado na Bíblia é descrito como a transgressão da Lei (1Jo 3.4). Certa vez recebi uma multa por ultrapassar o limite de velocidade e outro dia por estacionar em local proibido. Perante a lei sou culpado desta transgressão, porém, apesar do peso que isto trouxe ao meu bolso, não me senti terrivelmente culpado e nem perdi o sono por ter desobedecido à lei. Não precisei pedir perdão a ninguém. Porque não me senti culpado? Provavelmente porque considerando a questão, não foi algo tão grave a ponto de me fazer ficar desesperado, a não ser pela multa que tive de pagar, mas minha consciência não foi torturada por isso. Muitas pessoas pensam no pecado, especialmente o seu, como se fosse nada mais do que uma multa de trânsito, ou quem sabe uma pequena transgressão tal como mentir, fofocar, murmurar, sonegar um imposto entre outras coisas. Talvez pelo fato de pensar que há crimes piores do que estes tais como o roubo, assassinato, corrupção, eles não o consideram  um crime tão grave. Esta é uma forma muito simplista de pensar no pecado. De acordo com a Bíblia o pecado é muito mais do que uma simples violação das leis de trânsito ou de convívio social. Pecado é a quebra de um relacionamento e, ainda mais, é uma rejeição e repúdio ao governo, cuidado e autoridade de Deus de como Criador e Soberano dar ordens àqueles a quem Ele deu a vida. Pecado é a rebelião da criatura contra o seu Criador (Sl 14.1; 53.1; Rm 1.21-23).  
Onde tudo começou: ao nos criar, Deus tinha a intenção de que vivêssemos sob seu governo perfeito e justo, em alegria completa, adorando-o e servindo-o, vivendo em plena comunhão com Ele. O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, tendo o domínio sobre toda a criação manifestando a glória de Deus ao mundo (Gn 1.26-28). O governo e autoridade do ser humano sobre a criação foi-lhes outorgada por Deus, eles estavam sob o domínio maior do Criador, que tinha todo o direito (e ainda tem) de lhes dar ordem. A árvore do conhecimento do bem do mal era uma lembrança deste fato. Ao olhar para a árvore, Adão e Eva deveriam lembrar que seu domínio e autoridade eram limitados. Eles eram criaturas e tinham a responsabilidade de administrar as obras de Deus. Ao comerem o fruto, eles não apenas violaram a Lei estabelecida por Deus (...“dela não comerás...”), mas rejeitaram a autoridade de Deus declarando-se independentes. Em todo o universo, havia somente uma coisa que Deus não dera como domínio para Adão, o próprio Deus. Mas, diante do argumento “sereis como Deus”, ele decidiu que essa situação não lhe era conveniente, por isso rebelou-se. Por causa disto, foram expulsos da presença do Senhor e se tornaram inimigos de Deus. Adão e Eva trocaram o favor de Deus pela busca do seu próprio prazer e de sua própria glória. Este foi o pecado cometido por Adão e também é o pecado cometido por todos nós. Rejeitamos as leis de Deus e queremos viver a vida do nosso jeito (e ninguém tem nada com isso). Por causa disto, as consequências do pecado foram desastrosas para eles e para todos os seus descendentes (Rm 5.12). A morte entrou no mundo e com ela toda maldição do pecado. Embora, não morressem fisicamente, na mesma hora em que comeram do fruto, eles morreram espiritualmente. Sua comunhão com Deus foi interrompida e, assim, seu coração corrompeu-se, sua mente se encheu de pensamentos egoístas, seus olhos se encheram de trevas e sua alma ficou destituída da glória de seu Criador (Rm 3.23).
O escândalo e a Loucura da pregação da Palavra da Cruz (1Co 1.18)
O Evangelho é cheio de pedras e tropeços para corações que pensam obstinadamente de si mesmo como sendo bons e autossuficientes. É revoltante para o ser humano reconhecer a sua pequenez e incapacidade diante da Verdade revelada por Deus na sua Palavra. Por isso, é tão importante entender a natureza e profundidade de nosso pecado. Se nos aproximamos do evangelho entendendo o pecado como algo de somenos valor, é sinal de que não entendemos o evangelho de Jesus Cristo.

Compreendendo o problema do pecado (Rm 3.10-12)
·         Não confunda o pecado com os efeitos do pecado: é comum apresentarmos o evangelho como a solução para a falta de significado, propósito e sentido na vida. Mas, o problema fundamental da humanidade vai muito além disto. Isto são apenas sintomas de uma doença mais grave incrustada no coração (Jr 17.9). Precisamos entender que a triste situação em que nos encontramos é resultado de algo que nós mesmos produzimos. Nós temos desobedecido a Palavra de Deus ignorando os seus mandamentos. Nós temos pecado contra Deus (Sl 51.4). Falar sobre o comportamento como sendo o problema do pecado, faz com que as pessoas se coloquem como vítimas (que culpa tenho eu se Adão pecou?) e, assim nunca encarem o fato de que elas são pecadoras e, portanto, merecedoras de condenação (Ez 18.20a).
·         Reduzir o pecado a um relacionamento quebrado: muitos falam sobre o pecado como se este fosse apenas uma contenda relacional entre Deus e o homem, e o que precisamos é pedir e aceitar o perdão de Deus. O ensino da Bíblia é que o pecado é realmente uma quebra do relacionamento com Deus, mas essa quebra consiste numa rejeição de Deus como Rei e Soberano sobre todas as coisas. Se reduzirmos o pecado à mera quebra de um relacionamento, nunca vamos entender porque a morte de Jesus foi exigida para resolver o problema.
·         Confundir pecado com pensamento negativo: “você foi criado para ser cabeça e não cauda”, “você é filho de Deus, por isso não pense pequeno, pense grande”. Estas são mensagens estimulantes para aumentar ainda mais o nosso orgulho. Apenas diga o que as pessoas querem ouvir e você terá muitos seguidores, igrejas lotadas e cheias de pessoas em busca de riquezas, prosperidade e felicidade. Prometa-lhes prosperidade material e uma vida sem doenças e logo você terá uma megaigreja. A Bíblia nos ensina que já pensamos de maneira muito elevada sobre nós mesmos. Lembre-se da promessa da serpente: “você precisam ampliar sua visão, chegar ao seu pleno potencial, ser como Deus, vocês precisam pensar grande!” Qual foi o resultado de se buscar isso?
·         Confundir o pecado com pecados: não temos dificuldades em admitir os nossos pecados (mentira, fofocas, traição, roubo, desonestidade), pois os vemos como pequenos erros que todos cometem (até justificamos dizendo: aquele que não tem pecado que atire a primeira pedra), com alguns já nos acostumamos.  O que é chocante é ter de encarar a sujeira que permeia o nosso coração, as impurezas e corrupção que existe no mais íntimo de nosso ser. Algo que está em nós, é nosso e não está apenas sobre nós. Pensamos no pecado apenas como uma sujeira num vidro que precisa ser limpo e que basta um bom produto para deixá-lo totalmente transparente. A natureza humana não é tão bela assim, a sujeira não está do lado de fora, pelo contrário, está impregnada em nós (Mt 15.19). Somos escravos do pecado, condenados a passar a eternidade longe de Deus.
Não basta dizer que Jesus nos perdoa de nossos pecados. Somente quando compreendemos a nossa própria natureza, que estamos ‘mortos em nossos delitos e pecados’, é que veremos quão boas são as novas de que há um meio de sermos salvos.
O julgamento de Deus contra o pecado (Rm 3.19-20)
A Bíblia diz que toda a humanidade está debaixo do pecado e, portanto, sujeitos à ira e condenação de Deus. A Bíblia é muita clara, como vimos, a respeito da verdade de que Deus é o Criador, justo e santo e, por isso, não aceitará desculpas pelo pecado. Romanos 6.23 diz que “o salário do pecado é a morte”, este é o pagamento que devemos dar a Deus. Não significa morrer apenas fisicamente, mas espiritualmente (estar para sempre separado de Deus e de sua presença gloriosa). O julgamento de Deus contra o pecado será terrível, o destino final dos pecadores impenitentes e incrédulos é um lugar de tormento consciente e eterno (Ap 20.10,14-15). As figuras utilizadas pela Bíblia para falar sobre o julgamento de Deus contra o pecado são terríveis. Embora, para muitos isto seja loucura, não inventamos isso, foi criação de Deus para julgamento de todo aquele que rejeita o seu governo (Mt 24.41). Este é o veredito final da Bíblia: “não há um justo, nem um sequer”. Por isso, se você ainda não entendeu a necessidade que você tem da salvação, peço que você o faça hoje, pois chegará o dia em que toda língua confessará, todo joelho se dobrará e reconhecerá que Jesus Cristo é o Senhor.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Deus e o evangelho - Romanos 1.16-17


Uma das indagações que muitas pessoas fazem é: como podemos conciliar a pregação do evangelho que fala de amor com a apresentação de um Deus irado? Como é possível um Deus que é amor permitir que as pessoas vão para o inferno? Entender a graça divina que se manifestou em uma atitude de amor providenciando salvação a todo aquele que crê é essencial para a compreensão do evangelho. É importante que vocês tenham o conhecimento da doutrina do pecado e da salvação não apenas na sua cabeça (conhecimento intelectual/ informação), mas que elas estejam impregnadas em seus corações. Você pode ter as doutrinas bíblicas muito bem definidas em sua cabeça, mas, a não ser que elas toquem o coração e nos levem a dobrar nossos joelhos em oração, e nos motivem à prática das boas obras bíblicas, então estas doutrinas não atingiram o seu objetivo. 
Suposições sobre Deus: para muitas pessoas, mesmo para as que se dizem cristãs, Deus é uma pessoa bastante amorosa, cordial, afável que apesar de ter suas exigências, releva muita coisa por causa do seu amor. No passado até mesmo pessoas que não eram cristãs tinham um entendimento básico sobre Deus e seu caráter. Contudo, isso não é mais uma realidade, não existe uma verdade absoluta e muito menos um Deus que seja único e que exige exclusividade de adoração. Uma das razões pelas quais as pessoas têm objeções à doutrina de Deus é simplesmente uma questão de como elas tem se sentido. 
Algumas questões importantes sobre Deus:
  •  Em primeiro lugar o Deus da Bíblia é diferente das divindades pagãs, pois aquelas eram imprevisíveis e mudavam de opinião por qualquer coisa. As demonstrações de sentimentos por parte das divindades pagãs mostravam a inconstância do seu caráter. Deus, no entanto, é perfeito e puro, e nele não há mudança e nem sombra de variação (Hb 13.8);
  • Em segundo lugar o Deus da Bíblia se revela as pessoas para levá-las ao verdadeiro entendimento de Sua pessoa e de Seu caráter de maneira que elas entendam o propósito para o qual foram criadas.

Para proclamarmos o evangelho temos de começar pelo início, falando sobre o próprio Deus. É claro que você não irá dar um estudo sobre a pessoa de Deus quando estiver evangelizando, mas existem algumas verdades básicas que uma pessoa tem de compreender para que assimile as boas novas do Cristianismo. Pense nestas verdades como as boas notícias que estão por trás das más notícias que estão por trás das Boas Novas. Há duas verdades que temos de deixar bem claras quando anunciamos o evangelho.
Deus é o Criador (Gn 1.1): para se entender a história de um livro, é preciso começar pelo início. A Bíblia começa com a história de Deus criando o mundo. Tudo veio à existência por meio da Palavra e tudo veio a existir a partir do nada (Hb 11.3). A Bíblia nos mostra que Deus falou e as coisas passaram a existir. Desde então, toda criação dá testemunho da grandeza e da glória de Deus (Sl 19.1; Rm 1.20). Há algo na grandeza da criação que fala ao coração humano dizendo: “Você não é tudo que existe”. Não importa o que você pensa sobre a história da criação, as implicações de Gênesis 1 e 2 mostra – Deus criou o mundo e, em especial Deus criou você. Isto significa que tudo no mundo tem um propósito, incluindo os seres humanos. Não somos frutos do acaso, da evolução de micro-organismos ou do macaco (apesar de algumas semelhanças comportamentais). Fomos criados! Cada um de nós é o resultado de uma ideia, um plano, uma ação do próprio Deus. Isso traz significado e responsabilidade à nossa vida. Não somos seres autônomos. Entender isso é a chave para compreender o evangelho. Apesar do senso de liberdade que temos, a verdade é que fomos criados por Deus. E por nos ter criado, ele tem o direito de nos dizer como devemos viver. A ordem estabelecida no Éden mostra a nossa limitação diante de Deus (Gn 2.16-17). Isso não significa que Deus é autoritário e dá ordens movido pelo seu egoísmo e vontade de prevalecer. Não! Ele sabe o que é melhor para seu povo e lhes dá leis que preservam e aumentam a felicidade e o bem-estar. Reconhecer isso é essencial para entender o evangelho. O evangelho é a resposta de Deus ás más notícias do pecado. O pecado é a rejeição da pessoa para com os direitos que de Deus, como Criador, tem sobre ela. Deus nos criou, portanto, tem direito sobre nós.
Deus é justo e santo (Na 1.3): quando descrevemos o caráter de Deus, geralmente destacamos a sua misericórdia e o seu amor. Porém, esquecemos muitas vezes da sua justiça e santidade. Deus se revela como um Deus amoroso e compassivo, porém, ele não deixa impune o culpado. Muitos argumentam que Deus por ser amor, ignora muitas vezes o pecado. Muitos dizem que o fato de Jesus ter morrido na cruz foi justamente para que eu não receba mais a punição pelos meus erros. Isto é uma verdade, porém, precisamos entender que, a despeito dos protestos em contrário, o amor de Deus não anula sua justiça e santidade. A Bíblia declara inúmeras vezes que Deus é perfeito em sua justiça e absoluto em sua santidade (Sl 89.14; 97.2). Deus governa o universo, seu senhorio é soberano sobre a criação e está fundamentada em quem ele é, para sempre, perfeito e justo. As pessoas desejam um Deus que julgue e confronte o pecador, mas se o pecador a quem Deus vai confrontar é ele, então, este Deus se torna injusto. Quando olham para um assassino, as pessoas dizem que ela não merece o perdão, mas quando ela mata alguém com as suas palavras, pede que Deus as perdoe. No entanto, a Bíblia diz que Deus é justo e reto e que punirá todo mal que for cometido (Rm 2.6,11). Se Deus ignorasse o mal estaria negando e renunciando ao seu próprio Ser, e isso Ele não pode fazer.
Muitos não acham dificuldade em pensar em Deus como alguém amoroso e compassivo. Ao anunciar o evangelho dizem: Deus te ama e tem um plano maravilhoso para sua vida. Mas, se vamos entender quão maravilhoso é o evangelho de Jesus Cristo, devemos entender que este Deus compassivo é, também, santo e justo e está determinado a nunca esquecer, ignorar e tolerar o pecado. Incluindo o nosso próprio pecado. Bem, estas são ás más notícias. Durante os próximos domingos, vamos expor a mensagem das Boas Novas para que você compreenda o que é o evangelho e aprenda a se relacionar com Deus que é Criador, Justo e Santo.

sábado, 10 de novembro de 2018

O que é o Evangelho? (Marcos 1.14-15; Rm 1.1-7)


A mensagem pela qual Jesus iniciou o seu ministério foi apresentar o Evangelho do Reino de Deus. Mas, o que é o evangelho do Reino de Deus apresentado por Jesus Cristo e que depois de sua ascensão ao Céu ele deixou incumbida a tarefa de todo aquele que nele viesse a crer de continuar a pregá-lo? Embora, pareça uma pergunta fácil de responder, afinal, aprendemos que Evangelho é boa nova, mas a pergunta que faço é boa nova de quê? Há muitas definições dadas pelas pessoas sobre o que é o evangelho:

  • Jesus morreu por nós, e aqueles que confiam nele podem saber que sua culpa foi perdoada de uma vez por todas;
  • Deus te ama e estará sempre com a face voltada pra você, apesar do que você fez afinal você já foi justificado de seu pecado;
  • É reconhecer e proclamar o Reino de Deus na pessoa de Jesus de que ele morreu e ressuscitou para nos dar a salvação;
Apesar destas definições não estarem de todo erradas, elas não expressam a verdadeira essência do que é o Evangelho. O Evangelho é o centro do cristianismo, é sobre onde alicerçamos nossa vida e edificamos a igreja, mas ele vai muito além do fato de dizer que “Deus te ama e tem um plano maravilhoso para sua vida.” Vou procurar oferecer uma resposta à pergunta: “O que é o evangelho?” baseado no que a Bíblia ensina sobre o mesmo. Destaco aqui, alguns pontos importantes para a nossa compreensão:

  • Um evangelho debilitado e fraco leva a uma adoração debilitada e fraca. Este tipo de evangelho afasta nossos olhos de Deus e os fixa em nosso ego;
  • A má compreensão do que é o evangelho não nos permite dar um verdadeiro testemunho de quem Deus é, quem somos e o que Ele faz;
  • A importância do evangelho bíblico nos leva a uma teologia bem fundamentada que nos impede de ser levado por qualquer vento de doutrina;
  • A má compreensão do evangelho faz com que as pessoas minimizem a mensagem para torná-la mais aceitável aos olhos do mundo;
  • O verdadeiro evangelho exige de quem ouve uma resposta diante da mensagem que lhe foi exposta.
A carta aos Romanos é a mais rica e abrangente declaração de Paulo sobre o evangelho. Esta carta é também a chave para o entendimento das Escrituras, já que aqui Paulo une todos os grandes temas da Bíblia, dentre os quais o fundamento da mensagem do Evangelho: a justificação pela fé. Esta carta abre uma perspectiva para o entendimento de como todas as partes da Bíblia se ajustam de modo claro.  Nela o apóstolo trabalha sobre a justiça de Deus, sua bondade, soberania, graça, Lei, santificação entre outros temas. Após sua breve apresentação Paulo passa a apresentar o evangelho ao qual ele foi chamado a anunciar:

  1. A origem do evangelho é Deus (1.1b): Deus é a palavra mais importante na Bíblia. Ela é um livro acerca de Deus. A boa nova apresentada é o evangelho de Deus, os apóstolos não o inventaram, ele foi revelado e confiado a eles por Deus (2Pe 1.20-21).  Esta continua sendo a convicção mais básica e primordial em que se baseia todo evangelismo autêntico. O que nós temos a repartir com outros não são, nem uma miscelânea de especulações humanas, nem mais uma religião a ser adicionada ao que já existe, na verdade, nem se trata de uma religião. É o evangelho de Deus, a boa nova do próprio Deus para um mundo perdido (Jo 3.16). Sem esta convicção, a evangelização perde todo o seu conteúdo, propósito e motivação.
  2. A  autenticidade do evangelho é atestada nas Escrituras (1.2): Para Paulo, o evangelho que ele prega não é original: é uma mensagem a muito anunciada, pois Cristo foi prometido pelos profetas (1Co 15.3-4). A Bíblia como revelação de Deus é a base de autoridade da mensagem que proclamamos. Porém, nem todos concordam com está afirmação. Muitos preferem fundamentar o Evangelho baseado na opinião de homens. Outros, no entanto, acreditam encontrar a verdade na sua experiência de vida, confiando em seu próprio coração. Contudo, a fonte que devemos ir para saber o que é verdadeiro é a Bíblia. Ela nos leva a convicção de quem Deus é e onde encontramos respostas para todos os dilemas da vida (2Tm 3.16). Portanto, é a Palavra de Deus que buscamos a fim de saber o que Ele nos disse sobre seu Filho, Jesus, e sobre as boas novas do evangelho.
  3.  A essência do evangelho é Jesus Cristo (1.3-4): A boa nova de Deus é Jesus.  Calvino declarou “apartar-se de Cristo, um passo que seja, significa afastar-se do evangelho”. Todo o evangelho está contido em Jesus Cristo: ele é o coração do evangelho. O próprio Cristo teve de mostrar a dois seguidores seus essa verdade (Lc 24.25-27). Toda mensagem do Evangelho gira em torno de apresentar a pessoa de Jesus como a solução para os pecados da humanidade.
  4. O propósito do evangelho é a obediência pela fé que nos leva a honrar o nome de Jesus (1.5-6): o propósito imediato ao proclamar o evangelho é levar as pessoas à obediência pela fé (“a obediência que vem pela fé” -NVI) que conduz a pessoa a glorificar o nome de Deus. Por sua vida de obediência a Deus, dando-nos assim o exemplo para que façamos o mesmo, Jesus foi exaltado sobre todas as coisas, merecendo receber toda honra, glória e louvor (Fp 2.8-11). A salvação que Deus proveu nos alcança mediante a fé em Jesus. E, como resposta de gratidão devo procurar viver uma vida de santificação, purificando-me a cada dia, praticando as obras que demonstrem a real mudança de vida operada por Deus na morte e ressurreição de Jesus. (Ef 2.8-10; 1Jo 3.2-3).
Conclusão
Ao analisarmos os argumentos apresentados por Paulo na carta aos Romanos, podemos reconhecer que no centro da proclamação do Evangelho estão as respostas para entender a mensagem da salvação. Existem muitas outras promessas advindas da resposta que você dá ao evangelho, mas todas elas devem levá-lo a crer (confiar) na Bíblia como revelação de Deus que o leva a ter fé em Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador, e a partir daí, buscar viver uma vida que agrade a Deus glorificando o seu nome acima de tudo. O homem por si mesmo, está incapacitado de viver conforme a vontade de Deus. A única forma do mesmo alcançar a salvação e viver uma vida de santificação é reconhecer sua incapacidade e submeter-se a Deus por meio da fé na pessoa e obra de Jesus. O evangelho é boa nova, porque primeiro existe uma má notícia: somos pecadores e Deus irá julgar os nossos pecados. A boa notícia: Jesus morreu e foi ressuscitado para perdoar os pecados de todo aquele que se arrepender e nEle crer.