segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

As Escrituras e a oração

Aquele que professa ser crente e não ora está destituído de vida espiritual. A oração é como a respiração de nova natureza concedida por Deus, assim como a Palavra é o alimento para a alma. Os que se dirigem a Deus com sua religiosidade sem intimidade não conhecem verdadeiramente a Deus. Pecamos em não buscar e ter uma vida de oração e intimidade com Deus. Os que não tem consciência disso ficam totalmente alheios a vontade do Senhor. A Palavra de Deus é o nosso manual de oração, mas infelizmente as inclinações carnais têm servido de norma para nossas petições. Nossas orações devem seguir o padrão das Escrituras. À medida que a Palavra de Deus habita em nós, nossas orações estarão mais ou menos em harmonia com a mente do Espírito de Deus. Na proporção que guardamos a Palavra no coração, ela nos limpa, molda e regula o nosso homem interior e as nossas orações se tornam mais aceitáveis a Deus. A vida de oração serve como um termômetro pelo qual podemos determinar o quanto estamos sendo beneficiados de nossa leitura e estudo da Bíblia. Se em nosso estudo da Bíblia não aprendemos a orar da maneira que convém, como nos apropriaremos das promessas de Deus e seus preceitos, como apresentaremos nossas petições, o tempo investido na leitura e estudo da Palavra? Na verdade, estaremos nos condenando pela nossa própria negligência diante de Deus e sua Palavra.

Ter uma vida de oração é absolutamente essencial para andarmos e termos comunhão diária com Deus. É fato que, todos dedicamos muito mais tempo para tudo que consideramos imperativo. Contudo, mesmo tendo a consciência da ordem para orar, nossas atitudes revelam que ela não faz parte de nossa lista de prioridades. A falta de convicção sobre a importância da oração se evidencia na falta de compromisso em orar. Quando realmente entendermos e verdadeiramente buscarmos a intimidade com Deus, seremos ainda mais beneficiados em nosso estudo das Escrituras. Para que o coração seja levado a sentir aquilo que Deus exige de nós, precisamos que Ele mesmo opere em nós e por nosso intermédio. Não podemos orar sem a capacidade dada diretamente pelo Espírito Santo. A oração é uma necessidade despertada em nós pelo Espírito à medida que a Palavra de Deus preenche nosso coração. A vontade de Deus é conhecida e revelada na sua Palavra, é nela que encontramos os princípios que exigem um contínuo exercício do coração na busca pela ajuda divina para que nos seja mostrada qual é a vontade de Deus.

Por meio da Palavra, o Espírito Santo nos faz conhecer nossas verdadeiras necessidades e como alinhá-las com a vontade de Deus. É certo que ao orar diante das aflições queremos nos ver livres de nossas dificuldades. Porém, a despeito de nosso desejo natural de alívio, somos tão ignorantes, que não sabemos em que ponto Deus deseja que nos submetamos à sua vontade ou como podemos ser santificados por meio das aflições, já que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Neste caso, precisamos da sabedoria divina que nos ensina a orar sobre as nossas necessidades temporais, em harmonia com a mente de Deus. Ao pedirmos sobre coisas temporais, devemos fazê-lo, de maneira que a resposta que damos seja para que Deus seja glorificado. Por isso, devemos buscar, de maneira definida, a ajuda do Espírito Santo para que oremos de modo aceitável a Deus.

A oração é um ato de adoração de alguém que reconhece Deus como Pai, que através do seu Filho, nos concedeu aproximarmo-nos diante do trono de Graça para acharmos socorro em momento oportuno. Na oração nos humilhamos, pois ela nos leva a uma posição de dependência, desenvolvendo nosso sendo de incapacidade e reconhecendo que sem o Senhor nada podemos fazer. Muitas orações ficam sem respostas porque temos em vista propósitos errados e até mesmo indignos. Orar por algo que não tenha em vista a finalidade pela qual Deus determinou é “pedir mal” e segundo Tiago: “Pedis e não recebeis, porque pedis para esbanjardes em vossos próprios prazeres.” Se formos abandonados aos nosso próprios desejos, nossos alvos jamais se harmonizarão com a vontade de Deus. Somente o Espírito é que pode refrear nossos instintos carnais e capacitar-nos a subordinar todos os nossos desejos à glória de Deus.

A oração é um ato de fé e está envolvido num ambiente de fé. Se não entendermos o que Deus nos prometeu, não podemos orar. Não há nada que necessitamos que Deus não tenha prometido suprir, mas Ele o fez de maneiras e com limitações que sejam boas e úteis para nós conforme seu propósito estabelecido. Quanto mais familiarizados com as promessas de Deus e quanto mais compreendermos sua bondade e misericórdia propostas e preparadas nessas promessas, tanto mais estaremos capacitados a fazer orações que sejam aceitáveis a Deus. Conforme já dito, um dos propósitos da oração é sermos humilhados e reconhecermos nossa dependência de Deus. A oração é o reconhecimento de nossa incapacidade e impotência, em que olhamos para Aquele de onde procede toda nossa ajuda. Orar é tornar conhecidas nossas petições, expor nosso caso a Deus e deixar que sua sabedoria prescreva como a questão deve ser solucionada, como está escrito: “...lançando sobre Ele toda vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós.” Não podemos dar ordens a Deus e nem reivindicar qualquer coisa da parte dEle. Devemos sim, orar e expor nossas necessidades, mas estar pronto a dizer: “Seja feita a Tua vontade e não a minha.” Certamente podemos pleitear que Deus cumpra com suas promessas, mas a resposta deve ser de Deus e não conforme nossas expectativas e vontades. Deus reserva par si o direito de determinar o tempo apropriado, a ocasião oportuna, para derramar sua misericórdia sobre nós.

O benefício principal de uma vida de oração constante, não está no fato de tê-las respondidas, mas em chegar à Presença de Deus e contemplar a luz gloriosa de sua face, ter comunhão com Ele e um vislumbre do que nos espera na eternidade. A benção que promove alegria na oração é o deleite do próprio coração em Deus como objeto da oração, a percepção de Deus como Pai que cuida de seus filhos. É a visão do Trono de Graça, onde o objeto de nossa intercessão deixa de ser apenas o pedido atendido, mas o estar aos pés do Salvador e ser acolhido em seus braços de amor, ouvindo sua voz falar ao nosso coração. Deus espera que coloquemos diante dEle nossas necessidades, que depositemos nossa fé em sua disposição de nos abençoar. Mas o prazer maior é saber que por meio de Jesus Cristo, seu Filho, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois, quem fez a promessa é fiel.


Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A. W. Pink

Editora Fiel


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