sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Uma vida de contentamento (Filipenses 4.1-13)

O descontentamento – ou a falta de contentamento – está presente no coração dos homens desde o Éden. Este fato é fundamental para compreendermos que o contentamento não tem a ver primeiramente com aspectos externos, mas com a condição do nosso coração pecaminoso. Adão e Eva estavam no melhor lugar do mundo, onde tinham tudo quanto precisavam, não havia outros seres humanos com quem pudessem comparar suas vidas. Não havia um homem mais bonito, uma mulher mais formosa, famílias mais perfeitas ou empregos melhores. Eles tinham tudo quanto precisavam bem diante dos seus olhos. No entanto, havia algo que eles não podiam ter: a glória de Deus; e foi justamente isso, essa única coisa que lhes era inalcançável que eles desejaram (Gn 3.5-6).
Vivemos em um mundo descontente. Essa não é uma característica exclusiva desta geração, pois, embora o pecado encontre novas formas de nos seduzir e enganar, sua essência é a mesma (1Jo 2.16). O inimigo de nossas almas continua a nos sugerir, assim como no Éden, que nós realmente não temos tudo o que precisamos (Lc 4.2-12). É fato que em nosso coração existe algo, um anseio que supera todas as experiências humanas que experimentaremos nesta vida (Ec 6.7).
O problema é quando acreditamos que esse vazio pode ser preenchido com outras coisas que não o próprio Deus. Enquanto eu não tiver um belo corpo, namorado(a), marido ou esposa, filhos, o carro do ano, uma casa maior, viagens, diplomas eu não serei plenamente feliz. Estamos olhando para baixo, quando, na realidade, deveríamos olhar para o alto (Mt 6.21; Fp 3.19; Cl 3.2)! Se confiarmos que só estaremos plenamente felizes quando obtivermos aquilo que nos falta, seremos completamente infelizes, pois ainda que conquistemos tudo quanto os nossos olhos desejarem, continuaremos descontentes. Satanás sabe do nosso anseio pelo eterno e traiçoeiramente tenta nos comprar com falsas propagandas.
Seja por meio das redes sociais, da televisão, das conversas entre amigos; para onde quer que olhemos o mundo está sempre gritando que precisamos disto ou daquilo para ser mais felizes. Por isso, viver contente em um mundo que te puxa para o descontentamento é um desafio diário e difícil.
Na sua carta aos Filipenses o apóstolo Paulo nos ensina onde encontrar o verdadeiro contentamento. O apóstolo Paulo fala que aprendeu a viver contente em todas as circunstâncias. Isso nos leva a refletir no fato de que a caminhada cristã requer paciência. Não é sem muitas lutas que o doce fruto do Espírito é aperfeiçoado em nós. É por meio das tribulações que o Senhor nos molda, é por meio do fogo que o ouro é purificado. Não espere que o contentamento nasça em seu coração, ele será forjado no fogo da privação. Foi por meio de muitas tribulações que o apóstolo Paulo aprendeu a viver contente. Todo o cristão passa pelo estreito caminho da santificação. Ninguém nasce pronto, esse é o processo de uma vida inteira.
O significado de contentamento
A palavra grega traduzida por “contente” significa “estar satisfeito”, “ter o bastante”. Ela indica independência e desnecessidade de auxílio. Algumas vezes, foi usada para qualificar uma pessoa que se mantinha sem a ajuda de ninguém. Parafraseando, Paulo estava dizendo: “Aprendi a ficar satisfeito – não propriamente por mim, mas suprido por Cristo”.
Como viver contente em toda e qualquer circunstância?
  • Seja flexível e aprenda a confiar na providência divina (v. 4,10): o contentamento de Paulo não floresceu quando ele recebeu o que tinha falta, mas quando ele não recebeu! É na privação, esse solo difícil de arar, onde muitas das bênçãos de Deus florescem. Se olharmos para a história do povo de Deus, veremos que foi nas maiores dificuldades que eles receberam as maiores bênçãos. Podemos ter essa certeza: Tudo já está sob controle, nas mãos de alguém muito maior que do que você ou eu. Através de sua providência, Deus orquestra todas as coisas para cumprir seus propósitos (Rm 8.28). O contentamento vem de aprender que Deus é soberano, não apenas pela intervenção sobrenatural, mas também pela orquestração natural. O exemplo da vida de Paulo ao longo do Novo Testamento é este: trabalhe o máximo que puder e fique contente por Deus estar no controle dos resultados (Pv 16.1,3).
  • Seja grato a Deus pelo que tem e não pelo que falta (v. 5,11): Nossas necessidades, como seres humanos, são simples: alimentos, vestimentas, abrigo e santidade com contentamento. As Escrituras dizem que devemos estar contentes porque temos o suficiente para nossa vida (Mt 6.25-34; 1Tm 6.7-8). Paulo enxergava tantas razões para render graças a Deus que diante delas, suas aflições se tornavam leves. Quando lutamos contra o descontentamento, corremos o risco de nos tornarmos ingratos e não reconhecer as bênçãos de Deus sobre a nossa vida. A experiência parece demonstrar que, quanto mais as pessoas têm mais descontentes estão. Normalmente, as pessoas mais infelizes são as que possuem muitas posses, fama e status. Elas parecem acreditar que suas carências nunca são supridas. Diferente de Paulo, elas confundem seus desejos com suas “necessidades”. Elas seguem a direção da cultura materialista, que redefine as coisas básicas da vida humana. Salomão o homem mais sábio e rico que já existiu experimentou de tudo nesta vida e chegou a conclusão de que tudo não passa de vaidade (veja Eclesiastes 2).
  • Supere as circunstâncias e desapegue-se da vida materialista (v. 6,12): As situações exasperantes roubam nosso contentamento, mais do que qualquer outra coisa. Nós desmoronamos e perdemos nosso senso de satisfação e paz, quando deixamos as circunstâncias nos vitimarem. Tenha cuidado com o tempo gasto acessando as redes sociais, elas são uma ferramenta muito útil em nossos dias e nós não as demonizamos, no entanto, como tudo nessa vida, precisamos reconhecer os perigos que nos rondam quando as utilizamos em excesso. Por vezes elas são como vitrines nos mostrando aquilo que não temos e que “precisamos” ou nos fazendo pensar que “a grama do vizinho é sempre mais verde”. O contentamento requer que nos policiemos quanto aos nossos pensamentos e sentimentos, por isso desconecte-se um pouco (Pv 4.23; Fp 4.8). Observe: qualquer situação que você enfrenta é temporária. A energia que você gasta com uma situação dificultosa, ficando ansioso, não pode ser comparada à sua recompensa eterna. Aprenda a viver contente sem levar muito a sério as circunstâncias terrenas (2Co 4-17-18; Rm 8.37-39).
  • Descanse seu coração em Deus e desfrute da presença divina (v.7,13): o apóstolo Paulo aprendeu que não importa quão difíceis as coisas sejam neste mundo material, todo cristão tem suporte espiritual (Hb 13.5). O contentamento é um subproduto do sofrimento. Ele vem quando se experimenta o poder sustentador de Cristo e se escapa da opressão (2Co 12.9-10). Devemos experimentar dificuldades suficientes em nossa vida para ver o poder de Cristo manifesto em nós. Nós valorizamos aquilo que perdemos ou sentimos falta, por isso Deus muitas vezes nos faz passar pelo deserto para que possamos valorizar o Paraíso. Quando estamos com fome e sede é que sentimos e percebemos como é importante a comida e a água em nossa vida. Independente das suas circunstâncias, Paulo confiava na providência de Deus e estava fortalecido pelo poder divino. O descontentamento cria raízes no coração onde a Palavra de Deus não está sendo semeada e nutrida. Por experiência própria, sei que quanto menos leio a Bíblia mais descontente me sinto com a vida que tenho. A Palavra de Deus é um porto seguro onde encontramos refúgio em meio aos nossos temores (Sl 19.7-11; 119.105; 2Tm 3.16).

Conclusão
O descontentamento está bem longe de ser algo inofensivo. Combata a ansiedade em sua vida, estando confiante na providência soberana de Deus, e não permita que as circunstâncias tirem a sua paz no cuidado de Deus sobre sua vida. Seja obediente à Palavra de Deus e confiante em seu poder, para que todas as suas necessidades sejam supridas. A paz de Deus será sobre sua vida quando você deixar as preocupações nas mãos dAquele que dirige sua vida, quando você deixar de fazer orações do tipo: “Senhor eu quero, eu preciso” e passar a fazer mais orações do tipo: “Deus obrigado por tudo.” A verdadeira paz e alegria que supera as adversidades da vida vem de um relacionamento constante com o Senhor. Ansiedade e preocupação são pecados que paralisam sua mente, imobilizam seu corpo e impedem seu crescimento espiritual em Cristo, e vem como resultado de uma vida voltada para agradar o seu “EU”. Deus prometeu suprir suas necessidades quando você estiver empenhado em fazer a vontade dEle. Quando você vive ansioso e preocupado, as adversidades que Deus planeja para ensiná-lo a confiar somente nEle e viver em obediência a sua Palavra irá resultar em tentações que irão leva-lo a tomar decisões fora da vontade de Deus trazendo sérios prejuízos sobre sua vida. Não esqueça: Deus é fiel a sua Palavra e suas promessas nunca deixam de se cumprir. Então “entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle e Ele tudo fará.”
REFERÊNCIAS PARA ESTUDO:
BROGER, John C. Apostila Auto Confrontação: um manual de discipulado em profundidade. BCF. SBB

LESSA, Prisca. Exercitando o contentamento em um mundo descontente. Disponível em:  https://gracaemflor.com/exercitando-o-contentamento-em-um-mundo-descontente/. Acessado em 20/12/19

Ultimato Online. O Contentamento. Disponível em: https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/o-contentamento/. Acessado em 20/12/19.

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