segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

A ceia do Senhor: uma relação de aliança com Deus (Mt 26.26-30)


A última refeição de Jesus com seus discípulos tem um significado de extrema importância para ele e todos que viriam a crer nele (Lc 22.15-16). A promessa de Deus de enviar aquele que iria pisar a cabeça da serpente estava prestes a se tornar realidade (Gn 3.15). Ao longo da história Deus foi revelando o cumprimento do seu plano já estabelecido antes da criação de todas as coisas (1Pe 1.18-20).
Aliança como um Pacto
Nosso Deus é um Deus de alianças. Desde o princípio, Ele estabeleceu alianças com as pessoas de forma condicional e outras de forma incondicional. Alianças condicionais são aquelas que dependem da fidelidade das partes em cumprir com o que foi acordado; já a aliança incondicional depende unicamente daquele que faz o pacto. Deus fez aliança com Adão no Éden, exigindo dele obediência para que está se mantivesse; com Noé, prometendo não destruir mais a terra com água; com Abraão, prometendo abençoá-lo e a toda sua descendência; com Moisés, em que por meio da Lei revelou o seu caráter ao seu povo; com Davi, prometendo um herdeiro eterno para o seu trono. Em todas estas alianças, Deus foi revelando seu propósito maior de estabelecer uma aliança de amor para com aqueles que Ele os chamou para si. Desde os tempos antigos, os pactos ou alianças têm feito parte do cotidiano da relação de Deus com seu povo. De maneira bem simples, as alianças são promessas reveladas e dadas por Deus de modo que a nossa fé seja fortalecida pela fidelidade do nosso Deus em cumprir com a sua Palavra. Em seu aspecto mais essencial, aliança é aquilo que une as pessoas debaixo de um vínculo de compromisso e fidelidade (Ex. casamento) Por meio da cerimonia, dos votos e do próprio símbolo utilizado para união de duas pessoas mostram este compromisso e fidelidade e para confirmar as alianças são feitas baseadas em juramentos e sinais que mostram essa relação de compromisso que existe entre as pessoas (votos e aliança). Temos em Noé, o juramento de não destruir a terra com água e o sinal do arco-íris; em Abraão, o juramento de uma descendência e o sinal da circuncisão; em Moisés o juramento da Terra e o sinal da Lei revelada e dada por Deus.
Aliança como um Pacto de Sangue
Contudo, nas alianças estabelecidas por Deus, elas sempre envolveram um pacto de vida ou morte. Deus jamais entra em aliança de forma casual ou informal, em lugar disso, sua aliança implica levar o compromisso as últimas consequências, ou seja, um pacto de vida ou morte. A morte sacrificial tem um simbolismo muito forte na relação da aliança feita por Deus e com Deus (Hb 9.22). Os animais que eram sacrificados representam que o compromisso com Deus deve ser levado a sério. O sacrifício de um animal simbolizava a garantia do compromisso assumido entre as partes. Não cumprir com os termos da aliança é trazer sobre si maldição (Tg 2.10). O sangue derramado traz consigo a figura de que o valor da vida encontra-se na fidelidade para com o compromisso assumido (“até que a morte os separe”). Quebrar este compromisso é assumir as consequências estabelecidas entre as partes e muitas vezes declarar a sentença de morte. Assim, a Bíblia nos revela que Adão ao quebrar o compromisso da aliança com Deus, exigia a morte conforme foi anunciada por Deus: “no dia em que dela comeres certamente morrerás”. Contudo, o infrator não tinha condições de justificar-se diante de Deus, pois, sua vida estava agora contaminada, e o sacrifício teria que ser perfeito. O animal que foi morto por Deus, serviu para cobrir a vergonha de Adão e Eva pela culpa que estava sobre eles (Gn 3.21). Mas, ainda assim este sacrifício não tirava dele os seus pecados, por isso, os sacrifícios eram constantes.
Aliança consumada: Jesus Cristo a consumação do pacto de sangue
Somente em Cristo, é que este sacrifício foi feito de uma vez por todas (Jo 1.29). A base da aliança está no cumprimento dos termos acordados. Desta forma, Jesus cumpriu toda a Lei estipulada por Deus, nos termos da aliança que foi feita (Rm 10.4 – este cumprimento se refere tanto ao termo cerimonial da Lei_sacrificíos e ofertas, como também das exigências de perfeição da lei_cordeiro sem mancha, sem mácula). Jesus morreu em lugar do pecador, levando sobre si todas as maldições que a quebra da aliança estabelecia (Gl 3.10-13).
A instituição da Ceia do Senhor vem agora como símbolo da aliança prometida por Deus de redimir para si um povo (Mt 26.28). Por causa das violações da aliança, os homens foram condenados à morte (Rm 5.12). Jesus tomou sobre si as maldições e consequentemente assumiu as consequências desta quebra morrendo em nosso lugar (Gl 3.13). Somos agora, parte da família de Deus, por causa da morte de Jesus que nos justifica diante de Deus e nos torna herdeiros de suas promessas. (Ef 2.11-16). Cada vez que celebramos a Ceia do Senhor, podemos nos alegrar na experiência da comunhão com Deus alcançada pelo sangue de Jesus, desfrutando da glória de Deus com a presença do Espírito Santo que testifica em nosso coração o perdão de nossos pecados e anunciamos o cumprimento da promessa de Deus em nos fazer herdeiros do seu Reino que há de se manifestar na ressurreição e glória de Cristo.

Referências para estudo:
ROBERTSON. O. Palmer. Cristo dos Pactos. Campinas/SP. Editora Luz para o caminho, 1997.
Bíblia de Estudo Almeida. Barueri - SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Versão ARA. 
Bíblia de Estudo Arqueológica NVI. São paulo/SP. Editora Vida Nova, 2013.


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