sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Uma vida de contentamento (Filipenses 4.1-13)

O descontentamento – ou a falta de contentamento – está presente no coração dos homens desde o Éden. Este fato é fundamental para compreendermos que o contentamento não tem a ver primeiramente com aspectos externos, mas com a condição do nosso coração pecaminoso. Adão e Eva estavam no melhor lugar do mundo, onde tinham tudo quanto precisavam, não havia outros seres humanos com quem pudessem comparar suas vidas. Não havia um homem mais bonito, uma mulher mais formosa, famílias mais perfeitas ou empregos melhores. Eles tinham tudo quanto precisavam bem diante dos seus olhos. No entanto, havia algo que eles não podiam ter: a glória de Deus; e foi justamente isso, essa única coisa que lhes era inalcançável que eles desejaram (Gn 3.5-6).
Vivemos em um mundo descontente. Essa não é uma característica exclusiva desta geração, pois, embora o pecado encontre novas formas de nos seduzir e enganar, sua essência é a mesma (1Jo 2.16). O inimigo de nossas almas continua a nos sugerir, assim como no Éden, que nós realmente não temos tudo o que precisamos (Lc 4.2-12). É fato que em nosso coração existe algo, um anseio que supera todas as experiências humanas que experimentaremos nesta vida (Ec 6.7).
O problema é quando acreditamos que esse vazio pode ser preenchido com outras coisas que não o próprio Deus. Enquanto eu não tiver um belo corpo, namorado(a), marido ou esposa, filhos, o carro do ano, uma casa maior, viagens, diplomas eu não serei plenamente feliz. Estamos olhando para baixo, quando, na realidade, deveríamos olhar para o alto (Mt 6.21; Fp 3.19; Cl 3.2)! Se confiarmos que só estaremos plenamente felizes quando obtivermos aquilo que nos falta, seremos completamente infelizes, pois ainda que conquistemos tudo quanto os nossos olhos desejarem, continuaremos descontentes. Satanás sabe do nosso anseio pelo eterno e traiçoeiramente tenta nos comprar com falsas propagandas.
Seja por meio das redes sociais, da televisão, das conversas entre amigos; para onde quer que olhemos o mundo está sempre gritando que precisamos disto ou daquilo para ser mais felizes. Por isso, viver contente em um mundo que te puxa para o descontentamento é um desafio diário e difícil.
Na sua carta aos Filipenses o apóstolo Paulo nos ensina onde encontrar o verdadeiro contentamento. O apóstolo Paulo fala que aprendeu a viver contente em todas as circunstâncias. Isso nos leva a refletir no fato de que a caminhada cristã requer paciência. Não é sem muitas lutas que o doce fruto do Espírito é aperfeiçoado em nós. É por meio das tribulações que o Senhor nos molda, é por meio do fogo que o ouro é purificado. Não espere que o contentamento nasça em seu coração, ele será forjado no fogo da privação. Foi por meio de muitas tribulações que o apóstolo Paulo aprendeu a viver contente. Todo o cristão passa pelo estreito caminho da santificação. Ninguém nasce pronto, esse é o processo de uma vida inteira.
O significado de contentamento
A palavra grega traduzida por “contente” significa “estar satisfeito”, “ter o bastante”. Ela indica independência e desnecessidade de auxílio. Algumas vezes, foi usada para qualificar uma pessoa que se mantinha sem a ajuda de ninguém. Parafraseando, Paulo estava dizendo: “Aprendi a ficar satisfeito – não propriamente por mim, mas suprido por Cristo”.
Como viver contente em toda e qualquer circunstância?
  • Seja flexível e aprenda a confiar na providência divina (v. 4,10): o contentamento de Paulo não floresceu quando ele recebeu o que tinha falta, mas quando ele não recebeu! É na privação, esse solo difícil de arar, onde muitas das bênçãos de Deus florescem. Se olharmos para a história do povo de Deus, veremos que foi nas maiores dificuldades que eles receberam as maiores bênçãos. Podemos ter essa certeza: Tudo já está sob controle, nas mãos de alguém muito maior que do que você ou eu. Através de sua providência, Deus orquestra todas as coisas para cumprir seus propósitos (Rm 8.28). O contentamento vem de aprender que Deus é soberano, não apenas pela intervenção sobrenatural, mas também pela orquestração natural. O exemplo da vida de Paulo ao longo do Novo Testamento é este: trabalhe o máximo que puder e fique contente por Deus estar no controle dos resultados (Pv 16.1,3).
  • Seja grato a Deus pelo que tem e não pelo que falta (v. 5,11): Nossas necessidades, como seres humanos, são simples: alimentos, vestimentas, abrigo e santidade com contentamento. As Escrituras dizem que devemos estar contentes porque temos o suficiente para nossa vida (Mt 6.25-34; 1Tm 6.7-8). Paulo enxergava tantas razões para render graças a Deus que diante delas, suas aflições se tornavam leves. Quando lutamos contra o descontentamento, corremos o risco de nos tornarmos ingratos e não reconhecer as bênçãos de Deus sobre a nossa vida. A experiência parece demonstrar que, quanto mais as pessoas têm mais descontentes estão. Normalmente, as pessoas mais infelizes são as que possuem muitas posses, fama e status. Elas parecem acreditar que suas carências nunca são supridas. Diferente de Paulo, elas confundem seus desejos com suas “necessidades”. Elas seguem a direção da cultura materialista, que redefine as coisas básicas da vida humana. Salomão o homem mais sábio e rico que já existiu experimentou de tudo nesta vida e chegou a conclusão de que tudo não passa de vaidade (veja Eclesiastes 2).
  • Supere as circunstâncias e desapegue-se da vida materialista (v. 6,12): As situações exasperantes roubam nosso contentamento, mais do que qualquer outra coisa. Nós desmoronamos e perdemos nosso senso de satisfação e paz, quando deixamos as circunstâncias nos vitimarem. Tenha cuidado com o tempo gasto acessando as redes sociais, elas são uma ferramenta muito útil em nossos dias e nós não as demonizamos, no entanto, como tudo nessa vida, precisamos reconhecer os perigos que nos rondam quando as utilizamos em excesso. Por vezes elas são como vitrines nos mostrando aquilo que não temos e que “precisamos” ou nos fazendo pensar que “a grama do vizinho é sempre mais verde”. O contentamento requer que nos policiemos quanto aos nossos pensamentos e sentimentos, por isso desconecte-se um pouco (Pv 4.23; Fp 4.8). Observe: qualquer situação que você enfrenta é temporária. A energia que você gasta com uma situação dificultosa, ficando ansioso, não pode ser comparada à sua recompensa eterna. Aprenda a viver contente sem levar muito a sério as circunstâncias terrenas (2Co 4-17-18; Rm 8.37-39).
  • Descanse seu coração em Deus e desfrute da presença divina (v.7,13): o apóstolo Paulo aprendeu que não importa quão difíceis as coisas sejam neste mundo material, todo cristão tem suporte espiritual (Hb 13.5). O contentamento é um subproduto do sofrimento. Ele vem quando se experimenta o poder sustentador de Cristo e se escapa da opressão (2Co 12.9-10). Devemos experimentar dificuldades suficientes em nossa vida para ver o poder de Cristo manifesto em nós. Nós valorizamos aquilo que perdemos ou sentimos falta, por isso Deus muitas vezes nos faz passar pelo deserto para que possamos valorizar o Paraíso. Quando estamos com fome e sede é que sentimos e percebemos como é importante a comida e a água em nossa vida. Independente das suas circunstâncias, Paulo confiava na providência de Deus e estava fortalecido pelo poder divino. O descontentamento cria raízes no coração onde a Palavra de Deus não está sendo semeada e nutrida. Por experiência própria, sei que quanto menos leio a Bíblia mais descontente me sinto com a vida que tenho. A Palavra de Deus é um porto seguro onde encontramos refúgio em meio aos nossos temores (Sl 19.7-11; 119.105; 2Tm 3.16).

Conclusão
O descontentamento está bem longe de ser algo inofensivo. Combata a ansiedade em sua vida, estando confiante na providência soberana de Deus, e não permita que as circunstâncias tirem a sua paz no cuidado de Deus sobre sua vida. Seja obediente à Palavra de Deus e confiante em seu poder, para que todas as suas necessidades sejam supridas. A paz de Deus será sobre sua vida quando você deixar as preocupações nas mãos dAquele que dirige sua vida, quando você deixar de fazer orações do tipo: “Senhor eu quero, eu preciso” e passar a fazer mais orações do tipo: “Deus obrigado por tudo.” A verdadeira paz e alegria que supera as adversidades da vida vem de um relacionamento constante com o Senhor. Ansiedade e preocupação são pecados que paralisam sua mente, imobilizam seu corpo e impedem seu crescimento espiritual em Cristo, e vem como resultado de uma vida voltada para agradar o seu “EU”. Deus prometeu suprir suas necessidades quando você estiver empenhado em fazer a vontade dEle. Quando você vive ansioso e preocupado, as adversidades que Deus planeja para ensiná-lo a confiar somente nEle e viver em obediência a sua Palavra irá resultar em tentações que irão leva-lo a tomar decisões fora da vontade de Deus trazendo sérios prejuízos sobre sua vida. Não esqueça: Deus é fiel a sua Palavra e suas promessas nunca deixam de se cumprir. Então “entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle e Ele tudo fará.”
REFERÊNCIAS PARA ESTUDO:
BROGER, John C. Apostila Auto Confrontação: um manual de discipulado em profundidade. BCF. SBB

LESSA, Prisca. Exercitando o contentamento em um mundo descontente. Disponível em:  https://gracaemflor.com/exercitando-o-contentamento-em-um-mundo-descontente/. Acessado em 20/12/19

Ultimato Online. O Contentamento. Disponível em: https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/o-contentamento/. Acessado em 20/12/19.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

A constante necessidade de ter - Ec 6.7


O ser humano nunca está feliz com o que tem, para ele sempre há a necessidade de querer e ter mais. O coração humano é insaciável, quanto mais tem, mais se quer. A Bíblia chama isto de cobiça, isto é, um apetite desorganizado pelas coisas materiais em busca de satisfação do que a alma deseja: fama, status, poder, autoridade entre outras coisas. A cobiça é um desejo veemente de possuir o que Deus não lhe concedeu, normalmente dirigido àquilo que pertence a outro. É uma ideia fixa de satisfação própria, resultado do egoísmo no coração humano. Ele cresce gradualmente à medida que a insatisfação toma conta do coração, tornando-se um hábito escravizador na vida das pessoas.
A maioria dos conflitos que temos são resultado das nossas cobiças (Tg 4.1-3). A Bíblia revela que este pecado trouxe desgraça a vidas das pessoas, e é o ponto central da queda de Satanás, bem como da queda do homem (Is 14.13-14; Ez 28.17; 1Tm 3.6).
Damos lugar à cobiça quando nos concentramos naquilo que é visível nos outros. Às vezes cobiçamos uma bonita família que se apresenta tão perfeita, mas na verdade não sabemos se tudo o que vemos é real. Você pode estar cobiçando um emprego que surpreendentemente pode não ser tão bom, pois você não está naquela empresa e não sabe o que é trabalhar nela. Você vê apenas salário, status, benefícios e vantagens.
Este pecado traz sérias consequências sobre as nossa vidas, tais como:
  • A falta de contentamento (1Ts 5.18; 1Tm 6.7-8): Passamos a nos concentrar no que não temos, deixando de valorizar o que temos. Precisamos aprender a ser agradecidos pelas bênçãos que o Senhor nos tem concedido, a principal delas é a salvação. Alegrar-se com a conquista dos outros, tirando do nosso coração o desejo pervertido de insatisfação. Você tem olhado o que tem com o coração agradecido ou insatisfeito? Fica mais fácil construir um futuro melhor quando enxergamos o presente como o melhor dado por Deus a nós. Você tem olhado o presente como o melhor de Deus? Observar esse mandamento é aprender a estar contente em toda e em qualquer situação. Viver o presente com um coração agradecido. Nós podemos não ter tudo que desejamos, mas Deus tem nos dado tudo que precisamos (Mt 6.25-34).

  •  A falta de confiança em Deus (Mt 6.31-32; 1Tm 6.17-18): Você tem vivido com a certeza de que você tem o melhor para você hoje? Será a partir desse melhor que você construirá um futuro melhor. Se ficar olhando para o que você não tem, o seu futuro será pior. A pessoa que cede à cobiça passa pela vida dizendo: “Sou assim porque Deus não me deu. Posso roubar, matar, adulterar porque em minha mente a culpa é de Deus que não me deu. Porque se Ele tivesse me dado, seria diferente”. Viva contente com tudo o que Deus já deu a você como prova do Seu amor e misericórdia! Você precisa aprender a estar contente? Isso é muito diferente de estar acomodado. Você deve crescer, se desenvolver, ir além, se surpreender com tudo o que pode ser e realizar, mas vivendo o hoje, o presente, com o coração agradecido. Seja grato porque o Senhor o ama de forma completa e sempre o abençoa infinitamente com mais bênçãos do que mereceria estando vivo. (Sl 103; 136)

A cobiça faz com que as nossas ambições sejam maiores do que nossas necessidades. O desejo desmedido, o querer ter as coisas, não tem limites, porque é algo que está na imaginação da pessoa. Todavia, embora os desejos sejam ilimitados, a capacidade de possui-las é limitada, finita. Aí repousa a loucura de querer mais do que se pode. Por isso, Deus nos adverte: “Não cobicem a casa do próximo, nem sua esposa, seu escravo, sua escrava, seu boi ou jumento. Não ponham o coração em nada que pertence ao próximo”. Êxodo 20:17.
A cobiça não é, essencialmente, uma questão de pobreza e riqueza. Cobiçar é um vício e pecado tanto do rico quanto do pobre, de quem mora numa casa simples ou num condomínio de luxo. Sabe por quê? Porque cobiçar é a insatisfação doentia e constante com o que se tem, seja muito, ou seja, pouco.
A resposta para o problema da cobiça é a gratidão a Deus por tudo que ele é, e por tudo o que nos tem dado (Dt 8.17-18). Recebemos de Deus a força necessária para trabalhar e produzir o que é necessário para o nosso sustento e de nossa família, podendo nos tornar próspero. A orientação é seja grato, e trabalhe com a saúde que Deus lhe tem dado. Se você não tem tudo que quer, seja feliz, pois Deus lhe tem dado o que você precisa. 

Referências:
BROGER, John C. Apostila Auto Confrontação: um manual de discipulado em profundidade. BCF. SBB
SUARÉZ, Adolfo. O perigo da Cobiça. Disponível em: https://noticias.adventistas.org/pt/coluna/adolfo-suarez/ o-perigo-da-cobica/. Acessado em 13/12/2019
SILVANO, Roberto. Armadilha da cobiça. Disponível em  http://silvado.org/a-armadilha-da-cobica-2/. Acessado em 13/12/2019
NEVES, Natalino das. Cobiça e Orgulho. Editora CPAD. 1ª Edição. 2019

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Uma questão de prioridade - Mateus 6.21,33


“Onde estiver o vosso tesouro, aí estará o seu coração”. Com estas palavras, Jesus no mostra que tudo é uma questão de prioridades. Buscamos tantas coisas nesta vida, e na maioria das vezes não alcançamos nenhuma delas: Porquê? Por que faltou prioridade, começamos algo e nunca terminamos: uma nova dieta, a academia, a leitura de um livro, entre outras coisas. Vivemos como o ratinho dentro da gaiola que fica correndo na roda sem sair do lugar. O que nos falta: prioridade.
O que realmente vale a pena buscar nesta vida: dinheiro, fama, casamento, carro, estudos, viagens, a busca por novos desafios?... Neste texto, Jesus nos ensina, que a vida não é feita das coisas materiais. Vivemos num mundo que nos leva a confundir as necessidades que temos com os nossos desejos. Por exemplo: hoje tenho necessidade de um carro para que possa me locomover com mais rapidez diante dos compromissos que tenho, e Deus supriu esta necessidade com um carro popular que não tem muito conforto, mas cumpre o propósito de me levar onde preciso. Mas, meu desejo seria mesmo um carro de luxo, esportivo, com todo conforto que ele poderia me dar. Porém, isto não é prioridade.
O que você busca nesta vida: um casamento feliz, uma casa nova, um carro do ano, uma carreira bem sucedida, viajar pelo mundo... Tudo isto são desejos que temos que não estão errados, porém, eles nos levam a fazer coisas erradas. Pessoas se perdem no caminho porque escolheram ter uma vida além de suas posses ou apenas para satisfazer o desejo do coração, e isto trouxe ansiedade, medo, doenças, tristezas... A alegria se tornou passageira e o que restou foi apenas o vazio de que ainda está faltando alguma coisa.
Aprender e viver a Palavra de Deus é uma questão de prioridade na vida do cristão. A Palavra de Deus nos ensina: "Buscai, pois, em primeiro lugar [prioridade], o seu reino e a sua justiça, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas" (Mateus 6.33); então, em obediência a Jesus, esta deve ser a prioridade, 24 horas diariamente.
Para isso, é necessário sacrifícios, de tempo, de coisas materiais, até mesmo de relacionamentos. O que você está disposto a sacrificar para Deus? Aprender e praticar a Palavra de Deus não deve ser para receber favores de Deus, mas para obedecer e agradar ao Senhor.
O Reino de Deus pertence a quem quer se ocupar com Deus e com as coisas d’Ele, com quem não faz pouco-caso ou tem pouco tempo para dedicar-se a Ele. No mundo em que vivemos, as ocupações, as tarefas, as obrigações são muitas; e ter tempo para Deus é uma questão de prioridade.
Não adianta falarmos que amamos a Deus, se não temos tempo para Ele. Quando amamos, damos prioridade e colocamos isso em primeiro lugar.
Pense sobre isso hoje e avalie como tem sido a sua vida. Será que você precisa mudar? Há algo na sua vida que você está dando importância além do que deveria?
Ore para que Deus lhe dê sabedoria e lhe mostre o que você deve fazer para estar certo de que está buscando o Reino de Deus em primeiro lugar.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Quando a vida não faz sentido - Livro de Habacuque

O mundo que vivemos está cada vez mais conturbado. Diariamente os jornais trazem notícias de assaltos, assassinatos, atentados, corrupção e falta de justiça. Situações que nos deixam perplexos e indignados. Acreditamos que Deus está no controle de tudo (Dn 2.20-22), mas achamos difícil compreender a maldade que nos cerca. Pessoas inocentes são vítimas da crueldade de outros. Nações entram em conflitos e inocentes morrem. Ladrões matam e roubam e nada lhes acontece. Circunstâncias assim me levam a pensar que a vida não faz sentido; olhamos para Deus com uma única pergunta: "Por que Senhor, até quando permitirás que a injustiça prevaleça, até quando vou clamar e o Senhor não irá me responder?”. Para nos ajudar a superar nossa dificuldade em confiar em Deus quando o sofrimento é inevitável, quero refletir com você sobre a vida de um homem para quem a vida não fez sentido, que profetizou um futuro sem perspectivas para si mesmo e para o povo de Deus. Mas, alguém que aprendeu a ter uma perspectiva divina do sofrimento e das provações, que transformou sua murmuração e questionamento, em adoração e fé, que aprendeu a responder as provações da vida com humildade. Vamos refletir sobre a vida do profeta Habacuque.
Contexto histórico: Pouco se sabe sobre Habacuque exceto que foi um profeta que vivia no reino de Judá, “possivelmente no reinado de Josias ou de Jeoiaquim (por volta de 600 a.C.)” Se as datas estão corretas, ele deve ter sido contemporâneo dos Profetas Jeremias, Sofonias, Obadias e Ezequiel. O livro com apenas 3 capítulos está relacionado entre os chamados profetas menores (conteúdo). O livro começa com um lamento perguntando “por que” e “quanto tempo”, mas termina com a certeza num cântico de fé. O triunfo da  na vida de Habacuque mostra que a nossa maior luta não vêm em nosso relacionamento com outras pessoas ou por causa das circunstâncias que nos cercam, mas de nosso relacionamento com Deus.
1. Uma oração de questionamento: Até quando, Senhor? (1:1-4):
Habacuque começa seu livro com uma série de perguntas (Hc 1:2-3). A angústia do profeta era de longa data, e finalmente eclodiu em duas denúncias. Primeiro, ele queria saber por que Deus parecia tão indiferente: Por que Deus não ouvia o seu clamor? Em segundo lugar, ele queria saber por que Deus parecia tão insensível: Por que Deus não o ajuda? É interessante observar que o verbo “clamar” significa simplesmente “pedir socorro”, mas a agonia era tamanha que, em seguida ele diz: “gritar-te-ei”, que no hebraico quer dizer “clamar com um coração perturbado”.   Habacuque viu a violência de Jerusalém e a injustiça de seus líderes, e não entendeu a tolerância do Senhor. A preocupação de Habacuque não era apenas que seu clamor não fosse ouvido, mas que a corrupção continuasse crescendo. O pecado havia se espalhado e Deus parecia indiferente. O profeta não conseguia entender o aparente silêncio de Deus perante a terrível situação em que o povo de Deus se encontrava. O profeta demonstra preocupação com a nação e toda gama de violência e injustiça que estava acontecendo.
Aplicação: Você se identifica com o profeta? Tem orado a Deus e parece que ele está indiferente ao seu clamor? Quando você vê as notícias, o sentimento que tem é de desilusão? Habacuque tinha muitas dúvidas, assim como você deve ter as suas, no entanto, o profeta levou suas dúvidas a Deus e não teve medo de se expor perante Ele.
2. Uma resposta inesperada, a dúvida sobre os métodos de Deus (1.5-11):
Deus respondeu a Habacuque e garantiu-lhe que, ainda que ele não pudesse ver, o Senhor estava operando em meio às nações. O profeta estava inquieto com o silêncio de Deus; mas ficou mais desesperado quando Deus começou a falar. O pecado do povo não iria durar para sempre. A justiça não estava morta nem ociosa. Mas a surpresa não era a disciplina, mas de onde ela viria.  O instrumento da ira divina seria o povo caldeu, ou seja, os babilônios, o qual Deus descreve como povo forte e cruel. Um povo que fazia suas próprias leis (não respeitava a autoridade de ninguém), destruindo seus inimigos e adorando seu próprio poder como se fosse um deus. O profeta ficou horrorizado ao ouvir que o Senhor iria empregar um instrumento tão mal para punir o seu povo.
a. Porque Deus usaria um povo de iniquidade? (1.12-13): Deus já havia usado outros instrumentos para disciplinar seu povo: guerras, calamidades naturais, a pregação dos profetas, mas eles não haviam dado ouvidos; os judeus afirmavam conhecer o Senhor e, ainda assim, estavam pecando contra a lei na qual diziam crer! O pecado na vida de um cristão é muito pior do que o pecado na vida de um incrédulo.
b. Por que Deus usaria um povo impiedoso e cruel? (1.14-15): Durante quarenta anos, o profeta Jeremias advertiu o povo de Judá e suplicou que voltassem para Deus, mas eles se recusaram a ouvir.
c.  Por que Deus usaria um povo idólatra? (1.16-17): O pecado jamais ficará impune. Os judeus acreditavam que Deus estaria com eles para defendê-los contra seus inimigos em quaisquer circunstâncias, mesmo estando em pecado. Na verdade, um dia, todos os filhos de Deus terão que enfrentar o julgamento divino. Além disso, não podemos esquecer que o juízo começa pela casa de Deus (1Pe 4.17). O pecado do povo de Deus é mais grave do que o pecado do ímpio.
Habacuque expressou sua profunda preocupação e questionou o plano de Deus, mas reconhece sua pureza e santidade. Habacuque reconhece que Deus na sua Soberania tem todo o direito de fazer o que deseja e aceita sua vontade expressando confiança no Senhor (Rm 9.15-24).
Aplicação: você tem dificuldade de entender os caminhos de Deus? Diante disso, o que você faz – confia e espera sabendo que a Sua vontade é “boa, perfeita e agradável”, ou reclama e murmura? Habacuque resolveu esperar pela resposta de Deus, colocando-se na torre de vigia. E em obediência ao Senhor proclama a mensagem para que todos tomem conhecimento (Hc 2.4). Um dia, no tempo determinado, Deus puniria a Babilônia por todo mal que causou, mas o justo deve continuar perseverando e confiando em Deus (Lc 21.19).
 3. Nas incertezas da vida, a fé é o que nos mantém de pé (2.1-5):
Habacuque havia corajosamente apresentado seus argumentos e agora ele espera como um vigia pela resposta de Deus. Deus revela a Habacuque o que haveria de acontecer e pede que o mesmo escreva a visão de maneira que todos possam ver. Deus é fiel! E tudo aquilo que Ele diz se cumpre. Na verdade, jamais devemos esquecer que ninguém pode frustrar os planos de Deus nem jamais frustrar os seus desígnios (2Pe 3.8-10). Habacuque recebeu a promessa de que a arrogância do perverso não duraria para sempre. Habacuque recebe três certezas maravilhosas de Deus:
a. A Graça de Deus (2.4) – O Justo viverá pela fé. O profeta Habacuque recebeu a certeza de que o justo vive pela fé e é salvo pela Graça do Altíssimo. Tudo é obra de Deus!  O profeta sabia que o povo de Judá teria pela frente tempos difíceis e que seu único recurso era confiar na Palavra de Deus e descansar em sua vontade. Ter fé não é crer apesar das evidências, mas sim obedecer apesar das circunstâncias, descansando na fidelidade de Deus.
b. A Glória de Deus (2.14) – No fim, o império que vai prevalecer não será a grande Babilônia. Na verdade, Habacuque pode compreender que o reino de Deus vai dominar o mundo. A glória que encherá a terra não é a dos homens poderosos, mas a do Deus todo-poderoso.
c.  A Soberania de Deus (2.20) – Os ídolos são surdos, impotentes e mortos. Eles não podem fazer nada. Mas Deus está entronizado no Seu santo templo, e toda a terra deve se curvar reverente diante da Sua face. Deus é o Senhor da história e nada foge do seu controle.
Aplicação: quando a vida não faz sentido o que você faz? Continua confiando em Deus e na sua providência, controle e direção ou passa a tomar suas próprias decisões?
Adorar a Deus e servi-Lo quando tudo vai bem é muito fácil. O difícil é adorar ao Senhor quando as circunstâncias não são favoráveis. A situação não havia mudado, Judá seria disciplinada pela Babilônia, mas o coração do profeta Habacuque mudou. Ele foi capaz de adorar a Deus mesmo em meio à crise. Isso só é possível quando tiramos os olhos dos problemas e os coloquemos na grandeza de nosso Deus e Suas promessas.
Habacuque recebe a promessa de que para os fiéis judeus, que perseverassem pela fé, o Senhor seria refúgio e fortaleza; mas para os perversos e arrogantes, um juiz implacável que no tempo certo, daria a estes o que eles merecem. O Senhor pronuncia 5 Ais contra a Babilônia pelos seguintes motivos:

· Ambição egoísta (Hc 2.6-8): os babilônios não mediam esforços para adquirir riquezas e expandir seu reinado;
·Ganância (Hc 2.9-11): a busca insaciável pelo poder deu a Babilônia uma falsa segurança. Eles não levaram em conta que ninguém pode construir muros tão altos que Deus não possa derrubar;
·Exploração do povo ((Hc 2.12-14): a grandeza da Babilônia foi construída com o sangue de vítimas inocentes;
·Embriaguez e violência (Hc 2.15-17): a luxúria e a imoralidade eram características da Babilônia.
·Idolatria (Hc 2.18-20): a Babilônia era conhecida pelos seus ídolos e se vangloriavam de seus deuses.
Por tudo isto, os babilônios receberiam o devido castigo. Isto aconteceu quando os Medos-Persas invadiram e destruíram a Babilônia.

4. Consolo do profeta – uma resposta de louvor a Deus (3.17-19):
O capítulo 3 é o ápice do livro de Habacuque. É o resultado de uma jornada que começou em um vale da aflição. O que fez com que o profeta saísse do vale de dor e alcançasse o alto do monte?
a. A Intercessão do Profeta (Hc 3.1-2): É interessante observar que diante da resposta de Deus no capítulo 2, o profeta Habacuque começou a orar ao Senhor ao invés de discutir, e sua oração logo se transformou em louvor e adoração a Deus. Essa é uma importante lição para todos aqueles que creem no Senhor. Ao ouvir a Palavra de Deus devemos dobrar os nossos joelhos. A Palavra de Deus cria em nós uma total dependência pelo Altíssimo. Na verdade, a voz de Deus deve nos levar as lágrimas (em reverência) e aos joelhos (em dependência).
b. A Visão do Profeta acerca da obra de Deus (Hc 3.3-15): Deus revela Sua grandeza na criação, nas Escrituras e na história, e se tivermos olhos para ver, podemos contemplar sua glória. O profeta em forma de cântico narra os poderosos feitos de Deus na história de Israel. Você consegue olhar para sua vida e ver a poderosa mão de Deus agindo em seu favor?
c.  A Confiança do Profeta em Deus (Hc 3.16-19): Se o profeta dependesse de seus sentimentos, jamais teria escrito essa magnífica confissão de fé. Mas, quando pela fé ele olhou para o alto, viu Deus, e todos os seus medos dissiparem. Ou seja, andar pela fé significa focar-se somente na grandeza e na glória de Deus. Habacuque declara que sua alegria era ultra circunstancial. Sua alegria não era determinada pela presença dos bens ou a ausência deles. Sua alegria estava no Altíssimo. Deus é a fonte inesgotável e infinita de toda alegria. Habacuque não podia se alegrar em suas circunstâncias, mas podia se alegrar em seu Deus! Por causa de sua fé no Senhor, o profeta Habacuque pôde ficar em pé e caminhar a passos firmes como uma corça. O motivo pelo qual Deus permite que passemos por provações: elas podem nos aproximar dEle e nos elevar acima das circunstâncias para que andemos nas alturas com o Senhor.
“Nossa alegria é proporcional a nossa confiança. Nossa confiança é proporcional ao nosso conhecimento de Deus”. (G. Campbell Morgan)
Conclusão
Então, a que conclusão você conseguiu chegar está noite. Diante das adversidades e problemas da vida qual será sua resposta. Do que você está mais consciente: da sua luta e sofrimento ou de um Deus que na sua graça e misericórdia lhe concedeu o maior bem que alguém poderia ter: a salvação de sua alma? Como você irá responder quando as circunstâncias parecerem contradizer o caráter e as promessas de Deus. Como você responderá quando a vida não fizer sentido? Irá reclamar, murmurar ou descansar e confiar?
O livro do profeta Habacuque nos ensina a encarar nossas dúvidas, angústias e conflitos com honestidade, e também, a levá-los humildemente ao Senhor, e a esperar que sua Palavra nos ensine e, então, adorá-lo a despeito do que estamos pensando, sentindo ou vendo. Jamais devemos esquecer que Deus nem sempre muda as circunstâncias, mas pode nos transformar para enfrentarmos as situações mais difíceis. Isso é viver pela fé.
Tu guardarás em perfeita paz todos que em ti confiam, aqueles cujos propósitos estão firmes em ti. Confiem sempre no Senhor, pois o Senhor Deus é a Rocha eterna.
Lembre-se: o justo viverá pela fé!

Referências para Estudo:
JUNIOR. Jocarli. Estudo expositivo no livro de Habacuque. Igreja Presbiteriana em Tabuazeiro. 2010
Biblia de Estudo Arqueológica NVI. São Paulo. Editora Vida. 2013.
Bíblia de Estudo Almeida RA. Barueri/SP. SBB, 1999.
HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo. Editora Vida, 2005.



segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Uma vida irrepreensível (Jó 1.1)

significado bíblico de irrepreensível é aquela pessoa que não comete falhas, em que não se acha em sua conduta algo que mereça repreensão, censura, e que lhe coloque em descrédito.
Nós, filhos de Deus, precisamos ter uma conduta irrepreensível porque Deus nos enviou a este mundo para glorificar o seu nome através de nosso exemplo de vida! (Mt 5.16) Jó era este homem que vivia de maneira íntegra e irrepreensível desviando-se de tudo que era injusto e mal. Jó era um homem reto no seu proceder e na sua forma de viver. Reto também é sinônimo de irrepreensível na Bíblia (Pv 2.7), significa basicamente uma pessoa que vive corretamente, desviando-se de fazer o mal aos outros e que não se deixa influenciar pela corrupção deste mundo (Tg 1.27). 
No mundo que vivemos, contaminado por causa da queda, é difícil encontrar pessoas que possuam está características. As influências malignas, despertadas pelo desejo da cobiça têm levados muitos a se desviarem do caminho da retidão e da justiça. É muito difícil encontrar homens e mulheres de Deus que sirvam de exemplo de vida. Quando pensamos encontrar alguém, de repente, vem à notícia de que está pessoa foi levada pela cobiça, pelo poder ou pelo sexo. Existem muitos que aparentam ter uma vida correta aos olhos das pessoas, mas que nos seu particular escondem uma vida de pecados. Alguém já lhe fez essa pergunta: quem é você quando ninguém está olhando? Se respondermos com sinceridade, ficaríamos envergonhados das coisas que fazemos e que ninguém está vendo. Ser um homem ou uma mulher de Deus tem muito mais a ver com o caráter particular do que com seu desempenho público. 
Ser irrepreensível, conforme foi exposto acima, é ser uma pessoa que se pareça com Jesus Cristo, que reflita a sua imagem, que dê bom testemunho diante dos outros e que represente a sua igreja que deve ser santa, pura e imaculada. É importante ressaltar que “irrepreensível” não significa perfeito, pois para isso seria necessário que tivéssemos nascido sem pecado. O foco está no tipo de caráter íntegro que se erra, admite; se peca, confessa; se deve algo, acerta as contas; se ofende, busca a restauração do relacionamento (Pv 28.13; 1Jo 1.8-9). 
Veja que Jó constantemente oferecia sacrifícios a Deus pedindo perdão pelos seus pecados e de sua família (Jó 1.5). A pessoa irrepreensível não deixa pendências para que o inimigo possa usar contra ele. Não existe “fio solto” na sua roupa, de maneira que o inimigo possa puxar e deixa-lo desnudo. 
Em 1 Tessalonicenses 3.13 vemos que devemos nos manter santos e irrepreensíveis, isto é, longe da sujeira do pecado, sempre corrigindo nossa conduta, nosso modo de falar e nossos pensamentos, para que estejamos agradando ao Senhor em tudo, e assim, sermos achados irrepreensíveis no dia de sua Vinda. Sabemos que ninguém é perfeito, mas se formos como Cristo, nosso Senhor, evitaremos erros em nossa conduta nesta vida.
Então, ainda que não seja possível sermos perfeitos, se aprendermos continuamente com a Palavra de Deus, e caminharmos sempre corrigindo a nossa própria conduta, estaremos mais próximos de possuirmos uma vida irrepreensível, como a do Senhor Jesus (Sl 119.9-11; 2Tm 3.16-17). Ter uma conduta irrepreensível, obviamente, não é nada fácil; mas conseguimos alcançar isso com mais naturalidade quando temos um coração sincero para com Deus, vivendo de forma que o agrade em tudo, assim como Jesus fez (Jo 5.30).
Referências para estudo:
MERKH, David J. Homem nota 10. São Paulo. Editora Hagnos, 2015. 
FILGUEIRAS, Gabriel. O que é irrepreensível na Bíblia. Disponível em https://bibliaensina.com.br. Acesso em 25/11/2019.
NEE, Watchman. O obreiro cristão normal. São José dos Campos. Editora Fiel, 1996.


segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Qual a vontade de Deus (para minha vida)? - Rm 12.2


A carta de Paulo aos Romanos no capítulo 12.2 nos diz que a vontade de Deus é “boa, perfeita e agradável”. Mas, a pergunta que ainda fica no coração das pessoas que procuram compreender os propósitos estabelecidos pelo Senhor é: como posso conhecer a vontade de Deus para minha vida? Analisando a pergunta, creio que há um equívoco na busca por esse conhecimento que se refere a “minha vida”. Este termo remete a ideia de um coração centrado em si mesmo. Acredito que a pergunta certa a se fazer é: como conhecer a vontade de Deus? Feita desta maneira, podemos perceber que aqui há um coração disposto a aceitar a vontade do Senhor, segundo o seu propósito estabelecido na eternidade e que Ele na sua soberania e vontade vai usar minha vida para cumpri-lo (Ec 3.1; Rm 9.17-24; 1Tm 1.12-17).
Nossa própria vontade neste caso é neutra. Isto não significa que você não terá nenhuma preferência, mas que você está disposto a ir por qualquer caminho que Deus dirija (veja Gn 12.1-3). Isto só é possível para alguém que está envolvido em comunhão diária com Deus, porque não podemos levar-nos a nós mesmos à rendição. Deus deve fazer isto por nós, ou seja, o Espírito Santo irá nos orientar primeiramente na Palavra, e mostrar por meio das circunstâncias e usando pessoas revelando o caminho que devemos seguir. Apesar do Espírito Santo as vezes dirigir através das impressões sobre o coração (veja Isaías 30:21), nunca deveríamos tomar uma decisão baseados exclusivamente em sentimentos. Pois, o coração é enganoso e pode nos levar a caminhos obscuros, segundo nosso próprio desejo e vontade (Jr 17.9).
Há uma importante premissa para compreender a vontade de Deus Para aquele que está realmente procurando conhecer a vontade de Deus, haverá uma busca diária para conhecer a Deus. O assunto da orientação ou direção não é uma rotina semelhante a uma escada de incêndio, que invoca a Deus somente quando há uma grande decisão a ser enfrentada. É buscando dia a dia conhecer a vontade de Deus, por meio da oração e do estudo da Sua Palavra, que somos levados a uma situação de começar a conhecer Sua vontade até mesmo em relação aos detalhes de nossa vida diária (Sl 25.4,14; Pv 16.1-3). A fim de conhecer a vontade de Deus em sua vida, você deve primeiro conhecer a Deus (Jo 10.27).
Ao buscar a vontade de Deus você não deve ter nenhuma vontade própria no dado assunto. Se sua própria vontade estiver no comando, não lhe será de nenhum proveito conhecer a vontade de Deus, porque você não estará disposto a aceitá-la. Isto não significa que você não tenha suas preferências em relação ao que você está buscando, mas que você está completamente rendido a vontade de Deus que não importa o que aconteça você irá segui-la. Veja, por exemplo, o contraste entre o que Jesus queria (sua preferência) e qual era o plano de Deus para ele (a vontade divina) – leia Lucas 22.42. A despeito de Sua própria preferência, Ele pôde dizer: "Eu desci do Céu não para fazer a Minha própria vontade; e, sim, a vontade dAquele que Me enviou." (Jo 6.38).
Conhecer a vontade de Deus começa com conhecer a Deus, e a partir daí desenvolver um relacionamento de intimidade com Ele na sua Palavra, onde o Espírito Santo irá nos orientar a sujeitarmo-nos a Deus e assim, cumprir com seus propósitos estabelecidos, sendo desta forma, instrumentos nas mãos do Senhor para a glória do seu Nome. Apesar das minhas preferências, irei me render a vontade Deus mesmo que ela me leve para a morte (Mc 8.31-35; At 9.15-16; 20.24)


sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A convicção do chamado – o desabafo de um pastor (2Timóteo 1.12)

Durante a semana, durante as minhas devocionais, estive refletindo sobre o chamado de Deus para o ministério, em particular o meu chamado. E, como disse, a princípio havia muitas dúvidas em meu coração sobre o fato de ter sido chamado por Deus, ou simplesmente, isto ser uma decisão minha. É difícil falar sobre isso, pois a convicção de ter sido escolhido por Deus para o ministério é algo que se dá no mais profundo do ser, ou seja, é muito subjetivo. É preciso compreender que a vocação pastoral possui algumas características particulares em relação a escolha de um trabalho:
“Primeiramente Deus é quem chama, quem desafia o ser humano ao cumprimento da sua vontade, dessa forma entende-se o “chamado” como aquilo que opera essa vontade na história. O outro elemento importante neste processo é o ser humano, que é tocado pela presença da divindade, fazendo-o entender a sua vontade e levando-o ao cumprimento de uma missão.” (Wagner Buteseke)  
Os pastores precisam ter a certeza do plano de Deus para suas vidas. Esse plano se revela através do chamado para o ministério. Essa convicção ultrapassa o âmbito da escolha profissional; não é uma escolha baseada em um teste vocacional, mas é o reconhecimento de uma missão dada por Deus. A convicção de que o pastor foi chamado por Deus, e que isto não é fruto apenas de sua própria vontade, baseada em sentimentos que muitas vezes pode deixa-lo na dúvida de que está não foi uma escolha sua, é o que o mantém no ministério apesar das muitas dificuldades (BUTESEKE).
Diante disto, tenho plena convicção de que Deus sempre esteve dirigindo minha vida. Como disse, anteriormente, ao olhar para minha história, vejo a mão do Senhor conduzindo cada processo, cada decisão (por mais confusa que possa ter parecido no momento para mim) para que chegasse até aqui. Como disse o apóstolo Paulo – “Mas pela graça de Deus sou o que sou, e sua graça para comigo não foi vã.”
Sou grato ao Senhor, pela sua escolha soberana, sei que nesta jornada tenho muito que aprender; como Jeremias disse: “Ah! Senhor Deus! Não sei falar; não passo de uma criança.” E Salomão quando assumiu o trono: “Portanto, dá ao teu servo um coração entendido para julgar... para prudentemente discernir entre o bem e o mal.”
Deus criou uma grande variedade de serviços e realizações, nas quais encaixam-se as mais diversas vocações. O importante é ter certeza de estar fazendo o que Deus determinou (BUTESEKE).
Na vida podemos fazer muitos planos, mas o que prevalece é a vontade de Deus. Sujeitar-se a esta vontade é o começo para não desistir do trabalho que Deus tem preparado para nós. Há muitas motivações no coração do homem, mas Deus conhece cada uma delas. Assim, preciso obedecer e confiar meus planos ao Senhor, pois meus planos são limitados aquilo que conheço e a experiência que tenho, porém, os planos do Senhor são eternos. Enquanto vejo apenas o esta na minha frente, Deus revela e mostra aquilo que ainda está por vir (veja Atos 9.15-16 e compare com Atos 20.22-24).
Desta forma, tenho plena convicção de que Deus me chamou para o ministério e as dúvidas são resultado da minha insegurança, o que me revela a minha fraqueza diante das circunstâncias e minha constante necessidade de viver na dependência do Senhor – “A minha Graça te basta”, e isso é mais do que suficiente.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

A insegurança diante do chamado – o desabafo de um pastor (At 9.1-19)

Certo dia perguntaram ao famoso pregador Charles Haddon Spurgeon qual era o maior desafio do ministério pastoral. Spurgeon fez uma longa pausa e então respondeu: ‘o maior desafio do pastor é ser pastor.’
Nesta manhã de terça feira, 12 de novembro de 2019, meus pensamentos me levaram a refletir sobre uma importante decisão a tomar. Desde a minha conversão no ano de 1996, aos 17 anos, quando Deus pela sua Graça e Misericórdia concedeu-me a compreensão de sua Palavra, compreendi que precisava mudar. A princípio, a minha vontade de aprender e conhecer é o que me levou a buscar saber ainda mais sobre a Bíblia. Sempre fui uma pessoa religiosa, sempre quis entender a ideia de que nada neste mundo é por acaso, e que a minha vida tem um propósito maior do que simplesmente viver. Descobri que fui criado por Deus para o propósito de glorificar o seu nome e que Ele quer usar a minha vida para cumprir com seus planos. Porém, ainda havia muitas dúvidas em meu coração. Sempre fui uma pessoa ponderada e conservadora, nunca fui de arriscar, sair do convencional. Mas, ao longo de minha trajetória de vida cristã, Deus foi mostrando que andar com Ele, é viver pela fé. E a fé é algo que muitas vezes não compreendemos, pois ela nos instiga a crer apesar das evidências e circunstâncias, principalmente a que nos são contrárias. Se não fosse assim, não seria fé. Durante minha busca pelo conhecimento de Deus, entendo que Ele revelou seu propósito para mim. No início foi difícil, pois em meu coração perguntava se era uma escolha minha ou se Deus estava direcionado a minha vida. Olhando para trás, percebo que Deus sempre esteve no controle dirigindo minha vida. “Não fostes vós que mês escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça.” (Jo 15.16) Os trabalhos, as pessoas, as igrejas, os pastores, tudo estava me levando para o caminho de que Deus me chamou para o ministério. Ainda pesa em meu coração, dúvidas, mas creio que elas são frutos da minha insegurança, por ser uma pessoa ponderada e conservadora, que tem medo de arriscar, de sair do convencional. Assim, refletindo nesta manhã sobre a vida de um homem, escolhido e chamado por Deus para ser o maior proclamador, teólogo, pastor e missionário, penso que não há mais o que ficar se questionando. Estou falando do apóstolo Paulo, antes conhecido como Saulo, perseguidor da igreja, que no seu zelo e conhecimento, ainda que cego espiritualmente, achava que estava cumprindo uma ordem de Deus. Porém, diante da revelação que lhe foi dada, ele então, foi buscar o entendimento do que Deus tinha pra sua vida. Para mim, os desafios continuam, tenho plena certeza do que Deus quer da minha vida, só preciso exercitar a minha fé, como até agora, Deus tem me levado a fazer. Só peço ao Senhor que me ajude a descansar nos seus braços, pois sei que “ainda que eu ande pelo vale da sombra e da morte, o Senhor vai estar comigo”.  Sendo que ele não me deixou sozinho nesta caminhada, há família, pessoas, amigos, pastores e uma fiel esposa que Ele colocou ao meu lado para me auxiliar no trabalho que me tem dado.
Sou grato ao Senhor, pois sei que não mereço tanto amor. Minha gratidão a todos que tem me apoiado e ajudado nas horas de necessidades, sei que Deus “não se esquecerá da vossa obra, e do amor que para com seu nome mostrastes, pois servistes e ainda servis aos santos”.
O que me dá esperança é que “nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”.
Obrigado, e que o Senhor abençoe a todos!  

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Cristãos em uma Sociedade de Consumo


O consumismo que leva você às compras é uma forma de autoafirmação. As coisas que escolho comprar expressam quem eu sou, ou a imagem que quero mostrar aos outros. Precisamos estar conscientes de que este é o mundo em que vivemos. Enquanto buscamos a liberdade, enquanto estamos engajados neste conflito entre a natureza pecaminosa e o Espírito, precisamos nos conscientizar de que estamos envolvidos neste marasmo geral do consumismo que nos levará a um caminho sem volta. Não é triste ver que até o cristianismo chega a nós em uma embalagem de consumo? Até a religião nos é vendida. Tudo está disposto como as mercadorias em um grande shopping center. Tudo parece tão centrado no lado comercial que podemos imaginar o que Deus realmente pensa de tudo isso. As pessoas têm transformado o templo de Deus em um mercado em vez de uma casa de oração?
“Então Jesus entrou no templo e começou a expulsar os que ali vendiam, dizendo: “As Escrituras declaram: ‘Meu templo será casa de oração’, mas vocês o transformaram num esconderijo de ladrões!”. (Lucas 19:45,46)
A mentalidade consumista não somente deturpou a nossa fé pessoal, como também enfraqueceu a importância das igrejas como local de adoração e comunhão com Deus e com as pessoas. Fazer parte de uma igreja requer compromisso. Ser um verdadeiro discípulo de Jesus tem um custo. É necessário que se faça um cálculo correto. É preciso refletir à luz da eternidade. É necessário o abandono dos prazeres do pecado. Haverá oposição de todos os tipos quando a proposta é ser um discípulo de Jesus. Há um custo. Contudo, lembre-se de que há um céu a ser conquistado e um inferno a ser evitado. É necessário que se pense bem na questão de se tornar um cristão. Não há recriminações por parte de Cristo quando há uma hesitação justa. Ele quer que façamos uma reflexão acertada e, à luz da eternidade, um compromisso sério. Feito este compromisso, ele quer que sejamos verdadeiros pelo resto da vida.
Disse ele à multidão: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome diariamente sua cruz e siga-me. Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas, se abrir mão de sua vida por minha causa, a salvará.” (Lucas 9:23,24)
Que cada um de nós esteja comprometido com Cristo na prática, nos trabalhos de sua igreja, na
perseverança para alcançar o Reino de Deus, na divulgação do evangelho e na busca em servir uns aos outros em Cristo. Vivemos na era do consumismo. Há uma preocupação constante em conseguir padrões de vida cada vez mais altos. Estamos expostos a uma vasta e sofisticada indústria de propaganda que contínua e deliberadamente busca estimular o descontentamento.
Fomos chamados por Deus. Ele pede que "abandonemos" a sociedade de consumo que tende a dominar as nações e até a igreja. É por meio de Cristo que podemos fazer com que a sociedade desperte e perceba isso. Deus nos desafia para que sejamos visivelmente diferentes. Ele desafia esta geração de cristãos a ser transformada. Ele nos desafia a abandonar a falsa segurança do estilo de vida marcado pela ganância. A igreja de Cristo precisa se libertar dos grilhões do consumismo e, assim, ser capaz de glorificar a Deus aos olhos de um mundo atônito nos anos que estão por vir.
Extraído e adaptado