terça-feira, 30 de janeiro de 2024

A Palavra da Cruz – 1Coríntios 1.18-25

 

A Grécia é famosa por seus filósofos tais como Platão, Aristóteles, Sócrates entre outros. Os gregos valorizavam a busca pelo conhecimento e o discutir ideias a respeito da vida, da religião, do comportamento humano entre outros. Eles passavam longas horas a escutar os filósofos e conversar sobre a natureza, o universo e o significado da vida. Admiravam-se da eloquência de certos oradores, bem como a sua lógica e seu poder persuasivo. Mas, um dos problemas dos coríntios era a falta de compreensão da natureza da sabedoria. Eles valorizavam altamente a sabedoria humana, mas sabiam muito pouco acerca da sabedoria espiritual e do seu valor superior (Pv 1.7 – Provérbios 8 personifica a sabedoria mostrando sua superioridade e a liga diretamente com o conhecimento de Deus – v.12-14). O apóstolo Paulo, escritor da carta aos coríntios era muito inteligente, bem formado e poderoso nos debates — qualidades que seriam bem atraentes aos gregos. Mas Paulo estava firme na sua resolução de que Cristo, e não ele mesmo, deveria ser o alvo da lealdade e amor dos coríntios. Ele nos mostra que à luz do panorama de morte e destruição que acompanha os homens sábios e poderosos, percebemos como é vazia a sabedoria humana. Devemos escolher e valorizar o eterno e glorioso privilegio de conhecer a Deus, este é o verdadeiro conhecimento que conduz a vida eterna (Jr 9.23-24; Jo 17.3). Devemos nos gloriar apenas no Senhor, na revelação de Deus em Jesus Cristo, a verdadeira sabedoria revelada de Deus, a única Verdade em que se pode confiar (Jo 14.6). A sabedoria humana não passa de especulação fundamentada em visões particulares de corações corrompidos pelo pecado. O mundo de hoje, assim como nos dias de Paulo, está preso na admiração e adoração pela opinião humana, na sabedoria humana, e nos desejos e aspirações humanas. As pessoas são continuamente tentadas a descobrir por conta própria o que é a vida, de onde veio, para onde vai, o que significa, e que pode e deve ser feito. As ideias humanas mudam constantemente, aparecem e desaparecem e estão em constante conflitos contradizendo-se uns aos outros. A Palavra de Deus é a única sabedoria verdadeira e é toda a sabedoria que é confiável e necessária (Pv 30.5; 2Tm 3.16-17). Toda a verdade que Deus quer que nós tenhamos e que nós precisamos vem dela. Ela não precisa de adição de sabedoria humana, que sempre fica aquém da Sua Palavra e na maioria das vezes a contradiz ou distorce. Quando o homem tenta por conta própria determinar como é Deus, o que é a Sua vontade, e o que Ele pode e não pode fazer, a criatura apenas cria um deus imaginário, um ídolo a sua própria imagem e para sua própria satisfação egoísta. A verdadeira imagem de Deus só pode ser encontrada na pessoa de Cristo (Jo 1.1,14; Cl 1.15; Hb 1.3). Deus concedeu à humanidade uma sabedoria natural, mas limitada, que inclui a capacidade de raciocinar, aprender pela experiência e fazer escolhas racionais. No entanto, essa sabedoria deve ser complementada pela sabedoria divina, a revelação de Deus, para reconhecer a verdadeira natureza das coisas, seus valores e as consequências de determinados procedimentos. Deus nos criou para sermos seus filhos e dependentes dEle para orientar nossos pensamentos e ações. A sabedoria de Deus nos foi revelada em Cristo. Na crucificação, Deus mostrou na fraqueza, o seu poder. A sabedoria humana não pode entender a cruz. Para o homem a cruz é símbolo de derrota, mas para Deus é o símbolo da vitória – a vitória contra o pecado e a soberba do ser humano em querer ser como Deus (Gn 3.6). As pessoas são inclinadas a tentar resolver os seus problemas e lutar suas batalhas pela sua própria sabedoria e em seu próprio poder. Mesmo quando sabem que a sua própria filosofia ou a sua própria religião é instável, elas preferem continuar cavando sua própria cova, em vez de simplesmente crer em Deus e na Sua Palavra. A pregação da cruz tem por objetivo conduzir as pessoas a Jesus, pois o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, pois nEle se descobre a justiça de Deus de fé em fé, pois o justo vive pela fé.   

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

A Escritura e as boas obras

Andamos por um caminho estreito que pode nos levar a erros em nossa interpretação e entendimento das doutrinas bíblicas. O Espírito Santo é que pode iluminar nossa mente na compreensão da verdade e encontrar um equilíbrio em nossa caminhada. Na guerra pela verdade, muitas vezes nos apegamos a combater a própria verdade de Deus. Quando deixados a depender de nossos próprios recursos, fica praticamente impossível manter a linha certa da verdade, e cada um passa a defender a sua própria interpretação da verdade. Há muitas doutrinas complexas que nos levam a isso, tais como a doutrina da soberania de Deus e a responsabilidade do homem, a doutrina da eleição e da proclamação universal do Evangelho, a justificação pela fé e a prática de boas obras. Se, por um lado, alguns têm errado por atribuir uma posição que a Bíblia não ensina, por outro lado, também é certo que outros têm deixado de atribuir às boas obras o devido lugar que a Bíblia lhe dá.

Em alguns segmentos do cristianismo a fé, ainda que não negada totalmente, é desprezada devido ao zelo pelas boas obras. Não há dúvida de que muitos assumem a postura, por não darem o devido valor a fé, com medo de cair no erro de confiar em suas próprias realizações como mérito de salvação. Contudo, devemos buscar o equilíbrio para não tirar o devido valor de um em detrimento do outro. Não podemos negar a verdade de que a salvação é pela graça, mediante a fé, e isso não vem de nós, para que ninguém se glorie. Porém, a prática das boas obras tem o seu devido lugar em nossa caminhada cristã, não como meio de salvação, mas demonstração de uma fé autêntica conforme nos ensina Tiago em sua carta: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. (Tiago 2:17).

A Bíblia é muito enfática em dizer que a salvação é pela graça, mediante a fé no sangue de Cristo. Mas, também assegura que sem a santificação (o que envolve a prática de obras), ninguém verá a Deus. A Palavra nos educa para vivermos uma vida de fé e santidade na Presença de Deus. Não podemos desvincular a fé em Cristo dos frutos gerados por essa mesma fé na prática de boas obras. Fazer objeção a fé e a prática de boas obras como resultado de um coração regenerado que busca obedecer ao seu Senhor é perder a conexão entre a justificação e a santificação. A vida celestial será o término e a consumação da vida dos que foram regenerados e viveram neste mundo (veja o Salmo 15). Se alguém não odiou o pecado e não amou a santidade nesta vida, certamente não o fará na vida eterna. Muitos são os que querem ir para o céu, mas são poucos os que querem trilhar o caminho da santidade que o leva até lá. As boas obras não são mérito para a salvação, mas elas estão ligadas a ela (Ef 2.10). As boas obras não são a causa da salvação, mas está entre os meios que revelam o coração regenerado. A vida de obediência diária mostra nosso verdadeiro amor por Cristo (Jo 14.15).

Verdadeiro discípulos de Cristo confirmam sua profissão de fé pelo seu testemunho de vida (Mt 5.16). O desígnio das boas obras é glorificar a Deus. As boas obra não visam chamar atenção para nós, mas elas servem para glorificar a Deus. Elas possuem qualidade e caráter que revelam que nada de bom pode proceder de uma natureza caída. É um fruto sobrenatural que requer uma raiz sobrenatural. Deus é glorificado no seu povo quando estes vivem e praticam as obras para os quais foram criados. A verdadeira natureza das boas obras revela o amor de Deus no coração daquele que crê. Por amar a Deus, ele obedece, a obediência é fruto do amor e não da imposição de uma lei. Todos os homens podem praticar obras que são louváveis aos olhos da sociedade, mas somente os que foram regenerados é que podem praticar obras que glorificam a Deus. O coração não regenerado tem prazer em fazer coisas que sejam apenas para o seu inteiro agrado. No íntimo seus corações são orgulhosos e querem a recompensa (elogio), mas quem verdadeiramente tem um coração transformado, sacrifica-se a si mesmo seguindo o exemplo de Jesus (João 3.16 e 1João 3.16). Somente o Espírito é que nos capacita a viver dessa forma. Dessa maneira, somos libertos da autossuficiência e levados a perceber que todas as fontes de nossas ações procedem de Deus (Fp 2.13). Nada honra tanto a Cristo como o fato de que aqueles que receberam a salvação vivam constantemente a sua vida cristã, no Espírito de Cristo, que viveu sua vida para glorificar o Pai.

A prática das boas obras é um ato de adoração a Deus que o glorificam e exaltam pela sua Obra salvadora na vida daquele que creu. A nossa leitura da Palavra deve nos levar a refletir o caráter de Cristo em nossas vidas por meio das boas obras que praticamos. Como filhos de Deus devemos ser melhores cidadãos da Terra que vivem os valores do Reino de Deus.

Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A. W. Pink

Editora Fiel