Contexto
Histórico e Autoria: embora alguns atribuam ao apóstolo Paulo a
autoria da carta aos Hebreus, seu autor é
desconhecido. A carta aos Hebreus não demonstra ser uma carta, mais parece um
tratado teológico, um sermão propriamente dito, visto que não existe uma
introdução designando seu remetente, bem como os destinatários. A linguagem é
de alguém instruído, profundo conhecedor do Antigo Testamento e também do
grego. Os destinatários são judeus que se converteram ao cristianismo. As
referências a Lei e sacrifícios, bem como a história do povo de Israel mostra
isso. A comunidade a quem foi endereçada estava sofrendo com as dificuldades da
perseguição. O autor procura fortalecer a fé da comunidade para suportar a
perseguição. Por causa da perseguição a comunidade estava duvidando de que
Jesus Cristo é o libertador e Salvador. Por isso que o autor procura mostrar a
superioridade de Jesus em relação aos anjos, a Moisés, a Lei e aos sacrifícios
de animais. Ele coloca Jesus como o sumo sacerdote que adentrou na presença de
Deus por meio do seu próprio sangue e hoje pode interceder por eles. Ele faz
várias advertências em relação à negligência e incredulidade dos que não
confiaram em Deus e na sua Palavra.
Introdução: no
capítulo anterior (3), o
autor mostra o fracasso de muitos de Israel em entrar no repouso que Deus lhes
concedera, servindo isto de séria advertência aos cristãos. A trágica
incredulidade de uma geração inteira de israelitas no deserto (Hb 3.7-19) age
como um aviso aos cristãos para que possam entrar no repouso de Deus, ainda
oferecido a povo que permanece fiel. Assim como a Palavra foi pregada aos israelitas,
o evangelho foi pregado aos cristãos. Mas, a geração de Moisés falhou em
permanecer na Palavra, o que não lhes deu o direito de entrar na Terra
Prometida. Do mesmo modo, o evangelho de Cristo foi proclamado aos leitores da
carta, e o autor os convoca então para o repouso de Deus, antes que sua
incredulidade venha a impedi-los, também, de entrar nesse descanso. Contudo, a entrada neste repouso não é automática, exige
empenho e dedicação, obediência a Palavra de Deus. A Palavra é a razão da
transformação de corações incrédulos em crentes fiéis e tementes a Deus.
O homem na sua condição natural (natureza caída e pecaminosa)
não tem condições de viver uma vida que agrade a Deus. É preciso que haja um
quebrantamento da alma, uma entrega e rendição absoluta realizada pela ação do
Espírito Santo usando a instrumentalidade da Palavra para que se possa
compreender as coisas espirituais (2Co 2.10-14). Visto que o maior problema do
homem é sua natureza caída e pecaminosa que resulta num coração corrompido e
enganoso, é somente por meio do quebrantamento da alma que iremos entender o
verdadeiro propósito de Deus. Se você deseja realmente ser liberto, Deus
precisa tocar no mais íntimo de seu ser a ponto de dividir alma e espírito.
O poder e a eficácia da
Palavra (Hb 4.12): a
primeira coisa que podemos notar é que a Palavra de Deus é viva. Se não a
virmos desta maneira, podemos até ler a Bíblia, mas ela não será a Palavra de
Deus. Porque razão muitos que a ouvem não se sentem tocados por ela? É porque
aquele que escuta e não vive, nunca ouviu a Palavra de Deus. A Palavra de Deus
além de viva é eficaz. Viva indica sua natureza (divina) e eficaz indica sua
capacidade (poder) de realizar a obra no coração das pessoas. Ela não volta
vazia, mas opera de tal maneira que irá produzir os seus frutos. Por está
razão, ela pode penetrar no mais íntimo de nosso ser e fazer divisão entre a
nossa alma e nosso espírito. A analogia utilizada (a espada de dois gumes) que
divide juntas e medulas mostra sua eficácia e poder. As juntas e medulas estão
embutidas profundamente no corpo humano. Separar as juntas é cortar através dos
ossos, dividir as medulas é rachar os ossos. Somente duas coisas são mais
difíceis de fazer: dividir a alma e o espírito. Nós somos incapazes de ter este
discernimento, mas a Palavra de Deus faz este trabalho, ela penetra e divide.
Ainda assim, muitos se questionam: não parece que a Palavra tenha feito isto em
mim? Para isto, a Bíblia afirma que ela é apta para discernir os pensamentos e
propósitos do coração. Os pensamentos se referem àquilo que deliberamos em
nosso coração e propósitos as nossas verdadeiras motivações. Assim, a Palavra
de Deus é capaz de discernir tanto o que pensamos como o que motiva os nossos
pensamentos. Nossos pensamentos revelam o nosso verdadeiro eu. Por meio da
Palavra Deus nos revela quem realmente somos e o que verdadeiramente buscamos:
a satisfação do nosso próprio ego. A Palavra traz uma iluminação e mostra como
nossos pensamentos tem sua origem na carne (natureza pecaminosa), e como nossas
intenções são inteiramente egoístas. Como você reage ao saber deste poder que a
Palavra tem? Se vc foi iluminado por ela, irá reconhecer a grandeza de Deus e o
quanto vc precisa ser tocado por Ele. É possível que vc já tenha dito que ama
ao Senhor, mas sob a luz da Palavra vc descobre que ama mais a si mesmo. Vc já
tenha dito que zela pelas coisas de Deus, mas sob a luz da Palavra descobre que
seu zelo tinha motivações egoístas. Vc percebe que está em busca de
reconhecimento dos homens pelo trabalho realizado. Qto mais a Palavra penetra o
seu ser mais vc descobre o miserável pecador que é. Deus por meio de sua
Palavra revela diante de seus olhos os pensamentos e propósitos de seu coração.
Somos tolos em pensar que podemos lidar e mudar por nós mesmos. Isto é obra do
Espírito, não de nossos esforços. Nós não conhecemos nosso coração, ninguém
conhece. Mas, quando a Palavra penetra, nós então nos vemos como realmente
somos: seres egoístas que procura gratificação, glória e prestígio para nós
mesmos. Quem assim se vê, se prostra e pede misericórdia.
O padrão para discernir
o coração (Hb 4.13): a
Palavra nos capacita a ver o que Deus vê. Nossos olhos estão vendados, só
podemos ver quando Deus abre nossos olhos a fim de que saibamos o propósito do
nosso coração e nosso pensamento mais profundo. Está é a eficácia da Palavra e
seu poder: passamos a ver o que Deus vê e isso nos leva a se prostrar e se
humilhar na presença dAquele a quem devemos prestar contas. Que o Senhor abra
nossos olhos para vermos quem realmente somos e que passemos a depender de Deus
para recebermos Graça que nos capacitará a colocar-nos sobre a luz da Palavra e
sermos iluminados a ponto de nos prostrarmos diante dele e reconhecer como
muitos reconheceram que Ele é o Senhor, digno de toda honra, glória e louvor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O blog se propõe a glorificar Deus, fazendo conhecido Seu infinito amor, bem como os atributos do Seu perfeito e eterno caráter através de leituras selecionadas especialmente para sua edificação.
OBS: comentários sujeitos a moderação.