Ao abrir meu Facebook me
deparei com este post e resolvi ler os comentários. Lendo cada um dos
comentários, isso me levou a escrever este artigo. Fui católico até os 17 anos
e estudei o catecismo da Igreja Católica, fiz o Crisma, a primeira confissão e
a participação da “comunhão” (hóstia). Era assíduo na igreja e participava das missas
de domingo, das procissões e dos grupos de orações nas casas, em que rezávamos o
terço. Mas, aos 17 anos comecei a frequentar um trabalho evangelístico realizado
pela Primeira Igreja Batista de São José dos Campos (PIB), atual Igreja da Cidade.
Sempre tive interesse em conhecer e estudar a Bíblia, e ali, no início, por curiosidade
comecei a frequentar os estudo bíblicos, e quando me dei conta, estava me
batizando na igreja evangélica, onde estou até hoje. Comecei na Igreja Batista,
e depois fui para a Igreja Cristã Evangélica, onde atualmente sou pastor.
Meu intuito é compartilhar a
Palavra de Deus, o Evangelho de Cristo para levar as pessoas ao conhecimento da
verdade, e deixar que o Espírito Santo faça a obra de convencer do pecado, da justiça
e do juízo de Deus.
Com relação ao post, que questiona
a questão do perdão concedido as pessoas. O argumento católico é que Jesus
concedeu aos apóstolos, e consequentemente a igreja o poder para perdoar
pecados. Em contraste com a crença protestante que diz que, somente Deus tem
esse poder, e o que foi concedido, foi a autoridade mediante a pregação da
Palavra que leva ao arrependimento e assim, a pessoa tem seus pecados perdoados
pelo Senhor.
Antes de analisar o texto,
quero dizer que, ao interpretar a Bíblia, existem regras que precisam ser
seguidas as quais sãos estudadas nas matérias chamadas Hermenêutica e Exegese Bíblica.
Não podemos simplesmente pegar um texto e interpretá-lo conforme o que achamos
que deve ser ou a nosso bel prazer para confirmar aquilo que nós acreditamos
como sendo a verdade. É muito perigoso tirar um texto de seu contexto. Temos
como exemplo, os diversos vídeos que circulam pela internet, onde as pessoas
postam apenas aquilo que lhes convém sem analisar todos os fatos envolvidos, e
acabam propagando as chamadas “Fake News” ou em português claro, falsas notícias.
Ao analisar um verso ou texto da Bíblia, é necessário entender o contexto em
que ele foi escrito (o que vem antes e depois) e também analisá-lo dentro do
contexto da revelação bíblica, ou seja, outras passagens que corroboram o texto,
dando validade a sua interpretação.
Existem versículos que contêm
verdades difíceis de ser entendidas. Há assuntos que exigem reverência de nossa
parte ao considerá-los. Em tais passagens, é fácil obscurecer o significado com
palavras que não revelam entendimento. Por isso, como um bom detetive, é
prudente restringir nossa atenção aos fatos que são evidentes e instrutivos.
Devemos rejeitar como insustentável a sugestão de que tais palavras não eram
sem significado, pois, entendemos que se trata da Palavra de Deus (2Tm 3.16;
2Pe 1.20-21).
Não podemos negar que o verdadeiro significado
de certas passagens tem sido motivo de controvérsia e discórdia. É inútil
pensar que acabaremos com isso. O que almejamos é apresentar uma razoável
explicação da passagem. Parece bastante razoável que Jesus, nesta ocasião,
comissionou seus discípulos a irem por todo o mundo e proclamarem o Evangelho
que Ele mesmo havia pregado, conferindo-lhes poder ao fazer tal declaração. Mas,
lembre-se, é preciso analisar a passagem dentro do seu contexto. Este versículo
tem sido mal interpretado pelos católicos romanos para significar que a Igreja
Católica Romana teve a autoridade dos apóstolos de perdoar os pecados passados
a eles. Mas a Escritura ensina que só Deus pode perdoar pecados (Dn 9.9). O Novo
Testamento não faz nenhuma menção dos apóstolos (ou outra pessoa) absolvendo o povo
de seus pecados. Além disso, essa promessa não foi feita para os apóstolos
sozinhos, uma vez que os outros também estavam presentes (Lucas 24:33). O que
Cristo estava realmente dizendo é que qualquer cristão pode declarar que
aqueles que verdadeiramente se arrependem e creem no evangelho terão seus
pecados perdoados por Deus. Por outro lado, eles podem advertir que aqueles que
rejeitam Jesus Cristo vão morrer em seus pecados. Foi exatamente isso que os
apóstolos fizeram, conforme se pode verificar quando se lê o livro de Atos
(Atos 3.18-20; 13.26,38-39). Eles estavam obedecendo a Jesus que os havia
comissionado a pregar a salvação e o perdão dos pecados pela fé em Cristo
Jesus. Com autoridade, eles estavam abrindo a porta de salvação e convidando os
pecadores a entrarem por ela para serem salvos e terem seus pecados perdoados (Jo 10.1-9).
É improvável que, através das palavras ditas neste verso: “Se vocês perdoarem
os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles
não são perdoados”, Jesus tencionava sancionar a prática de absolvição dos
pecados após confissão auricular. No livro de Atos não existe qualquer ocasião
em que achamos um apóstolo servindo-se deste tipo de absolvição. Adotar está
prática como regra é voltar ao rudimentos da Lei e da prática dos rituais que
tiveram sua validade, mas apenas para apontar para o que é verdadeiro, Jesus
Cristo.
Os cristãos podem declarar que
um pecador é perdoado ou não perdoado com base em como ele responde ao
evangelho da salvação. A autoridade da igreja para dizer a alguém que ele está
perdoado ou que ele ainda está em pecado vem diretamente da Palavra de Deus. Aqueles
dentro da igreja têm tanto a autoridade quanto a obrigação de chamar o irmão
pecador de volta ao arrependimento (Mt 18.15-20), e deixá-lo saber que por
causa de seu flagrante desrespeito para com a Palavra de Deus, eles serão
considerados de fora da comunhão com o povo de Deus. Os crentes têm autoridade para
julgar porque Deus lhes deu Sua Palavra como padrão supremo. Sua
autoridade não baseia em sua própria justiça pessoal, dons espirituais, ou a
posição eclesiástica. Em vez disso, vem da autoridade da Palavra de Deus. Quando
as pessoas rejeitam a mensagem salvífica do Evangelho, negando a pessoa e obra
de Jesus Cristo, a igreja tem autoridade divina, baseada na Palavra revelada de
Deus, para dizer-lhes que eles vão perecer no inferno se não se arrependerem
(Lucas 13:1 -5; cf. João 3:18). Por outro lado, quando as pessoas professam a
fé em Cristo como seu Salvador e Senhor, a igreja pode afirmar que a
profissão de fé, se é genuína, irá conduzir o pecador a salvação e perdão de
seus pecados (Rm 10.9-10).
Os discípulos sabiam que
somente Deus pode perdoar pecados. O que Jesus estava ensinando é que é responsabilidade
da Igreja como Corpo de Cristo e não de apenas uma elite que ocupa funções eclesiásticas,
anunciar o Evangelho em todo o mundo, a fim de que todo aquele que crer em
Jesus possa encontrar o precioso perdão de seus pecados.
Concluo está reflexão com um
profundo senso da importância do ofício de um ministro do Evangelho, quando
este é realizado de acordo com a revelação de Deus em sua Palavra. Não existe
honra maior do que ser embaixador do Reino de Deus e proclamar em Nome de Cristo
o perdão dos pecados (2Co 5.18-20). Porém, devemos ter o cuidado de não tributar
a um ministério, pessoa ou instituição eclesiástica mais autoridade do que a que o próprio
Jesus lhe tenha conferido. Tratar os ministros do Evangelho como intermediários
entre Deus e o homem é roubar de Cristo a prerrogativa que só ele tem (Jo 14.6;
At 4.12; 1Tm 2.5-6; Hb 4.14-16; 10.19-22; 1Jo 1.9; 2.1-2; Ap 5.9), é ocultar dos
pecadores a verdade da salvação e exaltar homens ordenados ao ministério a uma
posição para a qual estão totalmente desqualificados (Rm 3.10-12,23).
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