terça-feira, 30 de janeiro de 2024

A Palavra da Cruz – 1Coríntios 1.18-25

 

A Grécia é famosa por seus filósofos tais como Platão, Aristóteles, Sócrates entre outros. Os gregos valorizavam a busca pelo conhecimento e o discutir ideias a respeito da vida, da religião, do comportamento humano entre outros. Eles passavam longas horas a escutar os filósofos e conversar sobre a natureza, o universo e o significado da vida. Admiravam-se da eloquência de certos oradores, bem como a sua lógica e seu poder persuasivo. Mas, um dos problemas dos coríntios era a falta de compreensão da natureza da sabedoria. Eles valorizavam altamente a sabedoria humana, mas sabiam muito pouco acerca da sabedoria espiritual e do seu valor superior (Pv 1.7 – Provérbios 8 personifica a sabedoria mostrando sua superioridade e a liga diretamente com o conhecimento de Deus – v.12-14). O apóstolo Paulo, escritor da carta aos coríntios era muito inteligente, bem formado e poderoso nos debates — qualidades que seriam bem atraentes aos gregos. Mas Paulo estava firme na sua resolução de que Cristo, e não ele mesmo, deveria ser o alvo da lealdade e amor dos coríntios. Ele nos mostra que à luz do panorama de morte e destruição que acompanha os homens sábios e poderosos, percebemos como é vazia a sabedoria humana. Devemos escolher e valorizar o eterno e glorioso privilegio de conhecer a Deus, este é o verdadeiro conhecimento que conduz a vida eterna (Jr 9.23-24; Jo 17.3). Devemos nos gloriar apenas no Senhor, na revelação de Deus em Jesus Cristo, a verdadeira sabedoria revelada de Deus, a única Verdade em que se pode confiar (Jo 14.6). A sabedoria humana não passa de especulação fundamentada em visões particulares de corações corrompidos pelo pecado. O mundo de hoje, assim como nos dias de Paulo, está preso na admiração e adoração pela opinião humana, na sabedoria humana, e nos desejos e aspirações humanas. As pessoas são continuamente tentadas a descobrir por conta própria o que é a vida, de onde veio, para onde vai, o que significa, e que pode e deve ser feito. As ideias humanas mudam constantemente, aparecem e desaparecem e estão em constante conflitos contradizendo-se uns aos outros. A Palavra de Deus é a única sabedoria verdadeira e é toda a sabedoria que é confiável e necessária (Pv 30.5; 2Tm 3.16-17). Toda a verdade que Deus quer que nós tenhamos e que nós precisamos vem dela. Ela não precisa de adição de sabedoria humana, que sempre fica aquém da Sua Palavra e na maioria das vezes a contradiz ou distorce. Quando o homem tenta por conta própria determinar como é Deus, o que é a Sua vontade, e o que Ele pode e não pode fazer, a criatura apenas cria um deus imaginário, um ídolo a sua própria imagem e para sua própria satisfação egoísta. A verdadeira imagem de Deus só pode ser encontrada na pessoa de Cristo (Jo 1.1,14; Cl 1.15; Hb 1.3). Deus concedeu à humanidade uma sabedoria natural, mas limitada, que inclui a capacidade de raciocinar, aprender pela experiência e fazer escolhas racionais. No entanto, essa sabedoria deve ser complementada pela sabedoria divina, a revelação de Deus, para reconhecer a verdadeira natureza das coisas, seus valores e as consequências de determinados procedimentos. Deus nos criou para sermos seus filhos e dependentes dEle para orientar nossos pensamentos e ações. A sabedoria de Deus nos foi revelada em Cristo. Na crucificação, Deus mostrou na fraqueza, o seu poder. A sabedoria humana não pode entender a cruz. Para o homem a cruz é símbolo de derrota, mas para Deus é o símbolo da vitória – a vitória contra o pecado e a soberba do ser humano em querer ser como Deus (Gn 3.6). As pessoas são inclinadas a tentar resolver os seus problemas e lutar suas batalhas pela sua própria sabedoria e em seu próprio poder. Mesmo quando sabem que a sua própria filosofia ou a sua própria religião é instável, elas preferem continuar cavando sua própria cova, em vez de simplesmente crer em Deus e na Sua Palavra. A pregação da cruz tem por objetivo conduzir as pessoas a Jesus, pois o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, pois nEle se descobre a justiça de Deus de fé em fé, pois o justo vive pela fé.   

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

A Escritura e as boas obras

Andamos por um caminho estreito que pode nos levar a erros em nossa interpretação e entendimento das doutrinas bíblicas. O Espírito Santo é que pode iluminar nossa mente na compreensão da verdade e encontrar um equilíbrio em nossa caminhada. Na guerra pela verdade, muitas vezes nos apegamos a combater a própria verdade de Deus. Quando deixados a depender de nossos próprios recursos, fica praticamente impossível manter a linha certa da verdade, e cada um passa a defender a sua própria interpretação da verdade. Há muitas doutrinas complexas que nos levam a isso, tais como a doutrina da soberania de Deus e a responsabilidade do homem, a doutrina da eleição e da proclamação universal do Evangelho, a justificação pela fé e a prática de boas obras. Se, por um lado, alguns têm errado por atribuir uma posição que a Bíblia não ensina, por outro lado, também é certo que outros têm deixado de atribuir às boas obras o devido lugar que a Bíblia lhe dá.

Em alguns segmentos do cristianismo a fé, ainda que não negada totalmente, é desprezada devido ao zelo pelas boas obras. Não há dúvida de que muitos assumem a postura, por não darem o devido valor a fé, com medo de cair no erro de confiar em suas próprias realizações como mérito de salvação. Contudo, devemos buscar o equilíbrio para não tirar o devido valor de um em detrimento do outro. Não podemos negar a verdade de que a salvação é pela graça, mediante a fé, e isso não vem de nós, para que ninguém se glorie. Porém, a prática das boas obras tem o seu devido lugar em nossa caminhada cristã, não como meio de salvação, mas demonstração de uma fé autêntica conforme nos ensina Tiago em sua carta: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. (Tiago 2:17).

A Bíblia é muito enfática em dizer que a salvação é pela graça, mediante a fé no sangue de Cristo. Mas, também assegura que sem a santificação (o que envolve a prática de obras), ninguém verá a Deus. A Palavra nos educa para vivermos uma vida de fé e santidade na Presença de Deus. Não podemos desvincular a fé em Cristo dos frutos gerados por essa mesma fé na prática de boas obras. Fazer objeção a fé e a prática de boas obras como resultado de um coração regenerado que busca obedecer ao seu Senhor é perder a conexão entre a justificação e a santificação. A vida celestial será o término e a consumação da vida dos que foram regenerados e viveram neste mundo (veja o Salmo 15). Se alguém não odiou o pecado e não amou a santidade nesta vida, certamente não o fará na vida eterna. Muitos são os que querem ir para o céu, mas são poucos os que querem trilhar o caminho da santidade que o leva até lá. As boas obras não são mérito para a salvação, mas elas estão ligadas a ela (Ef 2.10). As boas obras não são a causa da salvação, mas está entre os meios que revelam o coração regenerado. A vida de obediência diária mostra nosso verdadeiro amor por Cristo (Jo 14.15).

Verdadeiro discípulos de Cristo confirmam sua profissão de fé pelo seu testemunho de vida (Mt 5.16). O desígnio das boas obras é glorificar a Deus. As boas obra não visam chamar atenção para nós, mas elas servem para glorificar a Deus. Elas possuem qualidade e caráter que revelam que nada de bom pode proceder de uma natureza caída. É um fruto sobrenatural que requer uma raiz sobrenatural. Deus é glorificado no seu povo quando estes vivem e praticam as obras para os quais foram criados. A verdadeira natureza das boas obras revela o amor de Deus no coração daquele que crê. Por amar a Deus, ele obedece, a obediência é fruto do amor e não da imposição de uma lei. Todos os homens podem praticar obras que são louváveis aos olhos da sociedade, mas somente os que foram regenerados é que podem praticar obras que glorificam a Deus. O coração não regenerado tem prazer em fazer coisas que sejam apenas para o seu inteiro agrado. No íntimo seus corações são orgulhosos e querem a recompensa (elogio), mas quem verdadeiramente tem um coração transformado, sacrifica-se a si mesmo seguindo o exemplo de Jesus (João 3.16 e 1João 3.16). Somente o Espírito é que nos capacita a viver dessa forma. Dessa maneira, somos libertos da autossuficiência e levados a perceber que todas as fontes de nossas ações procedem de Deus (Fp 2.13). Nada honra tanto a Cristo como o fato de que aqueles que receberam a salvação vivam constantemente a sua vida cristã, no Espírito de Cristo, que viveu sua vida para glorificar o Pai.

A prática das boas obras é um ato de adoração a Deus que o glorificam e exaltam pela sua Obra salvadora na vida daquele que creu. A nossa leitura da Palavra deve nos levar a refletir o caráter de Cristo em nossas vidas por meio das boas obras que praticamos. Como filhos de Deus devemos ser melhores cidadãos da Terra que vivem os valores do Reino de Deus.

Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A. W. Pink

Editora Fiel

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Temos o poder para perdoar pecados? - João 20.23

 

Ao abrir meu Facebook me deparei com este post e resolvi ler os comentários. Lendo cada um dos comentários, isso me levou a escrever este artigo. Fui católico até os 17 anos e estudei o catecismo da Igreja Católica, fiz o Crisma, a primeira confissão e a participação da “comunhão” (hóstia). Era assíduo na igreja e participava das missas de domingo, das procissões e dos grupos de orações nas casas, em que rezávamos o terço. Mas, aos 17 anos comecei a frequentar um trabalho evangelístico realizado pela Primeira Igreja Batista de São José dos Campos (PIB), atual Igreja da Cidade. Sempre tive interesse em conhecer e estudar a Bíblia, e ali, no início, por curiosidade comecei a frequentar os estudo bíblicos, e quando me dei conta, estava me batizando na igreja evangélica, onde estou até hoje. Comecei na Igreja Batista, e depois fui para a Igreja Cristã Evangélica, onde atualmente sou pastor.

Meu intuito é compartilhar a Palavra de Deus, o Evangelho de Cristo para levar as pessoas ao conhecimento da verdade, e deixar que o Espírito Santo faça a obra de convencer do pecado, da justiça e do juízo de Deus.

Com relação ao post, que questiona a questão do perdão concedido as pessoas. O argumento católico é que Jesus concedeu aos apóstolos, e consequentemente a igreja o poder para perdoar pecados. Em contraste com a crença protestante que diz que, somente Deus tem esse poder, e o que foi concedido, foi a autoridade mediante a pregação da Palavra que leva ao arrependimento e assim, a pessoa tem seus pecados perdoados pelo Senhor.

Antes de analisar o texto, quero dizer que, ao interpretar a Bíblia, existem regras que precisam ser seguidas as quais sãos estudadas nas matérias chamadas Hermenêutica e Exegese Bíblica. Não podemos simplesmente pegar um texto e interpretá-lo conforme o que achamos que deve ser ou a nosso bel prazer para confirmar aquilo que nós acreditamos como sendo a verdade. É muito perigoso tirar um texto de seu contexto. Temos como exemplo, os diversos vídeos que circulam pela internet, onde as pessoas postam apenas aquilo que lhes convém sem analisar todos os fatos envolvidos, e acabam propagando as chamadas “Fake News” ou em português claro, falsas notícias. Ao analisar um verso ou texto da Bíblia, é necessário entender o contexto em que ele foi escrito (o que vem antes e depois) e também analisá-lo dentro do contexto da revelação bíblica, ou seja, outras passagens que corroboram o texto, dando validade a sua interpretação.

Existem versículos que contêm verdades difíceis de ser entendidas. Há assuntos que exigem reverência de nossa parte ao considerá-los. Em tais passagens, é fácil obscurecer o significado com palavras que não revelam entendimento. Por isso, como um bom detetive, é prudente restringir nossa atenção aos fatos que são evidentes e instrutivos. Devemos rejeitar como insustentável a sugestão de que tais palavras não eram sem significado, pois, entendemos que se trata da Palavra de Deus (2Tm 3.16; 2Pe 1.20-21).

Não podemos negar que o verdadeiro significado de certas passagens tem sido motivo de controvérsia e discórdia. É inútil pensar que acabaremos com isso. O que almejamos é apresentar uma razoável explicação da passagem. Parece bastante razoável que Jesus, nesta ocasião, comissionou seus discípulos a irem por todo o mundo e proclamarem o Evangelho que Ele mesmo havia pregado, conferindo-lhes poder ao fazer tal declaração. Mas, lembre-se, é preciso analisar a passagem dentro do seu contexto. Este versículo tem sido mal interpretado pelos católicos romanos para significar que a Igreja Católica Romana teve a autoridade dos apóstolos de perdoar os pecados passados a eles. Mas a Escritura ensina que só Deus pode perdoar pecados (Dn 9.9). O Novo Testamento não faz nenhuma menção dos apóstolos (ou outra pessoa) absolvendo o povo de seus pecados. Além disso, essa promessa não foi feita para os apóstolos sozinhos, uma vez que os outros também estavam presentes (Lucas 24:33). O que Cristo estava realmente dizendo é que qualquer cristão pode declarar que aqueles que verdadeiramente se arrependem e creem no evangelho terão seus pecados perdoados por Deus. Por outro lado, eles podem advertir que aqueles que rejeitam Jesus Cristo vão morrer em seus pecados. Foi exatamente isso que os apóstolos fizeram, conforme se pode verificar quando se lê o livro de Atos (Atos 3.18-20; 13.26,38-39). Eles estavam obedecendo a Jesus que os havia comissionado a pregar a salvação e o perdão dos pecados pela fé em Cristo Jesus. Com autoridade, eles estavam abrindo a porta de salvação e convidando os pecadores a entrarem por ela para serem salvos e terem seus pecados perdoados (Jo 10.1-9). É improvável que, através das palavras ditas neste verso: “Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados, Jesus tencionava sancionar a prática de absolvição dos pecados após confissão auricular. No livro de Atos não existe qualquer ocasião em que achamos um apóstolo servindo-se deste tipo de absolvição. Adotar está prática como regra é voltar ao rudimentos da Lei e da prática dos rituais que tiveram sua validade, mas apenas para apontar para o que é verdadeiro, Jesus Cristo.

Os cristãos podem declarar que um pecador é perdoado ou não perdoado com base em como ele responde ao evangelho da salvação. A autoridade da igreja para dizer a alguém que ele está perdoado ou que ele ainda está em pecado vem diretamente da Palavra de Deus. Aqueles dentro da igreja têm tanto a autoridade quanto a obrigação de chamar o irmão pecador de volta ao arrependimento (Mt 18.15-20), e deixá-lo saber que por causa de seu flagrante desrespeito para com a Palavra de Deus, eles serão considerados de fora da comunhão com o povo de Deus. Os crentes têm autoridade para julgar porque Deus lhes deu Sua Palavra como padrão supremo. Sua autoridade não baseia em sua própria justiça pessoal, dons espirituais, ou a posição eclesiástica. Em vez disso, vem da autoridade da Palavra de Deus. Quando as pessoas rejeitam a mensagem salvífica do Evangelho, negando a pessoa e obra de Jesus Cristo, a igreja tem autoridade divina, baseada na Palavra revelada de Deus, para dizer-lhes que eles vão perecer no inferno se não se arrependerem (Lucas 13:1 -5; cf. João 3:18). Por outro lado, quando as pessoas professam a fé em Cristo como seu Salvador e Senhor, a igreja pode afirmar que a profissão de fé, se é genuína, irá conduzir o pecador a salvação e perdão de seus pecados (Rm 10.9-10).

Os discípulos sabiam que somente Deus pode perdoar pecados. O que Jesus estava ensinando é que é responsabilidade da Igreja como Corpo de Cristo e não de apenas uma elite que ocupa funções eclesiásticas, anunciar o Evangelho em todo o mundo, a fim de que todo aquele que crer em Jesus possa encontrar o precioso perdão de seus pecados.

Concluo está reflexão com um profundo senso da importância do ofício de um ministro do Evangelho, quando este é realizado de acordo com a revelação de Deus em sua Palavra. Não existe honra maior do que ser embaixador do Reino de Deus e proclamar em Nome de Cristo o perdão dos pecados (2Co 5.18-20). Porém, devemos ter o cuidado de não tributar a um ministério, pessoa ou instituição eclesiástica mais autoridade do que a que o próprio Jesus lhe tenha conferido. Tratar os ministros do Evangelho como intermediários entre Deus e o homem é roubar de Cristo a prerrogativa que só ele tem (Jo 14.6; At 4.12; 1Tm 2.5-6; Hb 4.14-16; 10.19-22; 1Jo 1.9; 2.1-2; Ap 5.9), é ocultar dos pecadores a verdade da salvação e exaltar homens ordenados ao ministério a uma posição para a qual estão totalmente desqualificados (Rm 3.10-12,23).

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

A armadura de Deus – Efésios 6.10-20

Efésios 6 é um capítulo poderoso e prático que enfatiza a batalha espiritual e a necessidade de os crentes vestirem toda a armadura de Deus. Paulo provavelmente teve muito tempo para observar as partes da armadura de um soldado romano; afinal, por um longo período ele foi vigiado por um guarda durante sua prisão domiciliar em Roma. Paulo usou a armadura utilizada pelo soldado romano em combate como uma alegoria da proteção espiritual que o cristão desfruta, tendo a salvação, a justiça, o evangelho e a Palavra, a fé, a paz como poderosas armas a sua disposição para combater o bom combate e vencer. Devemos ter sempre em mente o contexto em que Paulo nos introduz o assunto de batalha espiritual. Desde o cap. 4.17, o assunto predominante é santidade. Em Ef 6.10-20, o que o apóstolo está nos dizendo é que não será fácil levarmos uma vida de santidade neste mundo porque temos inimigos poderosos que nos impedirão de fazê-lo. Paulo deixa bem claro que Deus está no controle de tudo e que é ele que provê a armadura. Deus é a pessoa chave nessa “batalha”. A força que precisamos para vencer essa batalha não é nossa, ela vem do Senhor. O ato de ser fortalecido é algo que está acontecendo agora e que alguém está fazendo isso em nós (Fp 2.13). É Deus quem nos fortalece e a origem desse poder está nele, nós mesmos não podemos fazer isso. Este poder nos é dado por meio do Espírito Santo. É por isso que anteriormente, há uma ênfase em ser cheio do Espírito Santo (Ef 5.18).

Nosso inimigo é espiritual, essa é a razão por que a armadura deve ser espiritual e o poder para vencer vem de Deus (Jo 15.5) Essa armadura serve para nos defender das ciladas do acusador – o diabo. As ciladas são as tentações à incredulidade, ao pecado e à conformidade com o mundo (1Jo 2.16). Nossos inimigos são invisíveis aos nossos olhos. Contudo, Satanás está debaixo da autoridade de Cristo. Muitas vezes ouvimos tanto que Satanás “tem poder” que parece que ele é um poder independente, poderoso igual a Deus, mas que anda na direção contrária. Isso é um erro muito grave. Satanás não é deus, ele não é igual a Deus e ele só vai até onde Deus lhe permitir. Ele está debaixo do domínio de Cristo (Jó 1.6-12; 2.1-6; Mt 28.18; Fp 2.9-11). É muito comum ouvirmos dizer que a igreja tem que ir ao ataque contra os demônios, ir contra os poderes do mal. No entanto, não é essa a figura que Paulo usa aqui. A figura diz respeito a um soldado que está em terreno conquistado, mas que está sofrendo ataque e precisa se defender. O objetivo de tomar a armadura é para “resistir o dia mal”. Em Ef 5.16 lemos que os dias são maus. O “dia mal” de Ef 6.13 é o dia do conflito da nossa alma, e pode ser qualquer luta espiritual em nossa vida. A descrição da armadura nos fala sobre a importância de cada peça da armadura nesta batalha que enfrentamos em nossa vida.

  • Cinto da Verdade: o diabo é o pai da mentira, sendo assim, só poderemos resistir-lhe se estivermos fundamentados na verdade. A verdade é a Palavra de Deus, e a Palavra é Cristo em nós, a esperança da Glória (Jo 8.32; 14.6; 17.17).
  • Couraça da justiça:justiça da qual o texto se refere é aquilo que Cristo conquistou na cruz para nós: a justificação pela fé (Rm 5.1).
  • As sandálias, o evangelho da paz: o Evangelho é o firme fundamento no qual os cristãos devem apoiar-se e devem estar preparado para seguir o Evangelho e levá-lo por onde andar para propagá-lo. É a paz que temos com Deus por meio do sacrifício de Cristo na cruz do calvário (Is 52.7; Mt 28.19-20).
  • O escudo da fé: aqui descrita é a confiança em Deus. A fé que traz libertação é a fé que nos guarda. Ela nos protege dos dardos inflamado do maligno (Sl 27.1; 121.1).
  • Capacete da Salvação: Satanás deseja atacar nossa mente, foi assim que ele derrotou Adão (Gn 3). O capacete da salvação refere-se à mente controlada por Deus (Rm 12.2; Fp 4.8).
  • A espada do Espírito: Lembre-se de que o soldado que Paulo descreve aqui já está em terreno conquistado e ele tem que se defender do inimigo que o ataca. A espada é a Palavra de Deus e que o Espírito Santo é seu autor (2Tm 3.16; 2Pe 1.21). Para ter a Palavra precisa à mão, o cristão deve conhecer intimamente toda a Bíblia e saber manejá-la (2Tm 2.15). 

O meio pelo qual podemos tomar a armadura de Deus é por meio da oração. A frase oração e súplica quer dizer todo tipo de petição diante de Deus. Note que a oração não é uma das partes da armadura. Sendo a armadura de Deus, a comunhão com Deus é a atividade mais elevada que devemos buscar. A doutrina bíblica da oração destaca o caráter de Deus e a necessidade de estar num relacionamento correto de aliança com ele 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

As Escrituras e a oração

Aquele que professa ser crente e não ora está destituído de vida espiritual. A oração é como a respiração de nova natureza concedida por Deus, assim como a Palavra é o alimento para a alma. Os que se dirigem a Deus com sua religiosidade sem intimidade não conhecem verdadeiramente a Deus. Pecamos em não buscar e ter uma vida de oração e intimidade com Deus. Os que não tem consciência disso ficam totalmente alheios a vontade do Senhor. A Palavra de Deus é o nosso manual de oração, mas infelizmente as inclinações carnais têm servido de norma para nossas petições. Nossas orações devem seguir o padrão das Escrituras. À medida que a Palavra de Deus habita em nós, nossas orações estarão mais ou menos em harmonia com a mente do Espírito de Deus. Na proporção que guardamos a Palavra no coração, ela nos limpa, molda e regula o nosso homem interior e as nossas orações se tornam mais aceitáveis a Deus. A vida de oração serve como um termômetro pelo qual podemos determinar o quanto estamos sendo beneficiados de nossa leitura e estudo da Bíblia. Se em nosso estudo da Bíblia não aprendemos a orar da maneira que convém, como nos apropriaremos das promessas de Deus e seus preceitos, como apresentaremos nossas petições, o tempo investido na leitura e estudo da Palavra? Na verdade, estaremos nos condenando pela nossa própria negligência diante de Deus e sua Palavra.

Ter uma vida de oração é absolutamente essencial para andarmos e termos comunhão diária com Deus. É fato que, todos dedicamos muito mais tempo para tudo que consideramos imperativo. Contudo, mesmo tendo a consciência da ordem para orar, nossas atitudes revelam que ela não faz parte de nossa lista de prioridades. A falta de convicção sobre a importância da oração se evidencia na falta de compromisso em orar. Quando realmente entendermos e verdadeiramente buscarmos a intimidade com Deus, seremos ainda mais beneficiados em nosso estudo das Escrituras. Para que o coração seja levado a sentir aquilo que Deus exige de nós, precisamos que Ele mesmo opere em nós e por nosso intermédio. Não podemos orar sem a capacidade dada diretamente pelo Espírito Santo. A oração é uma necessidade despertada em nós pelo Espírito à medida que a Palavra de Deus preenche nosso coração. A vontade de Deus é conhecida e revelada na sua Palavra, é nela que encontramos os princípios que exigem um contínuo exercício do coração na busca pela ajuda divina para que nos seja mostrada qual é a vontade de Deus.

Por meio da Palavra, o Espírito Santo nos faz conhecer nossas verdadeiras necessidades e como alinhá-las com a vontade de Deus. É certo que ao orar diante das aflições queremos nos ver livres de nossas dificuldades. Porém, a despeito de nosso desejo natural de alívio, somos tão ignorantes, que não sabemos em que ponto Deus deseja que nos submetamos à sua vontade ou como podemos ser santificados por meio das aflições, já que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Neste caso, precisamos da sabedoria divina que nos ensina a orar sobre as nossas necessidades temporais, em harmonia com a mente de Deus. Ao pedirmos sobre coisas temporais, devemos fazê-lo, de maneira que a resposta que damos seja para que Deus seja glorificado. Por isso, devemos buscar, de maneira definida, a ajuda do Espírito Santo para que oremos de modo aceitável a Deus.

A oração é um ato de adoração de alguém que reconhece Deus como Pai, que através do seu Filho, nos concedeu aproximarmo-nos diante do trono de Graça para acharmos socorro em momento oportuno. Na oração nos humilhamos, pois ela nos leva a uma posição de dependência, desenvolvendo nosso sendo de incapacidade e reconhecendo que sem o Senhor nada podemos fazer. Muitas orações ficam sem respostas porque temos em vista propósitos errados e até mesmo indignos. Orar por algo que não tenha em vista a finalidade pela qual Deus determinou é “pedir mal” e segundo Tiago: “Pedis e não recebeis, porque pedis para esbanjardes em vossos próprios prazeres.” Se formos abandonados aos nosso próprios desejos, nossos alvos jamais se harmonizarão com a vontade de Deus. Somente o Espírito é que pode refrear nossos instintos carnais e capacitar-nos a subordinar todos os nossos desejos à glória de Deus.

A oração é um ato de fé e está envolvido num ambiente de fé. Se não entendermos o que Deus nos prometeu, não podemos orar. Não há nada que necessitamos que Deus não tenha prometido suprir, mas Ele o fez de maneiras e com limitações que sejam boas e úteis para nós conforme seu propósito estabelecido. Quanto mais familiarizados com as promessas de Deus e quanto mais compreendermos sua bondade e misericórdia propostas e preparadas nessas promessas, tanto mais estaremos capacitados a fazer orações que sejam aceitáveis a Deus. Conforme já dito, um dos propósitos da oração é sermos humilhados e reconhecermos nossa dependência de Deus. A oração é o reconhecimento de nossa incapacidade e impotência, em que olhamos para Aquele de onde procede toda nossa ajuda. Orar é tornar conhecidas nossas petições, expor nosso caso a Deus e deixar que sua sabedoria prescreva como a questão deve ser solucionada, como está escrito: “...lançando sobre Ele toda vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós.” Não podemos dar ordens a Deus e nem reivindicar qualquer coisa da parte dEle. Devemos sim, orar e expor nossas necessidades, mas estar pronto a dizer: “Seja feita a Tua vontade e não a minha.” Certamente podemos pleitear que Deus cumpra com suas promessas, mas a resposta deve ser de Deus e não conforme nossas expectativas e vontades. Deus reserva par si o direito de determinar o tempo apropriado, a ocasião oportuna, para derramar sua misericórdia sobre nós.

O benefício principal de uma vida de oração constante, não está no fato de tê-las respondidas, mas em chegar à Presença de Deus e contemplar a luz gloriosa de sua face, ter comunhão com Ele e um vislumbre do que nos espera na eternidade. A benção que promove alegria na oração é o deleite do próprio coração em Deus como objeto da oração, a percepção de Deus como Pai que cuida de seus filhos. É a visão do Trono de Graça, onde o objeto de nossa intercessão deixa de ser apenas o pedido atendido, mas o estar aos pés do Salvador e ser acolhido em seus braços de amor, ouvindo sua voz falar ao nosso coração. Deus espera que coloquemos diante dEle nossas necessidades, que depositemos nossa fé em sua disposição de nos abençoar. Mas o prazer maior é saber que por meio de Jesus Cristo, seu Filho, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois, quem fez a promessa é fiel.


Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A. W. Pink

Editora Fiel


domingo, 21 de janeiro de 2024

As Escrituras e Cristo

Somente quando o homem ficar totalmente insatisfeito consigo mesmo, é que ele começará a ansiar por Deus. Enquanto, se mantiver cego pelo seu pecado e sendo levado pelo seu orgulho, o ser humano não buscará ao Senhor. O Espírito Santo é quem por meio da Palavra nos convence do pecado, da justiça e do juízo de Deus, abrindo nossos olhos para ver a realidade de quem somos e quem Deus é. Quando isso acontece e passamos a ver a perfeição de Deus, percebemos o quão distante estamos dEle. Isso então, nos leva a reconhecer a nossa total incapacidade de satisfazer as reivindicações de Deus e acolher as boas novas do que Ele fez para satisfazer essas reivindicações em nosso favor nos levando a confiar plenamente em sua Obra redentora através de Cristo. 

A Bíblia nos revela Cristo, a imagem exata de quem Deus é e seu resplendor e glória. Cristo nos é revelado nas Escrituras e o Espírito Santo toma aquilo que pertence a Cristo e nos mostra testificando sua obra redentora em nossas vidas. Cristo é a chave para a compreensão das Escrituras Sagradas. A quantidade e proveito que obtemos de nossa leitura da Bíblia pode ser verificada pela extensão em que Cristo se torna mais real e mais precioso para o nosso coração. Conhecer a Cristo é o alvo supremo e o anseio de nossa alma. Mas esse conhecimento não é teórico e sobrenatural, dado ao coração regenerado pela operação do Espírito Santo, que interpreta e aplica em nós as passagens bíblicas concernentes a Cristo. Em Cristo existe uma plenitude tornada disponível para que dela nos beneficiemos. 

Somos beneficiados quando a Bíblia nos revela a nossa necessidade de Cristo. O homem natural, sem Deus, não consegue ter essa percepção, pois sua vida está voltada em agradar-se a si mesmo. É o Espírito quem nos leva a entender e reconhecer a nossa necessidade de um Salvador. Quanto mais verdadeiramente tiramos proveito de nossa leitura da Bíblia, tantos mais sentimos que precisamos de Cristo. Somos beneficiados da Bíblia quando por meio dela Cristo se torna cada vez mais real. Para muitos, Cristo é apenas uma referência a uma pessoa que viveu na história como um homem, um profeta, um personagem histórico. Para estes, Cristo é irreal e vago. Mas para os que se deleitam em sua Palavra, Cristo se torna uma realidade viva. Aqueles que desfrutam dessa realidade passam a ocupar suas mentes com a perfeição de Cristo. Quanto mais real Cristo se torna para nós, tanto mais somos atraídos pela suas perfeições, na medida em que o Espírito Santo ressalta aos nosso olhos aquilo que pertence a Cristo. Nossa grande necessidade é ocupar-nos com Cristo. Nosso principal deleite é contemplar as várias relações que Ele mantém conosco, meditar na sua Palavra e confiar nas suas promessas. Da mesma forma que o povo de Israel ficou extasiado com a manifestação da Glória de Deus no Tabernáculo e no Templo, a excelência incomparável de Cristo nos atrai ainda mais a Deus. Quanto mais nos ocupamos com as perfeições de Cristo, tanto mais O amamos e O adoramos, a nossa fé é confirmada e fortalecida nos levando a honrá-lo cada dia mais. Nada agrada, honra e glorifica tanto a Cristo como a confiança que temos nEle, em viver somente para Ele. Quanto mais nossos afetos se voltam para Cristo, mais desejaremos agradá-lo por meio de uma vida de obediência à sua Vontade. O verdadeiro amor a Deus não se satisfaz com qualquer coisa que seja menor do que a visão do objeto amado. E é nessa esperança que colocamos a nossa fé, de que quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-lo como Ele é.


Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A. W. Pink

Editora Fiel 

As Escrituras e Deus

Sendo a Bíblia a Palavra revelada de Deus e por Deus, ela é sobrenatural. Não foi o homem que foi em busca de Deus, mas foi Deus que se revelou, se deu a conhecer por meio da revelação de sua Palavra. A Bíblia dá a conhecer um Deus sobrenatural. Deus só pode ser conhecido por meio da revelação sobrenatural de sua própria pessoa. Sem a revelação de Deus, a humanidade não pode conhecê-lo. Embora, muitos tentem explicar a existência da origem de todas as coisas, inclusive de Deus, por sua própria sabedoria, o que elas conseguem é apenas uma visão distorcida de uma religião voltada para si mesmo. Deus só pode ser conhecido por meio de capacidade sobrenatural, como o próprio Jesus disse: é preciso nascer de novo, um nascimento espiritual, produzido não pela vontade humana, mas pela ação do Espírito. O conhecimento verdadeiro de Deus produz uma experiência sobrenatural. A religiosidade de hoje é apenas uma formalidade externa. Se quisermos conhecer verdadeiramente quem é Deus e experimentar sua Presença em nossas vidas, é preciso crer e se dedicar a conhecer sua Palavra. A experiência sobrenatural mediante a revelação divina na Palavra produz fruto espiritual, ou seja, uma vida totalmente transformada. O homem não pode mudar sua natureza caída e corrompida pelo pecado, portanto, suas obras são pecaminosas. Somente pela ação do Espírito é que se produz o Fruto do Espírito. E isso se reflete na atitude que a pessoa passa a ter para com Deus. É por meio da Palavra que nossa vida é transformada pelo Espírito Santo. Deste modo podemos verificar se estamos verdadeiramente em Deus e andando em seu Caminho. 

Aqueles que recebem de Deus a iluminação de sua mente na compreensão de sua revelação na Palavra passa a reconhecer o que Deus fala a respeito de si mesmo. Reconhecer que Deus é o nosso Deus, significa renunciar ao nosso “eu”, para deixar Deus governar a nossa vida. Isso nos leva a temer a sua Majestade, ou seja, viver de maneira a agradá-lo, sabendo que o Senhor está no controle de todas as coisas. Também passamos a ter mais reverência pelos mandamentos do Senhor, vivendo em obediência. O nosso amor por Cristo não é expresso em emoções agradáveis ou em palavras bonitas, e sim em guardar os seus mandamentos. Quem assim o faz, passa a ter uma confiança mais firme na suficiência de Deus. Ele confia em Deus e na sua Palavra, deleitando-se mais plenamente nas perfeições de Deus. Não apenas nos submetemos a sua vontade, mas dedicamos a Ele todo nosso amor, e independentemente das circunstâncias, continuar confiando na sua providência e cuidado, sem murmurações. Quando Deus se torna verdadeiramente a nossa porção, aprendemos a admirar a sua sabedoria e reconhecemos que sua vontade é boa, perfeita e agradável, mesmo que aos nossos olhos não pareça. Isso, então nos leva a louvar e adorar ao Senhor devido a sua bondade. Quanto mais crescemos no conhecimento de Deus, tanto o mais o adoramos. Tudo isso é evidência de que estudar a Palavra de Deus e guardá-la no coração estamos sendo beneficiados. 

Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A.W. Pink

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A Escritura e o pecado

Neste capítulo do livro o autor procura mostrar não somente a importância da leitura, estudo e meditação na Palavra de Deus, mas a sua prática em nossa vida. Se nos contentarmos em apenas conhecer a Bíblia, sem a devida aplicação de seus princípios e mandamentos, isso não passa de informação, mas o verdadeiro conhecimento vem com a prática. Há muitos intelectuais que tem a Bíblia na cabeça, mas não a tem no coração. O conhecimento que possuem, os torna ainda mais orgulhosos e cegos. Somente aqueles que se deixam ser confrontados pela Palavra e ação do Espírito Santo e em humildade sabem reconhecer isso, é que irão desfrutar dos benefícios que a Palavra traz sobre sua vida. A Palavra que convence de pecado revelando a nossa natureza caída e corrompida, a Palavra que nos faz ficar entristecidos por causa do pecado e arcar com suas consequências, a Palavra que nos leva a confessar, ou seja, admitir que somos pecadores, a Palavra que nos leva a odiar o pecado e a desejar a Presença e a Glória de Deus, a Palavra que nos leva a abandonar o pecado, não nos permitindo ser complacentes, mas disciplinados em nossa busca pelo crescimento espiritual, e com isso sermos fortalecidos pela Palavra em nossa luta contra o pecado, fazendo com que sejamos obediente a Deus.

Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A.W. Pink

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Enriquecendo-se com a Bíblia - Introdução


Todo aquele que se denomina cristão, o verdadeiro discípulo de Jesus, tem como premissa o fato de que a Bíblia é a Palavra inspirada e revelada por Deus. Ela é o nosso manual de conduta e de vida cristã. É nela que nós encontramos os princípios e mandamentos revelados e deixados por Deus de como realmente  devemos conduzir a nossa vida de maneira que a gente possa glorificar o Nome Dele. A Bíblia é a fonte de toda a autoridade que nós temos sobre a nossa vida, porque ela vem do próprio Senhor. Além de ser inspirada, ela tem a sua utilidade, e a utilidade dela está em nos ensinar o caminho que nós devemos andar, nos repreender, ou seja, dar advertências para que não saiamos desse caminho e nos corrigir quando muitas vezes nós saímos do caminho, e aí então nos instruir na justiça para que a gente permaneça no caminho. A Bíblia deve ser realmente obedecida por todo aquele que é um verdadeiro cristão, um discípulo de Jesus.

Fonte: Enriquecendo-se com a Bíblia

Autor: A.W. Pink

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quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

O nome no Livro da Vida – Lucas 10.20; Ap 20.15

 

Depois de pôr à prova aqueles que queriam segui-lo por motivações erradas, Jesus comissiona 70 dos seus seguidores para irem à sua frente nas cidades por onde passaria, como seus precursores, anunciando as boas novas do Reino de Deus. Quando os setenta voltam a Jesus depois de completar sua missão evangelística, eles imediatamente ficam entusiasmados com o fato de expulsarem demônios em nome de Jesus. Jesus, porém, os alerta que a verdadeira alegria está no fato de terem seus nomes escritos nos céus. Embora eles se alegrassem com o poder sobre os demônios e a proteção contra o reino das trevas que o Senhor lhes havia concedido, havia uma razão muito mais significativa para os setenta se alegrar. Eles não só experimentaram o poder e a proteção de Deus nesta vida, mas também a Sua bênção para sempre. Diante da alegria dos setenta, Jesus fala que viu pessoalmente Satanás caindo do céu como um relâmpago. E por que Satanás caiu? Por causa da soberba! Nossas alegrias mais profundas podem abrir uma brecha para a entrada do orgulho. E não há orgulho mais sutil e perigoso do que o orgulho espiritual. A maior glória de uma pessoa não está naquilo que ela faz para Deus, mas naquilo que Deus fez por ela. Nossa alegria é ter o nosso nome escrito no livro da vida. Nossa maior alegria não está no serviço, mas na graça salvadora. Maior alegria do que qualquer ventura ou aventura na terra deve ser o fato de nosso nome estar arrolado no céu.

Muitos são os que, levados pelo orgulho e a vaidade do poder que lhes é concedido, caem em desgraça, porque seguem o mesmo caminho de Satanás – o orgulho (Is 14.11-15; Ez 28.11-19; Pv 16.18). Os que fazem a obra de Deus, devem se alegrar, por terem recebido da misericórdia divina, estarem salvos pela fé, e ter a plena certeza da vida eterna com Deus. O exercício de poder sobrenatural impressiona as pessoas. Expulsar demônios ou resistir aos ataques do inimigo chamam nossa atenção. Contudo, para Deus o prodígio infinitamente maior é a salvação de uma alma (Lc 15.7,10, 23-24. Há festa no céu quando um pecador se arrepende. Nossa alegria maior deve ser, não que tenhamos certos dons ou habilidades, mas, que Deus nos recebeu e nos aceitou, que nossos nomes estejam arrolados nos céus (Jo 1.12). Esta alegria é maior porque é a prova maior do amor de Deus por meio de Jesus (Jo 3.16; Rm 5.8). E esta alegria durará pela eternidade.

Embora seja uma honra realizar milagres ser dotado de talentos, influência e aprendizado, ainda assim, a principal alegria que temos é ser contados entre o povo de Deus, e ter um título para a vida eterna. Jesus queria retirar seus discípulos de uma mentalidade ligada a uma alegria passageira, para que se gloriassem na vida eterna, ele os leva à sua origem e fonte, ou seja, que eles foram escolhidos por Deus e adotados como seus filhos. A autoridade não foi a coisa mais importante que os discípulos receberam. O mais valioso foi a posição destes como filhos de Deus. Seus nomes eram conhecidos por Deus e estavam escritos no Livro da Vida. Esta é a maior bênção que podemos receber. E aqueles que rejeitam a salvação e se contentam apenas com o que podem fazer ou conquistar, no dia do juízo, não poderão entrar, pois seus nomes não constaram na lista do salvos (Mt 7.21-23). Seu nome pode estar no registro da igreja sem estar no Registro Divino. Você pode ter seu nome colocado no rol de membros de uma igreja e não estar entre os que estão matriculados no céu. Seu nome pode ser incluído nos registros de batismo, confirmação e casamento de uma igreja e ainda estar ausente do Livro da Vida. Então, arrependa-se e creia em Jesus, e ele confirmará em seu coração a certeza da vida eterna e a entrada garantida no céu.

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

A identidade de Cristo e sua Missão - Mateus 16.17-33


Este trecho é o ponto alto que divide a narrativa da vida e ministério de Jesus, e revela claramente a razão de sua vinda e sua Missão nesta terra. Neste ponto de seu ministério, depois de mais de 2 anos de caminhada espiritual com os seus discípulos, Jesus faz uma pergunta, cuja resposta, levaria seus discípulos a outro patamar de fé. Jesus procura ver se os discípulos têm convicção de quem Ele é. A questão fundamental de quem é Jesus constitui o centro desta passagem. Nenhuma pergunta é mais importante do que está que Jesus fez aos seus discípulos. Ela é de suma importância, pois a resposta que você der, irá determinar o seu destino eterno. Aqueles que erroneamente responderem a essa pergunta irão enfrentar o julgamento divino. Durante sua retirada para Cesaréia de Filipe, Jesus faz um teste antes de mostrar aos discípulos o desfecho final para o qual estava caminhando seu ministério e o propósito de sua vinda. Na época de Jesus, as pessoas tinham todo tipo de opinião sobre ele, exceto a que era a verdadeira. As pessoas tinham opiniões acerca de Jesus, mas não a convicção de reconhecer quem Ele era. Hoje em dia, podemos perceber a mesma coisa. Muitos conhecem o nome de Jesus, reconhecem-no como aquele que veio ao mundo para salvar os pecadores e até o adoram regularmente nos templos dedicados ao seu culto. Porém, poucos percebem claramente que ele é o próprio Deus, o único Mediador, o único Sumo Sacerdote, a única fonte de vida e paz, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29; At 4.12; 1Tm 2.5; Hb 4.14-15). A confissão de Pedro constitui o ponto crítico na vida dos discípulos e para o restante da caminhada deles com Jesus. Se você não souber com clareza quem é Jesus, você estará perdido na questão mais importante da sua vida. Se você não sabe claramente quem é Jesus, então, você não pode ser considerado um cristão de verdade, mas apenas o seguidor de uma religião. O cristianismo é muito mais do que um conjunto de doutrinas, Ele é uma Pessoa. O cristianismo tem a ver com a Pessoa de Cristo. Ele é o centro, o eixo, a base, o alvo e a fonte de toda a vida cristã. Fora dele não há redenção nem esperança. O cristianismo nunca consiste em conhecer algo sobre Jesus; sempre consiste em conhecer a Jesus (Jo 17.3). Neste momento Jesus abre um novo capítulo no discipulado e começa a falar claramente acerca do seu sofrimento, prisão, morte e ressurreição. Ele vai revelar que o seu propósito em vir ao mundo é dar sua vida em resgate dos pecadores. Pedro falou com razão sobre a identidade de Cristo, mas errou na sua maneira de compreendê-la. A mentalidade que tinha do Messias estava ligada a ideia de glória e triunfo, sendo assim, a cruz para eles era o caminho da derrota. São muitos que por se deixarem levar pela visão humanista e diabólica, são influenciados a evitarem o caminho da cruz e do sofrimento e procurarem um caminho de glória. Pessoas sem Deus não se preocupam com as coisas de Deus, mas tem seus olhos voltados para o mundo (sl 14.1; 53.1). O objetivo do genuíno discipulado é a absoluta conformidade com a mente divina, como revelada em Cristo que compreendia as coisas de Deus e submetia-se a Sua vontade. É preciso olhar para Cristo, o Autor e Consumador de nossa fé, que nos mostrou que o caminho do discipulado é o caminho da cruz (Lc 9.23-24). Não se pode alcançar as bençãos de Deus, se não estiver disposto a seguir as pegadas de Jesus (1Pe 2.21).

A Bíblia mostra que Jesus é o Cristo (Ungido/Escolhido) de Deus. Ele é o primogênito (primazia) da Criação. Ele é o Eterno que existia antes de toda a criação, tudo foi criado por ele e para ele. Nele é que temos a salvação e o perdão de nossos pecados.

Sendo assim, a pergunta que faço é: Quem é Jesus para você? Lembre-se: O cristianismo nunca consiste em conhecer algo sobre Jesus; sempre consiste em conhecer a Jesus; ter um relacionamento com Ele. Para isso, você precisa arrepender-se de seus pecados, voltar-se para Deus, submeter-se a sua Vontade e viver uma vida de santidade.