A última
refeição de Jesus com seus discípulos tem um significado de extrema importância
para ele e todos que viriam a crer nele (Lc 22.15-16). A promessa de Deus de
enviar aquele que iria pisar a cabeça da serpente estava prestes a se tornar
realidade (Gn 3.15). Ao longo da história Deus foi revelando o cumprimento do
seu plano já estabelecido antes da criação de todas as coisas (1Pe 1.18-20).
Aliança como um Pacto
Nosso Deus é
um Deus de alianças. Desde o princípio, Ele estabeleceu alianças com as pessoas
de forma condicional e outras de forma incondicional. Alianças condicionais são
aquelas que dependem da fidelidade das partes em cumprir com o que foi acordado;
já a aliança incondicional depende unicamente daquele que faz o pacto. Deus fez
aliança com Adão no Éden, exigindo dele obediência para que está se mantivesse;
com Noé, prometendo não destruir mais a terra com água; com Abraão, prometendo
abençoá-lo e a toda sua descendência; com Moisés, em que por meio da Lei
revelou o seu caráter ao seu povo; com Davi, prometendo um herdeiro eterno para
o seu trono. Em todas estas alianças, Deus foi revelando seu propósito maior de
estabelecer uma aliança de amor para com aqueles que Ele os chamou para si. Desde os tempos antigos, os pactos ou alianças
têm feito parte do cotidiano da relação de Deus com seu povo. De maneira bem
simples, as alianças são promessas reveladas e dadas por Deus de modo que a
nossa fé seja fortalecida pela fidelidade do nosso Deus em cumprir com a sua
Palavra. Em seu aspecto mais essencial, aliança é aquilo que une as pessoas
debaixo de um vínculo de compromisso e fidelidade (Ex. casamento) Por meio da
cerimonia, dos votos e do próprio símbolo utilizado para união de duas pessoas
mostram este compromisso e fidelidade e para confirmar as alianças são feitas
baseadas em juramentos e sinais que mostram essa relação de compromisso que
existe entre as pessoas (votos e aliança). Temos em Noé, o juramento de não
destruir a terra com água e o sinal do arco-íris; em Abraão, o juramento de uma
descendência e o sinal da circuncisão; em Moisés o juramento da Terra e o sinal
da Lei revelada e dada por Deus.
Aliança
como um Pacto de Sangue
Contudo, nas alianças estabelecidas por Deus, elas sempre
envolveram um pacto de vida ou morte. Deus jamais entra em aliança de forma
casual ou informal, em lugar disso, sua aliança implica levar o compromisso as
últimas consequências, ou seja, um pacto de vida ou morte. A morte sacrificial
tem um simbolismo muito forte na relação da aliança feita por Deus e com Deus
(Hb 9.22). Os animais que eram sacrificados representam que o compromisso com Deus
deve ser levado a sério. O sacrifício de um animal simbolizava a garantia do
compromisso assumido entre as partes. Não cumprir com os termos da aliança é
trazer sobre si maldição (Tg 2.10). O sangue derramado traz consigo a figura de
que o valor da vida encontra-se na fidelidade para com o compromisso assumido
(“até que a morte os separe”). Quebrar este compromisso é assumir as
consequências estabelecidas entre as partes e muitas vezes declarar a sentença
de morte. Assim, a Bíblia nos revela que Adão ao quebrar o compromisso da
aliança com Deus, exigia a morte conforme foi anunciada por Deus: “no dia em
que dela comeres certamente morrerás”. Contudo, o infrator não tinha condições
de justificar-se diante de Deus, pois, sua vida estava agora contaminada, e o
sacrifício teria que ser perfeito. O animal que foi morto por Deus, serviu para
cobrir a vergonha de Adão e Eva pela culpa que estava sobre eles (Gn 3.21).
Mas, ainda assim este sacrifício não tirava dele os seus pecados, por isso, os
sacrifícios eram constantes.
Aliança
consumada: Jesus Cristo a consumação do pacto de sangue
Somente em Cristo, é que este sacrifício foi feito de uma vez
por todas (Jo 1.29). A base da aliança está no cumprimento dos termos
acordados. Desta forma, Jesus cumpriu toda a Lei estipulada por Deus, nos
termos da aliança que foi feita (Rm 10.4 – este cumprimento se refere tanto ao
termo cerimonial da Lei_sacrificíos e ofertas, como também das exigências de
perfeição da lei_cordeiro sem mancha, sem mácula). Jesus morreu em lugar do
pecador, levando sobre si todas as maldições que a quebra da aliança
estabelecia (Gl 3.10-13).
A instituição da Ceia do Senhor vem agora como símbolo da
aliança prometida por Deus de redimir para si um povo (Mt 26.28). Por causa das
violações da aliança, os homens foram condenados à morte (Rm 5.12). Jesus tomou
sobre si as maldições e consequentemente assumiu as consequências desta quebra
morrendo em nosso lugar (Gl 3.13). Somos agora, parte da família de Deus, por
causa da morte de Jesus que nos justifica diante de Deus e nos torna herdeiros
de suas promessas. (Ef 2.11-16). Cada vez que celebramos a Ceia do Senhor,
podemos nos alegrar na experiência da comunhão com Deus alcançada pelo sangue
de Jesus, desfrutando da glória de Deus com a presença do Espírito Santo que
testifica em nosso coração o perdão de nossos pecados e anunciamos o
cumprimento da promessa de Deus em nos fazer herdeiros do seu Reino que há de
se manifestar na ressurreição e glória de Cristo.
Referências para estudo:
ROBERTSON. O. Palmer. Cristo dos Pactos. Campinas/SP. Editora Luz para o caminho, 1997.
Bíblia de Estudo Almeida. Barueri - SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Versão ARA.
Bíblia de Estudo Arqueológica NVI. São paulo/SP. Editora Vida Nova, 2013.
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