segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Mentes renovadas, Vidas transformadas (Ef 4.17-24)


De todos os seres criados por Deus o ser humano é o único que detém a prerrogativa de ter sido feito a imagem e semelhança de seu Criador. Não sabemos tudo que essa frase abrange, mas podemos conhecer alguns dos aspectos que ela inclui: assim como Deus, somos seres espirituais — nosso espírito é imortal e sobreviverá ao nosso corpo terreno (Ec 12.7); somos seres inteligentes — podemos pensar, ponderar e buscar resposta para os nossos problemas; assim como Deus, nós nos relacionamos (Gn 2.18) — podemos dar e receber amor verdadeiro e somos dotados de consciência moral — podemos discernir, mesmo que de maneira limitada entre o certo e o errado, e isso nos torna responsáveis diante de Deus (2 Co 5.10).
Porém, está imagem ficou distorcida e por assim dizer incompleta quando o homem se rebelou contra o seu Criador. O que antes deveria refletir a glória de Deus, ficou manchado por causa do pecado – a desobediência de Adão o levou a refletir o seu orgulho de querer ser “como Deus”, contudo, sem controle sobre sua própria vontade. O ser que antes foi criado para adorar e servir a Deus passou a criar seus próprios ídolos como resultado da imagem distorcida do pecado (Rm 1.21-23). Então Deus enviou Jesus para restaurar a plena imagem que se havia perdido com a entrada do pecado no mundo (Cl 3.4-11). O plano de Deus para que você mude está centrado na pessoa de seu Filho Jesus. Na sua condição natural o homem caído não pode salvar-se a si mesmo, mas Deus providenciou o primeiro passo necessário para que haja uma mudança real e permanente na sua vida. A decisão mais importante que você pode tomar diz respeito à sua disposição em seguir o plano de Deus revelado na sua Palavra para que você viva conforme a vontade estabelecida por Ele. A diferença principal está no fato de que o caminho do homem é orientado para agradar-se a si mesmo, mas o caminho de Deus é regenerá-lo e mudá-lo, despojando-o de sua velha natureza caída e corrompida e revestindo-o da nova natureza que nos foi dada em Cristo, por meio de sua morte e ressurreição. O processo de mudança tem início com o arrependimento e a confissão de seus pecados e irá continuar por toda sua vida até que seja completamente revestido da glória de Deus (Fp 1.6).
No centro do plano de Deus está a redenção mediante o sacrifício na cruz e a ressurreição de Jesus. Após o que a Bíblia denomina de novo nascimento, você deve ter um estilo de vida baseado nas verdades da Palavra de Deus. Isto é o que a Bíblia chama de santificação, um processo no qual Deus por meio do Espírito Santo nos capacita a viver uma vida que agrade a Ele. A Palavra de Deus mostra claramente que a maneira de viver do homem é fútil, que ele tem várias falhas e não pode transformar-se a si mesmo (Pv 14.12). As soluções do homem para as suas dificuldades vão fracassar porque elas não tratam da fonte dos problemas: o coração humano (Mt 15.18-19). A santificação é a operação do Espírito Santo que envolve nossa participação responsável, na qual somos livres da poluição do pecado, e temos renovada a nossa natureza de acordo com a verdadeira imagem de Deus. Ela começa com a nossa justificação em Cristo mediante a nossa fé em seu sacrifício e traz a esperança da promessa de que um dia seremos glorificados. A semente de Cristo depositada em nosso coração precisa agora frutificar; se não houver frutos que mostrem a mudança, devemos questionar se a semente foi realmente plantada. O mundo tenta nos oferecer uma infinidade de estratégias que parecem ser atalhos, mas que no fundo não passam de falsos caminhos que nos conduzem para longe de Deus e consequentemente para o inferno. O crescimento saudável não se dá por meio de recursos humanos, ele só é possível através do Evangelho – só existe um caminho (Jo 14.6, Rm 1.16,17). A fé nos ajuda a perseverar no caminho e o Espírito nos capacita a viver neste caminho.
A santificação tem duas partes: a mortificação e a vivificação.
A mortificação diz respeito a tudo que rouba nosso amor por Cristo e nos leva a viver uma vida centrada em nós mesmos. A vivificação diz respeito a tudo que nos leva a amar Cristo e viver uma vida que glorifique a Deus. Você não pode separar a mortificação de seus pecados da busca que você deve ter pela vivificação do seu espírito. Isto é, você não pode encontrar mudança, apenas deixando de fazer o que é errado, você precisa esforçar-se para substituí-las por aquilo que você deveria estar fazendo certo. Neste processo, você irá experimentar um conflito interno diante da necessidade de escolher entre o bem e o mal ou entre fazer o que você quer e o que Deus manda na sua Palavra. É preciso mudar não apenas o comportamento, mas também seus pensamentos. Viver para Cristo requer que você dê uma nova direção aos seus pensamentos, orientando-os para uma vida que agrade a Deus. Quando você focaliza os pensamentos em si mesmos o que vêm é o ódio, o ciúmes, o medo, a rebelião, o orgulho, a lascívia, o ressentimento, a ansiedade, o engano. Tudo isto leva você a mentira, hostilidade, preocupação, murmuração, adultério, assassinato, traição causando-lhe males físicos como dores de cabeça, pressão alta, problemas estomacais, insônia, problemas cardíacos, depressão.
Podemos ver que em Cristo fomos justificados diante de Deus, nos tornamos santos; no entanto na prática devemos ser ativos na busca pela santidade. Para alguns que lutam contra seus pecados Deus os fortalece a viver na verdade que já conhecem, outros terão que ser motivados a continuar obedecendo aos mandamentos de Deus. A santificação requer uma participação ativa e responsável de nossa parte, o esforço aqui não é para ser salvo, mas se manter limpo da sujeira do pecado. A salvação é pela graça, não há mérito nosso nessa conquista. A santificação é resposta de graça para com a salvação que nos foi concedida. Na santificação, Deus está operando em nosso coração para uma mudança real e permanente. Porém, existem inimigos que tentarão nos impedir de viver uma vida que glorifique a Deus. Vivemos entre dois Reinos: o de Deus e o das Trevas. O inimigo é um mal que tenta se opor a Deus e roubar sua glória: o diabo e seus demônios trabalham usando a influência do mundo para seduzir a nossa carne com as suas fraquezas. Apenas uma vida compromissada com a Palavra de Deus irá garantir que sua mente seja renovada continuamente. A renovação consistente de sua mente é essencial para o seu desenvolvimento espiritual. Capacitado pela graça de Deus você deve praticar a Palavra, pois sua obediência a Ela irá favorecer o desenvolvimento de sua mente a semelhança da mente de Cristo:
Passos para renovação do seu entendimento e seu papel na busca pela santificação:
·        Ouvir a Palavra: quem é de Deus ouve a Palavra de Deus. A nossa mente é influenciada por aquilo que ouvimos, por isso, tome cuidado com o que você anda escutando. É necessário ter um filtro para não se deixar levar por falsos ensinos, filosofias e sabedorias humanas que colocam a Palavra de Deus em segundo lugar;
·        Leitura da Palavra: é preciso dedicar tempo para ler a Bíblia, sendo ela a vontade de Deus revelada a nós, não podemos negligenciar o hábito de fazer nossas devocionais;
·        Estudar a Palavra: envolve bem mais do que uma simples leitura, é preciso investigar a fundo os princípios e mandamentos e entender o que eles significam e como se aplicam em nossas vidas;
·        Memorizar a Palavra: aqui é bem mais do que recitar versículos de cor, é ter a Palavra no coração para não pecar contra Deus;
·        Prática da Palavra: o verdadeiro conhecimento só vem com a prática – ao obedecer a Palavra colocando em prática seus princípios e mandamentos você será capaz de superar as provações/tentações, bem como superar os fracassos alcançando a maturidade para lidar com as adversidades.
Conclusão
Sendo o homem falível, qualquer solução que ele invente por conta própria, sempre deixará a desejar. Mas existe sim um porto seguro para recorrer em busca de ajuda: Deus, aquele que nos criou e nos conhece melhor que ninguém. Ele nos revelou a solução em sua Palavra: se quisermos conhecer uma mudança verdadeira e duradoura em nossas vidas, precisamos usar a mente da forma como Ele a planejou. Em Romanos 12.2, o Senhor nos diz que vidas transformadas provêm de mentes renovadas. Aprender é mais do que adquirir conhecimento. Deve resultar em uma real mudança de comportamento. Sabemos que de fato aprendemos o que significa renovar nossas mentes, quando aplicamos esse conhecimento e vemos mudanças positivas acontecendo em nossas vidas. Deus está restaurando em nós a imagem perdida no Éden por conta da entrada do pecado no mundo. Se quisermos ter vidas transformadas, é preciso buscar ainda mais o conhecimento da Palavra e aplicar seus princípios e mandamentos em nossas vidas, entendendo que a obra é de Deus, mas a responsabilidade pela busca é nossa. A determinação de renovar a mente revolucionará sua vida e provocará a mudança pela qual você tanto anseia — uma completa transformação para assemelhar-se a Cristo.

Referências para estudo:
BROGER, John C. Apostila Auto Confrontação: um manual de discipulado em profundidade. BCF. SBB
MACDONALD, James. Aconselhamento Bíblico Cristocêntrico. São Paulo. Editora Batista Regular do Brasil, 2016.
FERNANDES, Ivis. Apostila de estudo: ídolos do coração. http://www.todahelohim.blogspot.com/, 2012. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Que posso fazer para ter a vida eterna? (Lc 18.18-30)


Os dois grandes mandamentos que segundo Jesus resume a Lei e os Profetas referem-se a amar a Deus e amar o próximo como a si mesmo (Mt 22.37-40). A prática da Lei, em especial o que conhecemos como 10 mandamentos ou a Lei moral de Deus destaca em seu conteúdo o relacionamento que o ser humano deve ter com seu Criador, bem como o reflexo disto em seu relacionamento com as pessoas (Ex 20.2-17; Dt 5.6-21). Podemos dividir os dez mandamentos em duas seções, em que os primeiros quatro mandamentos falam do relacionamento do homem com Deus e os outros seis, do relacionamento com seu próximo. Nos textos do Novo Testamento podemos ver como Jesus e os discípulos viam a ligação entre estes mandamentos (Mt 5.21-24; Rm 13.8-10; Gl 5.13-14). Isto nos leva a pensar em como os valores deste mundo são contrários aos valores do Reino de Deus.
Uma das características da nossa sociedade é a busca pela satisfação pessoal. Uma espécie de Hedonismo (teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma que o prazer é o bem supremo da vida humana, é o prazer por prazer). No entanto, o excesso de satisfação trás consigo o comodismo como reação imediata e faz de muitas pessoas satisfeitas consigo mesmas, sem necessidade de nada. Porém, a realidade é outra, na sua satisfação encontra-se um vazio, que revela o quão insatisfeito o ser humano encontra-se consigo mesmo. Nesse texto podemos encontrar um homem satisfeito consigo mesmo, mas que no encontro com Jesus descobriu sua insatisfação. O texto nos diz que este homem era de “posição” indicando assim seus status diante da sociedade, um homem rico que tinha muitas propriedades (Lc 18.23). Este homem era alguém de pouca idade, provavelmente ele tinha entre 30 à 35 anos. O texto de Mateus diz que ele era Jovem (Mt 19.20), o termo do original grego é Neaniskos que deriva do termo neanias, que na concepção judaica era alguém que tinha entre 25 aos 35 anos. Ao aproximar-se de Jesus este homem queria mostrar a todos que tinha condições suficientes para ser discípulo de Cristo. Na época de Jesus, ser escolhido por um mestre significava que você estava apto para conviver com ele. Ao aproximar-se o jovem demonstra qual era a sua preocupação: ser visto como bom e ter garantias da vida eterna (Lc 18.18).
Este jovem homem, no auge de sua vida vivia satisfeito em três aspectos diferentes: com sua bondade, com seu status perante os homens e com a sua riqueza. Para todas elas, Jesus confronta o Jovem com a sua própria percepção de bondade, de posição e o verdadeiro valor que as riquezas tem no Reino de Deus:
 - 1ª Confronta a bondade, como ele via a si mesmo (v. 19): “bom só existe um”. A ideia central é mostrar para aquele Jovem que não existe bondade plena nos homens e que somente em Deus essa bondade pode ser vista. A pergunta sobre os mandamentos revela que sempre haverá um mandamento em falta na vida dos que tentam se salvar pelas obras. Isto ficou claro no amor que este demonstrou por sua riqueza.
 - 2ª Confronta seu Status, sua posição na sociedade (v. 22): Cristo mostra que não adianta ter riqueza, ser bem visto pelos homens se não tem a vida eterna. Em outras palavras, ter o olhar do mundo sobre si, mas não ter o agrado dos olhos de Deus. Ele queria ser perfeito, mas perfeição só há quando acertamos o alvo. Quando Cristo fala de perfeição no versículo 22, não está se referindo a ausência de erros, mas sobre alguém que tem um arco e flecha nas mãos e acerta o alvo em sua frente. Pois o termo TELEIOS, traduzido por perfeito, significa alguém que faz exatamente o que deve e/ou precisa ser feito. Este Jovem não estava preparado para fazer o que precisava, por isso resolveu ir embora a abandonar suas riquezas.
 - 3ª Confronta com suas riquezas/ posses materiais (v. 22): Cristo ensina aos seus discípulos que maior é o tesouro que existirá na eternidade para aqueles que acertam o alvo. Ele não seria um homem impecável se abandonasse o dinheiro, mas seria um homem com um coração pertencente a um só Deus. Não mais o dinheiro, mas aquele que é bom plenamente (Mt 6.24). Jesus nos ensina que a satisfação plena não vem de nós mesmos e do que conquistamos, a plenitude da vida se encontra em Deus, em cumprir com a sua Palavra e com seus mandamentos. Este Jovem preferiu continuar com seu coração voltado para o seu ídolo do que voltar-se para Deus.
Porque não temos condições de viver satisfeitos com o que somos por natureza e com que temos por conquista?
   a. Porque não há nada em nós que nos torne bons aos olhos de Deus (Rm 3.10-12,23): há uma necessidade em cada ser humano de se achar apto para entrar no Reino de Deus, contudo, a Bíblia nos mostra que, pecadores que somos a única coisa que merecemos é o inferno. Sem Deus intervindo em nossas vidas e abrindo nossos olhos jamais poderemos compreender a grandiosidade do seu amor. A bondade que expressamos aos outros revela muitas vezes o desejo de conseguir com que Deus nos veja com bons olhos e nos dê a vida abundante que prometeu, porém Deus revela que a salvação é pela graça e não pelas obras (Ef 2.8-9). Somente quando Deus muda nosso coração é que estaremos aptos a herdar o seu Reino, é preciso nascer de novo para ter uma nova vida e uma nova perspectiva do reino de Deus. O jovem que pergunta para Jesus achava-se totalmente apto para herdar a vida eterna, cumprindo os mandamentos ele crê que vai conseguir. Isso não é possível, pois vemos que muitos cumpriam os mandamentos somente para manter a boa aparência, não havia compromisso com o Reino. Ter uma vida religiosa não faz de você um salvo, apenas mais um cego tentando achar o caminho sem ter certeza de para onde está indo.
   b. A vida eterna está além dos méritos humanos, somente Deus é que pode concedê-la (v. 24.27): quando Jesus responde ao jovem que falta uma coisa para ele fazer, sua alegria transforma-se em decepção, pois sua ideia de salvação era diferente da ideia de Jesus. Ele achou que tendo na terra, poder, honra e cumprindo a Lei poderia conseguir a salvação. A salvação é um grande milagre vindo de Deus que excede toda possibilidade humana (v.25 – traz a ideia de que a salvação é impossível se não confiar plenamente em Deus). É necessário que haja uma transformação na mente e no coração. O homem rico confiava na sua própria boa conduta, mas não confiava em Jesus para capacitá-lo a renunciar sua riqueza terrena. Confiança e renúncia são as palavras-chave em questão. Renúncia é o que faltou de bom naquele homem rico e infeliz, que decidiu não renunciar o seu dinheiro para seguir a Jesus (Lc 9.23-24).
    c. A verdadeira fé é vivida no amor que temos para com Deus, mas ela se expressa no amor que demonstramos ao nosso próximo (v. 28-30): quando Jesus chama os homens para caminhar com ele, é exigida uma vida de renúncia. Isto significa andar no caminho que Jesus andou, o caminho da cruz, da humildade e da submissão. Esta prática tem que ser superior a lealdade que se tem para com a família, as riquezas e a própria vida (Lc 14.26,27,33). Somente em Jesus a fé é expressa de forma verdadeira e o amor de maneira sincera. Aqueles que compreendem o chamado de Jesus e a salvação vinda de Deus, tem consciência de que receberão os galardões do Reino de Deus na vida vindoura, mas também nesta vida. Contudo, eles não fazem disto um fim, mas entendem que é resultado de uma vida com Deus. O homem que quer a salvação por seus próprios esforços é limitado na sua compreensão do amor, da bondade e da misericórdia de Deus. Chegará o momento que lhe será impossível por sua própria atitude herdar o galardão, pois está além de suas capacidades. O jovem não conseguiu dar tudo o que tinha, por isso foi embora triste sem conseguir o que queria. Com sua atitude ele demonstrou que sua obediência a Lei não passava de mera religiosidade, pois não conseguiu abrir mão do que tinha de mais precioso aos seus olhos repartindo com o próximo o que Deus lhe havia dado.

Conclusão
Desde que pecou o homem perdeu a capacidade de obedecer a Deus, sua vida é voltada para si, na busca de satisfazer suas necessidades/desejos. O dinheiro daquele jovem, que parecia um aliado para herdar a vida eterna, serviu de empecilho e pedra de tropeço. Ele não foi capaz de renunciar aquilo que mais amava por amor a Deus. A vida eterna não pode ser alcançada ou merecida por boas obras. É impossível ser perfeito obedecendo aos mandamentos para alcançar a vida eterna. As obras devem ser a consequência e não a causa da salvação. O texto começa com uma pergunta sobre o que devemos fazer para entrar no Reino de Deus e termina com uma resposta de Jesus aos seus discípulos, que isto só é possível a Deus. Ser discípulo de Jesus requer bem mais do que vir a igreja, ler a Bíblia e orar a Deus (todas estas coisas são importantes), porém andar com Jesus exige renúncia de nossa parte, principalmente daquilo que mais amamos. Aquele rapaz serviu como o modelo de fracasso humano em se obter êxito próprio diante de Deus. Seu coração mostrou onde se encontrava sua prioridade. A natureza caída em nada nos ajuda. As boas intenções são infrutíferas. A justiça própria é como trapo imundo. Por maior que seja a vontade, o empenho, a disposição de agradar a Deus, decididamente, resta-nos a desgraça. Por que é apenas pela Sua graça, a qual proporcionou a remissão dos pecados pelo sacrifício de Cristo na cruz do Calvário é que é possível obter a salvação.
“As coisas que são impossíveis aos homens, são possíveis a Deus.” (Lucas 10.27)
Referências para Estudo: 
MARTINS, Gedeon. Nunca satisfeitos, mas plenamente perfeito. Disponivel em: http://exegesedonovotestamento.blogspot.com/2014/02/mensagem-em-mateus-1916-22-o-jovem-rico.html
TRINDADE, Josué. O jovem rico exegese. disponível em: http://pregadorcalcajeans.blogspot.com/2015/08/jovem-rico-exegese-marcos-1017-21.html
MARINHO, Ruy. Jovem Rico, condenado? Disponível em: https://bereianos.blogspot.com/2013/08/jovem-rico-condenado-comentario-marcos.html
GONÇALVES, Cláudio César. O rico , Jesus e a vida eterna. Disponível em: 
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

A ceia do Senhor: uma relação de aliança com Deus (Mt 26.26-30)


A última refeição de Jesus com seus discípulos tem um significado de extrema importância para ele e todos que viriam a crer nele (Lc 22.15-16). A promessa de Deus de enviar aquele que iria pisar a cabeça da serpente estava prestes a se tornar realidade (Gn 3.15). Ao longo da história Deus foi revelando o cumprimento do seu plano já estabelecido antes da criação de todas as coisas (1Pe 1.18-20).
Aliança como um Pacto
Nosso Deus é um Deus de alianças. Desde o princípio, Ele estabeleceu alianças com as pessoas de forma condicional e outras de forma incondicional. Alianças condicionais são aquelas que dependem da fidelidade das partes em cumprir com o que foi acordado; já a aliança incondicional depende unicamente daquele que faz o pacto. Deus fez aliança com Adão no Éden, exigindo dele obediência para que está se mantivesse; com Noé, prometendo não destruir mais a terra com água; com Abraão, prometendo abençoá-lo e a toda sua descendência; com Moisés, em que por meio da Lei revelou o seu caráter ao seu povo; com Davi, prometendo um herdeiro eterno para o seu trono. Em todas estas alianças, Deus foi revelando seu propósito maior de estabelecer uma aliança de amor para com aqueles que Ele os chamou para si. Desde os tempos antigos, os pactos ou alianças têm feito parte do cotidiano da relação de Deus com seu povo. De maneira bem simples, as alianças são promessas reveladas e dadas por Deus de modo que a nossa fé seja fortalecida pela fidelidade do nosso Deus em cumprir com a sua Palavra. Em seu aspecto mais essencial, aliança é aquilo que une as pessoas debaixo de um vínculo de compromisso e fidelidade (Ex. casamento) Por meio da cerimonia, dos votos e do próprio símbolo utilizado para união de duas pessoas mostram este compromisso e fidelidade e para confirmar as alianças são feitas baseadas em juramentos e sinais que mostram essa relação de compromisso que existe entre as pessoas (votos e aliança). Temos em Noé, o juramento de não destruir a terra com água e o sinal do arco-íris; em Abraão, o juramento de uma descendência e o sinal da circuncisão; em Moisés o juramento da Terra e o sinal da Lei revelada e dada por Deus.
Aliança como um Pacto de Sangue
Contudo, nas alianças estabelecidas por Deus, elas sempre envolveram um pacto de vida ou morte. Deus jamais entra em aliança de forma casual ou informal, em lugar disso, sua aliança implica levar o compromisso as últimas consequências, ou seja, um pacto de vida ou morte. A morte sacrificial tem um simbolismo muito forte na relação da aliança feita por Deus e com Deus (Hb 9.22). Os animais que eram sacrificados representam que o compromisso com Deus deve ser levado a sério. O sacrifício de um animal simbolizava a garantia do compromisso assumido entre as partes. Não cumprir com os termos da aliança é trazer sobre si maldição (Tg 2.10). O sangue derramado traz consigo a figura de que o valor da vida encontra-se na fidelidade para com o compromisso assumido (“até que a morte os separe”). Quebrar este compromisso é assumir as consequências estabelecidas entre as partes e muitas vezes declarar a sentença de morte. Assim, a Bíblia nos revela que Adão ao quebrar o compromisso da aliança com Deus, exigia a morte conforme foi anunciada por Deus: “no dia em que dela comeres certamente morrerás”. Contudo, o infrator não tinha condições de justificar-se diante de Deus, pois, sua vida estava agora contaminada, e o sacrifício teria que ser perfeito. O animal que foi morto por Deus, serviu para cobrir a vergonha de Adão e Eva pela culpa que estava sobre eles (Gn 3.21). Mas, ainda assim este sacrifício não tirava dele os seus pecados, por isso, os sacrifícios eram constantes.
Aliança consumada: Jesus Cristo a consumação do pacto de sangue
Somente em Cristo, é que este sacrifício foi feito de uma vez por todas (Jo 1.29). A base da aliança está no cumprimento dos termos acordados. Desta forma, Jesus cumpriu toda a Lei estipulada por Deus, nos termos da aliança que foi feita (Rm 10.4 – este cumprimento se refere tanto ao termo cerimonial da Lei_sacrificíos e ofertas, como também das exigências de perfeição da lei_cordeiro sem mancha, sem mácula). Jesus morreu em lugar do pecador, levando sobre si todas as maldições que a quebra da aliança estabelecia (Gl 3.10-13).
A instituição da Ceia do Senhor vem agora como símbolo da aliança prometida por Deus de redimir para si um povo (Mt 26.28). Por causa das violações da aliança, os homens foram condenados à morte (Rm 5.12). Jesus tomou sobre si as maldições e consequentemente assumiu as consequências desta quebra morrendo em nosso lugar (Gl 3.13). Somos agora, parte da família de Deus, por causa da morte de Jesus que nos justifica diante de Deus e nos torna herdeiros de suas promessas. (Ef 2.11-16). Cada vez que celebramos a Ceia do Senhor, podemos nos alegrar na experiência da comunhão com Deus alcançada pelo sangue de Jesus, desfrutando da glória de Deus com a presença do Espírito Santo que testifica em nosso coração o perdão de nossos pecados e anunciamos o cumprimento da promessa de Deus em nos fazer herdeiros do seu Reino que há de se manifestar na ressurreição e glória de Cristo.

Referências para estudo:
ROBERTSON. O. Palmer. Cristo dos Pactos. Campinas/SP. Editora Luz para o caminho, 1997.
Bíblia de Estudo Almeida. Barueri - SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Versão ARA. 
Bíblia de Estudo Arqueológica NVI. São paulo/SP. Editora Vida Nova, 2013.